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American Horror Story – 6×10 Chapter 10 (Season Finale)

Por: em 18 de novembro de 2016

American Horror Story – 6×10 Chapter 10 (Season Finale)

Por: em

Não é fácil uma série manter uma boa audiência durante seis anos seguidos. Por ser uma série antológica, American Horror Story acaba encontrando ainda mais dificuldades. Por ser uma história por temporada, não é obrigatório ao público ver todas sequencialmente, cabendo a eles decidirem qual história chama mais atenção. Nesse sexto ano, fomos apresentados a uma lenda já desgastada na mídia. Foram incontáveis filmes e séries que a trabalharam ou, em alguns casos, a mencionaram. Ao escolher o tema, Ryan Murphy precisou encontrar uma forma de reinventar a história. Ainda, após algumas temporadas não tão satisfatórias, ele precisava também reinventar sua própria criação. E, ao analisarmos Roanoke, é impossível negar que ele conseguiu trazer a série ao topo novamente. Apresento a vocês a última review de American Horror Story: Roanoke.

Cuba Gooding Jr. - American Horror Story

Ao iniciarmos a temporada, nos deparamos com uma nova forma de roteiro, algo incomum na obra que há tantos anos acompanhávamos. Não somente conseguimos ver a história, como também conseguimos participar dela. A proposta desse sexto ano não foi apenas nos mostrar uma lenda, mas sim como ela pode se encaixar em nossas vidas. E, para isso, a história foi divida em três partes, algo essencial para melhor entendimento. Na primeira parte, começamos a ver o documentário “My Roanoke Nightmare” (Meu Pesadelo Roanoke), onde foi contada a história de Shelby, Matt e Lee. Nessa história, conseguimos entender a proposta de horror que a série queria nos apresentar. Foram cinco episódio eletrizantes, sem nunca parar para descansar. O roteiro não gastou tempo com coisas complexas ou inúteis, apenas com o necessário para que ele caminhasse.

Na segundo parte, acabamos sofrendo um choque de realidade. Seguindo o mesmo formato, dessa vez nos deparamos com a vida por trás de um documentário. Alguém já se perguntou o que acontecia com as pessoas que participavam de coisas do gênero? Alguém já se perguntou o que acontecia com aqueles que, em um momento de coragem, acabavam compartilhando sua história com o mundo? A segunda parte não apenas foi responsável por nos mostrar isso, mas também nos mostrou um dos piores lados da humanidade. Até onde as pessoas são capazes de irem pela fama? Essa foi uma pergunta já debatida em reviews passadas, mas que acaba se encaixando perfeitamente nesse momento. Acabamos conhecendo os atores de verdade, onde algumas críticas foram feitas. A inesquecível Agnes, interpretada pela maravilhosa Kathy Bates, acabou sendo vítima de sua incansável busca por atenção. Ela quis ir tão fundo em sua interpretação, que acabou tomando a personalidade de seu próprio personagem, perdendo completamente sua verdadeira essência. Isso foi chamado de transtorno esquizoafetivo, algo que segundo o CID-10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde) é uma doença que causa paranóia, disfunção social e ocupacional, alucinações e outros problemas. E, mesmo não parecendo, isso não é tão incomum na vida real. Muitas vezes, tanto atores quanto atrizes, acabam fazendo de tudo para encenar bem e conseguir a fama. Mas, vendo tudo isso, será que vale a pena perder a si mesmo para ganhar os outros?

Seguindo com a maré de críticas, Evan Peters nos apresentou Rory que, por sua vez, interpretava Edward Mott. Rory foi o típico ator prepotente, sempre colocando a fama acima das pessoas, algo não tão incomum nos dias atuais. Já Edward, mesmo com uma pequena aparição, já foi responsável por nos mostrar três realidades. Na primeira, vimos um rico menosprezando seus servos. Muitas vezes, pessoas com uma maior condição social parece sentir prazer em humilhar as mais carentes. Que atire a primeira pedra quem nunca presenciou algo do gênero. E, na maioria das vezes, acabamos nos calando perante ações como essa. Já na segunda realidade, vimos como uma relação homossexual é vista pela sociedade. Nas cenas, era possível ver como todos sentiam repugnância ao ver a troca de afetos entre o casal. Mas, será que é tão diferente do que vemos agora? E, na terceira, vemos um homem que largou a própria família para ficar com outra pessoa. Todos nós conhecemos gente que, para esconder seus verdadeiros desejos, se mostram como outra pessoa e, no final, acabam decepcionando todos a sua volta. Edward largou sua família para viver com quem realmente amava, acabando por decepcionar aqueles que um dia confiaram nele. É importante ver como esses assuntos se encaixam em nossa realidade. Será que estamos tratando as pessoas como iguais? Será que estamos nos preocupando mais com a felicidade alheia do que com a nossa? Será que estamos sendo outra pessoa para escapar do julgamento de outros?

Claro, cada ator representava um problema humano, mas apenas na terceira parte conseguimos ver uma realidade absolutamente idêntica a nossa. Inicialmente, tivemos contato com adolescentes em busca de curtidas e popularidade. Todos os dias vemos pessoas correndo perigo ou se expondo ao ridículo para serem notadas. Mas, no final, será que tudo isso vale a pena? Muitas vezes queremos atenção de certas pessoas, mas deixamos passar aqueles que sempre estiveram conosco. Depois, vimos a história de Lee ganhar destaque mundial. É impressionante o fato de que notícias ruins são bem mais propagadas que notícias boas. Sempre vemos livros, filmes e documentários baseados em assassinatos ou desastres. As pessoas dizem buscar a felicidade, mas se enchem com o oposto. Não que gostar de coisas do gênero seja errado, mas seria interessante se casos de bondade também ganhassem nosso interesse. A vida precisa de equilíbrio.

James Morosini e Joe Spellman - American Horror Story

Seguindo a história, chegamos ao tão esperado julgamento de Lee. Foi possível sentir uma verdadeira emoção, principalmente com o retorno de Lana Winters, que se tornou a terceira personagem interpretada por Sarah Paulson nesse sexto ano. Lee confessou o crime na Fazenda dos Polks, mas não conseguiu confessar ao mundo. Ela só conseguia contar a verdade para a única pessoa a qual ela amava de verdade. É importante ainda analisar a falha do sistema judiciário. Nós sabíamos a verdade, mas conforme dito, era impossível julgá-la culpada baseada em uma história sobrenatural. E, mesmo sendo uma ótima personagem, é importante lembrar que Lee não é inocente. Ela matou o próprio marido para ficar com a filha, mostrando uma atitude desesperadora. Claro, ele também não foi um grande exemplo. Mas, apesar disso, matá-lo ainda não é justificável. O final de Lee, apesar de triste, acabou sendo sua justiça. Agora, ela ficará presa com aquele que ela matou para sempre.

Claro, apesar de fechar a temporada de forma excelente, é impossível não notar pequenos deslizes no roteiro. Em primeiro lugar, quem colocou fogo em Mason e o prendeu no alto? É humanamente impossível Lee tê-lo feito sozinho, mas esse fato acabou sendo completamente ignorado. Em segundo lugar, por que apenas alguns mortos retornaram? É sabido que trazer todos os mortos iria atrasar a história, mas isso não poderia ter sido deixado de lado. Será que todos viraram fantasmas? Em terceiro lugar, o que houve com os garotos pegos pela polícia? Apesar de não fazerem parte da trama principal, seria interessante saber como eles seriam realocados na sociedade e o que eles se lembravam da fazenda. Em quarto lugar, por que os Chen se tornaram aquelas criaturas? Analisando suas pequenas aparições ainda vivos, nada justifica eles não serem fantasmas comuns. Em quinto lugar, quem editou os vídeos? No primeiro, a polícia já havia chegado ao local e visto que as mortes eram verdadeiras. O mesmo aconteceu com o terceiro. Será mesmo que as autoridades deixariam esse tipo de material ser editado e exibido ao público?

Apesar desses detalhes, é nítido que a série conseguiu se renovar. As atuações, em sua maioria, foram ótimas. O roteiro não perdeu tempo com coisas desnecessárias e seguiu em um ótimo ritmo. Claro, algumas mortes ainda parecem ter sido colocadas apenas para chocar o público, mas isso não é algo inédito na série. A filmagem, apesar de cansativa em alguns momentos, foi algo muito bem feito e aceito pelo público em geral. A mitologia usada na série foi bem trabalhada do começo ao fim. Esse finale, apesar de não ser tão emocionante como outros, acabou nos passando uma sensação diferente. A vida não é um filme com começo, meio e fim. Nós chegamos na metade, crescemos e saímos antes do final. É importante notar que a série fez questão em não dar um fim definitivo para a história. Querendo ou não, nós nunca saberemos o fim de algumas coisas.

Sarah Paulson e Adina Porter - American Horror Story

No geral, American Horror Story conseguiu nos apresentar uma ótima temporada. É bom ver que a série conseguiu aprender com suas próprias falhas. Mesmo longe de ser perfeita, essa já pode ser chamada como a sucessora de Asylum. Ainda, foi ótimo poder acompanhar essa história com todos vocês. Espero que tenham gostado das reviews, pois sentirei saudades. Sem mais, até o próximo ano.

Observações:

Chateado que não teve abertura.

Poderiam chamar os Ghostfacers, seguido de um crossover com Supernatural

…Mas, ainda assim, aconteceu um crossover com RuPaul’s Drag Race, então está tudo bem.

Produção esquece Lady Gaga em churrasco.

Adina Porter, sem dúvidas, foi a melhor atriz nesse sexto ano.

-Obrigado por colocarem o James Morosini em cena. Sério.

Confesso que meu maior medo nesse episódio era a Lana Winters morrer. Feliz que não aconteceu.

Confesso que meu segundo maior medo nesse episódio era o Homem-Porco aparecer. Triste que aconteceu.

Teorias para o próximo tema? Alguém?

 


E você? O que achou desse episódio? Não se esqueça de deixar sua opinião e continuar acompanhando as reviews aqui, no Apaixonados por Séries.


Lucas de Siqueira

Apaixonado por Tom Holland, séries históricas, documentários sombrios e guerras. 19 anos de pura imersão em diferentes universos através da leitura e pronto para criar outros através da escrita.

Santa Branca/SP

Série Favorita: Game of Thrones

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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