Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

American Idol – 15×01-06 Best Of Auditions

Por: em 27 de janeiro de 2016

American Idol – 15×01-06 Best Of Auditions

Por: em

A 15ª temporada de American Idol tem uma missão: salvar o Idol do ostracismo. Com uma sequência de temporadas medianas com pouco engajamento do público, o reality que já foi o maior do mundo ficou numa espécie de limbo, onde o público tratava o programa como um animal de estimação: não vamos abandonar porque é parte da família. Então, a Fox decidiu dar uma última chance para o programa em 2015, e não “cancelar” a competição, de modo que a produção fizesse uma temporada para coroar o Idol e firmá-lo na cultura pop do país e do mundo.  Material para isso não falta. O programa foi o mais assistido nos Estados Unidos por 10 temporadas, e foi responsável por dar oportunidade a artistas que fizeram história. Como pensar o cenário musical americano – e mundial – sem Kelly Clarkson, Carrie Underwood, Adam Lambert (sempre lembrar que: 2º colocado) e a vencedora do Oscar Jennifer Hudson (que, sempre fico no chão em lembrar disso, ficou em 7 lugar??????)? Isso sem falar nos finalistas que, ainda que não conseguiram sustentar uma carreira explosiva e repleta de hits, tiveram um ou dois trabalhos consistentes e recebem constante aclamação da crítica.

Dito isso, temporada final do que já foi o maior reality musical do mundo começou morna. Seguindo a tendência das últimas 3 temporadas , as audições não trouxeram nada de muito interessante e não houve quase nenhum candidato que se destacou de fato. A vantagem dessa temporada em relação às outras é a questão da nostalgia que só uma história rica como a do Idol pode proporcionar. A produção usou esse elemento com moderação, colocando os ex-Idols que deram certo como uma espécie de role model para os candidatos, com suas histórias de sucesso complementando os VTs. A melhor sacada – sim, melhor que aqueles totens – foi trazer os antigos candidatos (os que não tão muito ativos agora, diga-se de passagem) para serem jurados nas audições prévias. Para mim, funcionou com aquela ideia de tornar todo mundo parte de uma família, o que pode não ser verdade, mas é bonito na telinha.

Clay Aiken fugiu um pouco da ideia de família que a edição quis colocar, e com certa razão, comentou a pobreza de conteúdo na bancada. Ainda que, depois de três anos juntos, JLo, Keith e Harry já encontraram uma harmonia e estejam cada vez mais confortáveis – conforto favorecido por uma edição que os desenha como amigos e parceiros profissionais -, a bancada atual não chega nem perto do trio Randy-Paula-Simon, uma das melhores coisas que já aconteceu na TV, by the way. Jennifer, muitas vezes, soa preguiçosa e Keith é pouco expressivo, enquanto Harry, que é o mais proeminente, pelo menos nessa fase das audições, lidera, de algum modo, uma bancada pouco interessante.

Não coerente com a proposta glamourizada de uma última temporada foi o rol de candidatos que deu as caras nas audições. Meu instinto diz que essa temporada não vai levar a América a conhecer sua nova Kelly Clarkson, como Harry insiste em dizer. Poucas audições realmente dignas de nota, e uma repetição infindável de arquétipos exaustivos: o morador da fazenda, a musicista em dificuldade, o pai de família alt-rock… foi um mergulho de cabeça nos típicos perfis dos “queridinhos da América”, ainda que seja muito pouco provável que a América decida patrocinar a carreira de quem quer que seja nessa altura do campeonato.

Mesmo assim, tentei fazer a seleção das audições que, no meio desse mar de mesmice, se destacaram por um motivo ou outro e que vejo com mais potencial de seguir na competição por bastante tempo. Shall we?

Lee JeanI See Fire

Ed Sheeran está começando a entrar no limbo dos artistas overdone nos realities. Por isso uma audição como a de Lee Jean é um sopro de ar novo na nossa cara: uma música que tinha tudo para deixa-lo na zona de conforto, e o carinha deu uma nova cara para a música só com a voz, ainda que com melismas um tanto exagerados e levemente desconfortáveis. E ele ainda tem o bônus de uma história muito interessante com o falecimento do irmão. Parece ser aqueles acts medianos que se ferram na Hollywood Week, mas vamos ver.

Joshua WickerStay

Eita que já chegamos com Joshua Wicker e um monte de estereótipos com ele: o famigerado White Guy With a Guitar, pai de família wannabe, e a lata do Ryan Gosling. Tudo isso com uma voz aveludada e uma performance bastante interessante. Se não fizer besteira, não tem porque não ir longe na competição.

Shelbie ZLast Name

Se você ficou com a sensação de que já viu esta gordelicinha em algum lugar, pode ser que você esteja certo: Shelbie Z foi do #TeamBlake na 5ª temporada do The Voice e ficou meio que sobrando na temporada, graças a uma tentativa do técnico de mostrar que conseguiria vencer o programa sem ser com um artista country (#MissionNOTAccomplished). Com uma voz bastante melodiosa, interessante para o country mais tradicional, ela pode ter um lugar no coração do público mais conservador do Idol – sem contar que tem uma presença estonteante.

La’Porsha RenaeCreep

La’Porsha é a típica perfeita black diva, mesmo título que Jennifer Hudson e Candice Glover já tiveram a honra de carregar. Essa voz poderosa, coroada com umas glory notes que só Beyoncé sabe de onde vem, é um combo muito interessante para o resto da competição. E de todo modo, a audição já valeu muito só por ver Jennifer Lopez desconfortável com uma bebê no colo.

Daniel FarmerUntitled

Em tempos que temos The Weeknd dominando as paradas com seus hinos R&B mesclado com pop, Daniel Farmer chegar com um hino underrated do D’Angelo pode ser um (bom) sinal. Vocais seguros, um alcance bom – que falsete foi aquele? – e uma performance bastante tranquila, sem forçar a barra – e ainda é fã de Jennifer Lopez. Daniel me parece com potencial para garantir uma passagem para além da Hollywood Week.

Melanie TierceRise Up

Melanie fez uma típica audição queridinha do Idol. Chega quietinha, sem buzz, sem história de vida bônus, e entrega vocais de – literalmente – fazer levantar da cadeira. Muito potencial por aí, e muita chance de ser massacrada em Hollywood também. Mas seria uma pena.

Brandyn BurnettLost

American Idol - Brandyn Burnette

Não é possível. Harry Connick tá com síndrome de Carlinhos Brown e tá levantando da maldita cadeira por qualquer motivo. Pelo menos dessa vez serviu para garantir a primeira audição com 4 “sim” em muito tempo no Idol. Brandyn Burnett é um artista pronto: conhece cada segmento da voz e sabe exatamente o que quer. O Idol é só uma plataforma. Que ele pule o mais alto que puder.

Tristan McIntoshWhy Baby Why

Ok. Tristan tem definitivamente o melhor background da temporada. Não bastasse a audição ser bem mais que razoável, cheia de emoção e com vocais interessantíssimos, a mãe dela é militar e saiu lá do Oriente Médio para fazer a audiência chorar. É só repetir esse momento mais umas 3 vezes e TCHAN temos uma finalista.

Jenn BlosilRadioactive

Jenn Blosil tá aqui nessa lista por uma questão de originalidade. O rearranjo de Radioactive ficou realmente bom, e ela pôde imprimir a identidade dela na música, com vocais agradáveis e fluidos, me lembrando de longe uma Melanie Martinez da vida. Ainda com a edição pintando ela de burrinha perdida, uma boa semana em Hollywood pode dar a garota uma boa passagem pela temporada.

Harrison CohenNo Time

O plot do galã conquistador já deu certo antes então é sempre possível pensar que pode dar certo de novo (ainda que o galã sempre fosse mais bonitinho do que o nosso candidato aqui). Então não podia deixar passar a composição pop de Harrison Cohen, o rapazinho que pode funcionar bem ao longo da competição com as escolhas certas de músicas. E esse olhar de maníaco… sei lá, sempre tem gente que gosta.

Thomas StringfellowGimme Love

Thomas Stringfellow é certo em tudo: o olhinho claro, o suspensório, o nome “de gênio”, o violão, a música do Ed Sheeran, a vozinha miada de quem acabou de aterrisar na vida adulta. Simplesmente não dá pra ignorar uma audição dessa, ainda que não tenha sido impecável, porque com o trabalho certo, Thomas é garantia nos pôsteres das paredes das adolescentes americanas – se elas ainda se derem ao trabalho de assistir American Idol.

Tywan “Tank” JacksonSuperstar

Tywan Jackson é uma daquelas figuras agradáveis que te fazem sorrir simplesmente por estar ali. A voz dele é daquelas que preenche cada espaço do ambiente e é o principal candidato a male diva da temporada. Tem uns problemas de afinação que precisam ser melhorados se quiser ir além do Top 24. Bônus: dança tão bem quanto a JLo.

Jordyn SimoneWho’s Lovin You

A edição montou Jordyn Simone como uma espécie de discipulinha de Tori Kelly, mas acho que ela é mais uma Candice Glover jovenzinha. Compete direto com LaPorsha pelo famigerado título da black diva, com LaPorsha um passinho na frente. Se ela se entregar mais para a música e pensar menos no que está pensando, essa diferença fica ainda menor.

Elvie ShaneThe House of The Rising Sun

Mais um pai de família, e com o bônus do passado com drogas. Ponto positivo: uma voz incrível, uma performance digna de nota. Fico bem impressionado com os candidatos que fazem uma performance vocal com muitos agudos, difícil até, com uma feição de tranquilidade, sem esforço. Principalmente porque isso fica LINDO nas finais ao vivo – vide Phillip Phillips e a eterna Home.

Miranda ‘Poh’ ScottFairytale

Concordei com Keith quando ele disse que Poh lembrava Rihanna de certo modo. De fato, aquela rouquidão despretensiosa, ainda que menos madura do que a da bad girl, ficou bem clara nesta performance. Precisa melhorar um pouquinho a confiança, mas tem uma star quality que pode levar ela mais longe na competição do que a irmã, Shi, que ficou no top 24 ano passado.

Mackenzie BourgStupid Boy/ Come By Me/ Love Don’t Cost a Thing/ Making Memories of Us

Mackenzie Bourg já é queridinho meu desde os idos da 3ª temporada de The Voice, quando Cee-Lo teve que escolher entre ele e Cody Belew, dois dos melhores artistas do time, e acabou ficando com Cody – o que rendeu a icônica performance de Crazy in Love que marcou minha memória televisiva para sempre. Mas não estamos em The Voice, estamos em American Idol, e estamos com Mackenzie dando a volta por cima e fazendo uma audição, no mínimo curiosa. A escolha pelas músicas dos jurados é um movimento arriscado? Com esse painel, não. Se bem feito, pode ser um daqueles momentos de abrir o sorriso no rosto, e foi. A voz dele não é nada espetacular, mas é bem afinada – bem treinada, eu diria – e essa carinha de anjo é um bom plus para o resto da competição.

Emily BrookeCareless

Retornante da 14ª temporada, Emily Brooke é a prova da famosa frase de que “um ano faz toda a diferença”. A principal mudança de Emily não foi na voz em si, mas na performance e nas escolhas. Ela está bem mais confortável e confiante, e parece mais consciente da própria voz e dos limites e alcances dela. Vantagens dos retornantes – que, no Idol, feliz ou infelizmente, não vão mais existir.

Jessica CabralBrand New Me

Olha o Brasil aí gente!!! Já que estrangeiros não podem competir no Idol, não tem nenhum motivo pra não ficar feliz quando a gente vê um descendente de brasileiros na TV. Jessica fez uma audição muito boa, principalmente porque não tentou mimetizar a Alicia Keys – o que parece ser uma tendência quando falamos dela – e porque foi simples, sem exagerar nos melismas e sem colocar coisa onde não precisava, aproveitando as nuances naturais da voz dela ao máximo. Cheers!!

Melany HuberTalking To The Moon

Melany está ali juntinho com Jenn na cota indie pop da temporada, com o bônus do background envolvendo o câncer. Como Keith disse, a voz de Melany soa como uma ótima contadora de histórias e consegue cativar muito fácil. Precisa melhorar um pouquinho a performance para sobreviver a Hollywood, mas tá no caminho certo.

Manny TorresThis Love

Manny Torres pegou o melhor pimp spot da história: a ultima audição ever do Idol. Acho que não foi a melhor audição da temporada como poderia ter sido, mas foi justa. Esse programa está realmente precisando de um tempero latino, e isso Manny pode providenciar. A versão dele de This Love foi bem performática e presente, uma audição bastante gostável e enérgica. Ele precisa de puxar o freio na língua um pouquinho, mas é coisa de personalidade mesmo, nisso só temos a edição para recorrer.

E é isso. Nunca mais teremos audições do American Idol para gongar na internet, o que me me deixa bem triste, principalmente porque as audições não fora tão espetaculares quanto eu pensei que seriam, principalmente com essa retomada de perfis previsíveis que pensei termos superado. E vamos continuar essa temporada, torcendo para uma virada para cima na qualidade e vivendo das doses clinicas de nostalgia Idol-ística que a edição nos presentear.


Golden Ticket 1: Fizemos uma review para todas as audições porque me juntei à equipe do Apaixonados quando as audições já estavam acontecendo, e resolvemos juntar as melhores apresentações em um único post.

Golden Ticket 2: O que foi ver Ryan Seacrest com aquelas luzes e aquele topete no auge de 2002? Lindezinha

Golden Ticket 3: A audição do Kanye West só serviu mesmo para a gente ver a Kim grávida do Saint vestida de botijão de gás de luto.

Golden Ticket 4: FOCA na tentativa desesperada de tirar Nick Fradiani do flop.

Golden Ticket 5: O tanto de audição com Unaware e Who’s Lovin You não foi brincadeira não.

Golden Ticket 6: Gente do céu, eu não lembrava nem pela misericórdia que Tori Kelly tinha audicionado pro Idol, muito menos que foi pra Hollywood. E agora ta aí concorrendo ao Grammy.

Golden Ticket 7: Não entendi nenhum dos motivos que os jurados deram para eliminar Mario Bonds, o rapaz cego. Com um background SENSACIONAL, uma voz gigantesca, o trio me vem com desculpinha esfarrapada???? Eu hein. Gente bem pior passou com três “sim”.

Golden Ticket 8: A família americana deve achar que no Brasil a gente só ouve Jorge Ben e Sérgio Mendes, porque TODA referência ao nosso país na TV é acompanhada de Mas, Que Nada!.

Golden Ticket 9: Da série “anúncios sem vergonhas e desnecessários que te fazem chorar”, aquele clipe de You’re The One That I Want para divulgar Grease Live!. Se eu tava chorando???? Eu????? Chorando????


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×