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Animal Kingdom – 1×07 Goddamn Animals

Por: em 29 de julho de 2016

Animal Kingdom – 1×07 Goddamn Animals

Por: em

“O que você quiser, cara. Você está no comando. Deixou isso bem claro. Mas desculpe, você não pode me fazer sentir algo que eu não sinto.” (Adrian)

Demorou sete episódios e, enfim, Animal Kingdom se livrou das amarras de uma mera adaptação televisiva de um filme e conseguiu imprimir ritmo próprio à trama, onde todos os plots funcionaram com maestria. Feito inédito na temporada, diga-se de passagem. Não por acaso, o episódio conseguiu a melhor nota da série no iMDB até então.

1. J e Alexa

A professora de J, Alexa, continua em conflito entre prosseguir com sua missão de obter informações sobre as atividades criminosas dos Cody e proteger J. A Detetive Yates vê em Alexa, e seu relacionamento com J, a melhor oportunidade para minar Smurf e suas crias. Acredito que esse seja um dos erros cruciais de como anda levando a investigação: ao apostar tudo em uma pessoa com tendência a desequilíbrios, ela pode colocar tudo a perder. Isso fica comprovado a partir do momento em que ela joga umas verdades na cara da Alexa, ao se sentir acuada, a professora não resiste e tem uma recaída em seu vício com drogas. Ela releva que após um acidente passou a fazer uso de oxicodona, um analgésico prescrito que pode levar a dependência. Tenho uma implicância com J e seu intérprete desde o piloto; não digo que ele melhorou após meia temporada, mas aqui seu olhar de peixe morto e sua falta de expressão casaram bem ao desenrolar da trama.

Ele ficou sem reação durante a investida sexual e desesperada de Alexa, assim como nas cenas em que a professora, em uma reação a droga ingerida, começou a vomitar em seu apartamento. Aqui cabe uma observação interessante, de como o J novamente se coloca em uma situação onde tem que fazer a função de babá de um viciado, assim como fazia com sua mãe, sendo que ele faz uma comparação com vicio de heroína da Julia. Será por familiaridade das situações que ele está ficando ao lado da Alexa? Divagações à parte, eles foram responsáveis pelo melhor cliffhanger da série. Foi surpreendente ela confessar que estava usando uma escuta; agora que a temporada se encaminha para sua reta final fica o suspense de como ele irá lidar com essa informação.

Nos minutos iniciais, o episódio abriu uma sequência belíssima entre Deran e Adrian surfando nas ondas californianas. Por trás da aparente felicidade entre os dois, se revela um Adrian resoluto em aceitar sua situação de passividade em um relacionamento que se trata mais de poder e posse. Ignorando a informação de que a saúde de Dave tinha se deteriorado, para Deran importa apenas é saber se o seu rival e Adrian continuam juntos ou não; mesmo com uma resposta negativa, ele passa a fazer planos de viagens juntos, tentando normatizar uma relação que sequer existe. É muito interessante acompanhar o desenvolvimento do Deran, sua relação com Adrian e sua aceitação. Agora que Craig deixa claro que está bem ciente de sua situação, e que não se importa com quem ele dorme, fica o questionamento se ele vai ter coragem de se expor para Smurf. Interessante observar que a primeira preocupação dele frente à confissão do Craig, é se todos sabem que ele está dormindo com outro homem. A sua fobia de que todos descubram ainda está muito enraizada. Mas na família, não apenas Craig e J já sabem de sua orientação sexual; Pope já deu a entender que também está ciente de sua relação com Adrian e não parece fazer grande caso disso. No fim das contas, é possível que o maior empecilho para a aceitação do Deran seja ele mesmo e seu preconceito.

2. Deran e Adrian

Forçado a acelerar, Baz e seu “grande” plano se desenrolou em um plot twist bem decepcionante, in my opinion. Ter como grande jogada aliciar o pai da Nicky me pareceu uma jogada, pra não dizer estúpida, totalmente arriscada. Paul já demonstrou sinais claros de desequilíbrios, conforme definição da própria filha. Ele tem uma família estruturada, esposa e filhos. Arrisco a dizer que em algum momento ele não irá conseguir aguentar a pressão e poderá colocar todo o plano a perder. Baz é (é? ou era?) meu personagem preferido na série, me decepciona ele vir com um plano tão pouco elaborado, dependendo totalmente do desempenho de um terceiro de fora que ele acabou de conhecer.

Mantenho uma aposta de que ele falhará em diversos níveis e poderá trazer consequências terríveis. Uma coisa é certa: a derrocada de Baz significa a ascensão de Pope. Esse, inclusive, ficou mais uma vez com seu parceiro de cela. O criminoso ainda insiste em cobrar uma dívida dos dias compartilhados na cadeia. As mentiras de Pope em relação ao seu (falso) casamento com Catherine e sua (falsa) filha chegaram aos ouvidos de Baz e a tensão, entre os dois irmãos de criação, está chegando ao limite. Foi bonito ver o Baz tirando a máscara do irmão-mais-velho-e-equilibrado e jogando na cara que de Pope, culpando-o pelo rumo que tomou a vida dos dois e Catherine, além da Julia, mãe de J, que tinha sido o grande amor de infância do Baz. Agora Pope fantasia a vida do irmão, quando ele foi o responsável por deixar o caminho livre para ele e Catherine. Isn’t it ironic, don’t you think?

Enquanto os irmãos davam uma festa na ausência de Smurf, a matriarca viajava em encontro para encarar o seu passado. No episódio anterior, em uma curta cena da piscina, um flashback mostrou um pouco da relação entre uma pequena Smurf (até então, apenas Jeanine) e o cara misterioso da foto. Ellen Barkin brilhou nesse episódio. Diversas vezes me angustiei por ela e me emocionei, ao final. Ficar face a face com o passado não é tarefa fácil. Smurf foi com uma missão, a cena do banheiro onde ela mostra a pistola deixa claro que ela não foi com boas intenções. Ela queria vingança pelo trauma que lhe foi infligido aos 12 anos. O seu plano de aproximação com o Isaiah, com a desculpa de ser uma colecionadora de carros antigos, foi executado com louvor. Ela o envolveu facilmente com sua lábia, conseguiu inclusive criar um vínculo de confiança para que ele fosse abrindo aos poucos e contando de sua vida, chamando atenção inclusive para a famosa foto exposta na parede.

Intercalando cenas de flashbacks e narração do Isaiah, foram revelados detalhes importantes do passado de Jeanine: Isaiah teve um caso com sua mãe, Miriam, mas era com ela com quem ele tinha uma ligação maior. Os três moravam em um carro, se drogando e perseguindo bandas; sobreviviam de pequenos furtos, para alimentar o vício. A relação se perdurou até um assalto a uma loja de conveniência mal planejado, que deu errado, e culminou em Isaiah abandonado Jeanine e a mãe, roubando o carro e sumindo no mundo. Contemplar a cena onde o Isaiah declara seu amor à então enteada e informando que foi o responsável pelo apelido que se tornou quase seu verdadeiro nome, Smurf, enquanto ela ouvia o relato dentro do carro que pertenceu a sua mãe, um chevelle 1963, e mal contento suas emoções, foi um deleite. Um dos momentos chave onde uma série tem poucos minutos para convencer toda uma audiência e isso foi executado com uma maestria, principalmente pela excelente atuação da Ellen Barkin. Mal se contendo, ela não consegue levar seu plano até o final e vai embora da loja, mas tenho convicção que o embate de verdade entre os dois está por vir. E eu mal posso esperar.

3. Smurf e pai do Craig

Ps1: Nesse episódio tivemos um vislumbre do pai do Craig, em uma curta cena com a Smurf, em que ela o procura para ele desligar as câmeras da loja de carros do Isaiah durante o fim de semana. Já foi nos informado que cada filho tem um pai diferente (exceto Pope e Julia, que são gêmeos); algo a mais que deve vir a ser explorado nas próximas temporadas.

Ps2: Quanto menos Nicky melhor, né non?

Ps3: Catherine, porque tão chata?

Ps4: A Smurf ganhou esse apelido do Isaiah por que adorava nadar na piscina até ficar com a pele azul. Como assim, minha gente? Haha.

Com um episódio sólido, revelador e coeso, Animal Kingdom acerta ao apostar em estruturar a narrativa nos conflitos interno da família Cody e acertos com o passado, que poderão influenciar diretamente no futuro do clã. Goddamn Animals abriu uma perspectiva interessante para os três episódios finais e prova que a série conseguiu encontrar seu ritmo. No aguardo do que essa reta final nos reserva.


Wander Alves

Série Favorita: The Good Wife

Não assiste de jeito nenhum: The Leftovers

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