A expectativa era tanta para o quinto episódio dessa temporada de Arrow, que ele acabou vazando antes na internet – o que deve ter deixado a CW bastante brava. Um episódio como esse poderia garantir números altos para a emissora, mas agora é chorar pelo leite derramado, porque todo mundo já viu. Eu ainda fiquei um pouco cabreiro de ver antes, mas acabei caindo na tentação e que episódio espetacular. Além de trazer a participação de John Constantine – de uma maneira tão tolerável, que fez sua série parecer até atrativa -, o desenvolvimento do arco de Sara Lance tomou contornos definitivos e trabalhou uma relação que há muito a série se recusava a lidar: Oliver e Laurel.
Quando o episódio começa, vemos a campanha de Oliver começar a ser desenvolvida e a chegada de um novo personagem, Alex, assessor de campanha (e potencial envolvimento amoroso para Thea), impõe que Laurel seja tirada de cena, para que parte do passado do Arqueiro também seja deixado de lado. Denota-se claramente aqui que o reaparecimento de Sara seria só o pontapé inicial para uma discussão sobre a posição da atual Canário naquele time e na vida de Oliver. Particularmente, acho que estava mais do que na hora. Oliver cometeu uma série de erros, tomou decisões egoístas com o tempo (claro que sempre tentando não ferir o bem comum) e pouco deixou espaço para que seus companheiros opinassem sobre ser certo ou errado.
Ao criticar a decisão de Laurel, Oliver se critica indiretamente. Seja quais forem as circunstâncias, ele também tomou medidas desesperadas para salvar sua irmã, mesmo quando todos ao seu lado pareciam acreditar que tinham encontrado um beco sem saída. Nesse ponto, Oliver e Laurel são extremamente parecidos – ambos fazem qualquer coisa por aqueles que amam, levando as últimas consequências, seja isso bom ou ruim. Quando o confronto acontece, vemos um dos melhores momentos dos dois. São tantas mágoas, tantas palavras não ditas. Vale lembrar que tudo isso começa por uma mentira de Oliver – quando chama Sara para um passeio de barca que acaba acarretando em tudo que vimos nos três últimos anos. E uma relação sustentada em mentiras tende sempre a ruir.
Foram alguns passos, dados vagarosamente, que mostraram que ainda há esperança para os dois. Na hora de recuperar a alma da irmã (sim, vamos falar de Constantine já), fora a Oliver quem Laurel confiou a missão. E o fim do episódio chega selando também esse momento dos dois: quando o Arqueiro assume seu passado, ele mostra todas as suas imperfeições perante a cidade; assume que mesmo no caos, a solução é se manter unido àquilo que o lembra de ser você – um dos momentos mais significativos do episódio foi quando a Canário fala que sempre se importou com a família Queen, enquanto Oliver pareceu pouco se importar com isso. A paz entre os dois também coloca Laurel entre uma das possíveis vítimas do tal túmulo que vimos na estreia da temporada. Eu acredito que seja ela? Não. O desenvolvimento da Canário mal começou e seria uma pena para a série perder uma personagem com tamanho potencial, mas claro que é possível.
A participação de John Constantine esteve ligada com a retomada da alma de Sara, o que já sabíamos há algum tempo. Claro que sua participação não foi só essa. Nosso demonologista – extremamente agradável nesses 40 minutos – esteve presente também no passado de Oliver, buscando por artefatos nada convencionais no subsolo de Lian Yu. Muitos apontam isso como uma participação forçada, mas acho mesmo que foi um belo artifício de roteiro para trazer um personagem tão ‘aleatório’ com o mínimo de coerência. Toda a cena da busca por Sara foi muito bacana e é bem louco imaginar os rumos que Arrow vem tomando com uma temporada tão mística e sobrenatural. Engraçado também notar o companheirismo entre Stephen Amell e Matt Ryan, que praticamente suplicam em cena pra mais uma chance para Constantine (quem sabe a CW não libera mais participações?).
Um dos momentos inesperados da semana foi a descoberta, ainda que parcial, de que o irmão de Diggle talvez não seja dos mais inocentes. Claro que isso muda completamente o sentimento do segurança com relação a toda a situação, mas não pode-se negar que perder um irmão é uma dor trágica demais para ser apagada, mesmo que com uma justificativa plausível. Essa trama deu brecha para uma interação inusitada entre Dig e Lance, algo que não vimos até aqui, e que os produtores disseram explorar mais nessa primeira metade do quarto ano. Lá na Palmer Tecnology também vimos as coisas mudarem um pouco de figura, principalmente depois da revelação que Ray está vivo e com problemas (tá, a gente já sabia, mas é sempre bom confirmar). Deus, só te peço que isso não signifique drama entre Oliver e Felicity, porque não somos obrigados a passar por isso.
Minha curiosidade anda bastante atiçada para dois pontos no momento: como que os flashbacks se relacionarão com a trama do presente, já que até agora não temos nenhuma conexão aparente; e como que Damien está se ligando com tudo que acontece, até mesmo John Constantine já ouviu o nome do vilão e aconselhou Oliver a deixar a cidade enquanto pode, mas até agora só tivemos ameaças e pouca ação. Acho válido ressaltar como Arrow e Flash estão sendo cuidadosos na construção dos personagens que formarão o time de Legends of Tomorrow, o que é muito bom para o público não achá-los rasos ou desinteressantes. Falei bastante, não? Como a review saiu mais cedo, a gente tá sem vídeo promocional, mas fica de olho que depois eu atualizo! Até semana que vem!
