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Arrow – 4×18 Eleven-Fifty-Nine

Por: em 7 de abril de 2016

Arrow – 4×18 Eleven-Fifty-Nine

Por: em

É, precisamos conversar sobre Arrow.

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Desde sua controversa terceira temporada, a série do Arqueiro Verde vem enfrentando uma chuva de críticas – algumas delas bastante cabíveis, outras não. E depois de 17 episódios desse quarto ano, uma sensação de decepção me acomete com um roteiro que eu confiava bastante. Apesar de já ter descoberto da morte há algum tempo (e aqui fica meu recado para as pessoas que estragam o entretenimento alheio com spoilers desse tipo: PAREM – seria uma experiência completamente diferente ver isso sem saber da fatalidade do final), não posso negar que fiquei bastante chocado com a maneira como acontece e suas implicações para a trama. Se tivesse parado por aí, mesmo que contrariado, eu teria que me render as explicações de Mark e sua turma – o problema é que não parou. O final de Laurel veio acompanhado de uma declaração que estragou completamente a personagem e a colocou na estaca zero, praticamente jogando fora todo o seu desenvolvimento até aqui.

Quando conhecemos a advogada, ela era uma mulher traumatizada pela perda da irmã, pela perda do namorado. Traída e humilhada pelo homem que amava, passou por cima e lhe ofereceu sua amizade. Perdeu sua irmã mais uma vez e então teve que aprender a ser heroína sozinha, porque todos a desacreditavam. Laurel, seja como ela mesma ou como Canário, era a representação mais forte do empoderamento feminino que podíamos ver na série. Uma personagem feminina que nasceu como par romântico do protagonista, mas que ganhou seu próprio espaço, fazendo do romance, passado, e da batalha, seu presente. E é por isso tudo que me entristece demais ver que o roteiro optou por reduzir toda essa história ao fatídico: “Eu não fui o grande amor da sua vida, mas você sempre será o meu Oliver”. Não, não e não. Isso tá errado e muito errado. Onde que a produção estava com a cabeça quando achou que esse seria o melhor final para a personagem? Proporcionar um reencontro efetivo entre ela e Oliver, lindo. Agora fazer dela uma corna mansa? Que decepção.

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Ao acabar o episódio, comecei a rodar a internet, ver o que estavam falando por aí. Depois de desviar de uma quantidade bem razoável de estrume e ler umas entrevistas da produção (e da própria Katie Cassidy – confira elas na íntegra aqui e aqui), acho que vale citar algumas coisas por aqui: primeiro, não acredito que essa morte venha com um propósito maior do que impactar a audiência com algo grande – a produção declarou que a história da personagem estava estagnada em um ponto em que seria difícil de tirar (o que nos parece um pouco de preguiça, né?), já os fãs apontam o momento como a derradeira tomada Olicity perante a série (o que também é uma grande bobeira, já que Laurel e Oliver nunca tiveram qualquer chance juntos – só se fosse um relacionamento bem disfuncional – e colocar o peso de uma decisão como essa em cima de Olicity é querer aliviar para produção); depois, ao ler a entrevista de Mark, uma teoria interessante me surgiu (que pode ser uma bela alucinação minha, mas porque não compartilhar?): o universo dos personagens permite uma série de coisas – viagens no tempo, ressurreição, universos alternativos – e já tivemos a confirmação que Katie aparecerá como Laurel da Terra-2 em Flash, certo? E também soubemos que esse seu eu alternativo não jogará no lado do bem, certo? Será que não existe a possibilidade de vermos a Canário como uma possível vilã para a quinta temporada?

Arrow nunca teve uma vilã, de fato, feminina e essa seria uma grande maneira de contrapor todo o curso observado nos quadrinhos para os personagens (a galera que curte HQ deve estar querendo rasgar revista do Arqueiro em praça pública depois desse episódio). É uma grande virada e eu sei que a atriz já declarou estar fora, mas a gente sabe que ninguém avisa twist com antecedência. Algo que me chamou muita atenção foi toda a sequência final da personagem, com alguns momentos bastante “estranhos”, se é que podemos chamar assim. Ao ver toda a equipe em sua frente, Katie Cassidy proporcionou um belo momento “final” para Laurel, ambas se despedindo dos colegas de trabalho. Logo depois, quando sozinha com Oliver, ela pede que ele pegue algo na sua carteira (o que? não sabemos, já que ele descobre a foto e ela pronuncia a fatídica frase). Quando vão compartilhar do último desejo dela, a cena corta e vemos tudo acontecendo pelo vidro do hospital. E depois, ela está morta. Se isso não soou estranho para vocês, para mim tem alguma coisa que a gente não ficou sabendo. Sei que isso pode ser só eu querendo me agarrar em esperanças tolas, mas tô aqui, esperando explicações.

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Enfim, Laurel está morta – morta pela flecha do homem que sempre amou (chega a ser irônico, não?). É uma pena, é lamentável a maneira que se deu, é quase um ultraje a trajetória dela, é apelativo, mas é isso. A série continua e com impactos drásticos depois desse grande momento. Queria destacar aqui todos os momentos da personagem com Oliver nesse episódio, que mais uma vez foram incríveis. Achei bem bacana a maneira como a reaproximação aconteceu de forma orgânica e plausível. A morte deve traz implicações também para a vida de Thea e Diggle, ambos tomados pelo sentimento de vingança, já que parte disso tudo acabou acontecendo por falhas de julgamento dos dois. A gente até desconfiava que Andie não prestava, mas depois desse episódio, meu ódio por ele está num grau, que eu quero ver ele sendo torturado lentamente por 40 minutos de episódio, para ver se me acalmo. Mesmo com os constantes lembretes de Oliver sobre não deixar que os laços familiares atrapalhasse seu julgamento, Diggle acabou acreditando na ideia tola de que Andie era uma pessoa regenerada. A lição fica e da maneira mais brutal possível. Já vimos o personagem lidando com o luto de muitas maneiras, mas agora, atrelado a culpa, tudo ficará ainda mais intensificado.

Já Malcolm, bem, ele nunca teve salvação. Ao se aliar com Damien, o que o personagem fez foi vender sua alma completamente para um cara disposto a matar qualquer um na sua frente. Agora que o vilão retoma seu posto como alguém capaz de poderes imbatíveis, fica ainda mais imprevisível como este arco irá chegar a uma conclusão no final da temporada. Cruel até as últimas circunstâncias, Damien provou ser um homem de palavra e tirou de Lance seu bem mais precioso (gente, que barra para esse pai que perde as filhas toda temporada). E agora, tomado por todos os meus sentimentos de raiva, eu endosso o coro de Felicity: temos que matar esse filho da puta. Chega. Chegou um ponto onde o Arqueiro precisa de medidas mais drásticas para evitar que fatalidades como essas aconteçam mais uma vez. Não queremos ver isso se repetindo, por favor.

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A verdade é que, qualquer personagem que fosse, seria uma morte dolorosa. Morte nunca é atraente ou legal. É o recurso usado para chocar, para mexer com a emoção da audiência, fazer com que fiquemos incomodados com aquilo que vemos. Só que nesse episódio, Arrow cometeu seu erro mais crasso até aqui. O saldo da saída de Laurel é de que os produtos de TV (cinema, literatura, sejam eles quais forem) ainda se baseiam em atitudes misóginas para resumir personagens femininas. Realmente, foi o fim de uma era – e talvez a gente nunca mais veja a série da mesma maneira.

Algumas flechadas necessárias:

  • Eu nem quero falar dos flashbacks hoje, porque estou irritado demais para isso e, mais uma vez, eles nos levaram do nada a lugar algum. Já sabemos que existe a relação com a trama de Damien, que o ídolo precisa de morte para ser alimentado e, por consequência, dar poder ao seu portador, mas e aí? O que mais?
  • Ruvé, sua otária. Te odeio tanto.
  • Gente, desculpem a review enorme, mas precisei desse espaço para me conformar um pouco mais com o episódio que acabei de ver.

Entramos em hiato (acho que para digerir tudo isso) e voltamos no dia 27 de abril com inéditos. Confira o vídeo promocional de Canary Cry:

Agora o espaço é todo seu e, depois desse episódio, eu sei que você tem muito a falar!


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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