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Avatar: A Lenda de Aang

Por: em 22 de agosto de 2015

Avatar: A Lenda de Aang

Por: em

Água, Terra, Fogo, Ar. Imagine ser possível controlar algum desses 4 elementos. Agora, imagine ter a capacidade de dominar todos eles. Isso faria de você um Avatar, e é esse um dos pontos chaves de Avatar: A Lenda de Aang (No original, Avatar: The Last Airbender), série animada da Nickelodeon exibida entre 2005 e 2008, que contou com 61 episódios (todos disponíveis na Netflix), divididos em 3 temporadas (chamadas de “livros”: Livro da Água, Livro da Terra, Livro do Fogo), além de uma continuação intitulada Avatar: A Lenda de Korra. 

Avatar - nações

O programa conta a história de um mundo dividido em 4 nações (cada uma representada pela habilidade de um elemento) e que vive em guerra desde que a Nação do Fogo se autoproclamou soberana e começou a exercer seu domínio sobre as demais. A única pessoa capaz de restaurar o equilíbrio e derrotar o Senhor do Fogo, o Avatar (alguém capaz de controlar os 4 elementos e que nasce a cada geração em uma nação), está desaparecido há 100 anos, desde que Ozai (o Senhor do Fogo) atacou e destruiu os templos dos mestres do ar (onde o Avatar dessa geração nasceu). No começo da série, Katara e Sokka, dois membros da Tribo da Água do Sul (ela uma dominadora de água), encontram o Avatar Aang congelado. E a partir daí, toda a trama tem início.

A principal qualidade de Avatar está no seu roteiro. Por se tratar de uma série de um canal infantil, ele sempre acaba trazendo um humor mais forte e uma trama mastigada, mas sem em momento nenhum deixar de desenvolver uma história intricada com ótimas metáforas e ensinamentos sobre política, amizade e autoconhecimento. A animação possui uma mitologia forte e cheia de camadas que não é revelada de cara; assim como Aang precisa descobrir aos poucos o que significa controlar os elementos, quais as variações disso, o que quer dizer ser o Avatar, qual a responsabilidade que o título carrega e como o mundo chegou a esse atual estado de guerra, nós também vamos montando o quebra-cabeça de maneira gradual – e ganhando fillers divertidos no meio disso.

A evolução da história também é perceptível. Durante a 1ª temporada (Livro da Água), as coisas avançam pouco, tanto em questão de rumo quanto de desenvolvimento dos personagens. Porém, já na 2ª temporada (Livro da Terra), a série começa a assumir uma aura mais madura. Conhecemos o backstory de alguns personagens, assistimos a evolução de outros e começamos a entender melhor as motivações e as atitudes de muitos deles, além da entrada de uma das personagens mais divertidas: Toph, uma dominadora de terra que garante alguns dos melhores momentos da série.

time avatar

É exatamente neste ponto que Avatar cresce quando mostra que, mesmo sendo um programa voltado ao público infantil, não é maniqueísta. Sim, desde o começo nós ouvimos que Aang precisa derrotar o Senhor do Fogo Ozai para restaurar a paz e somos jogados na clássica história de bem x mal, mas aos poucos o programa desmistifica a ideia, que ele mesmo colocou, de que o fogo é um elemento ruim e que a Nação do Fogo é a grande vilã. De fato, os principais antagonistas da história estão lá, mas alguns dos personagens de maior coração também – além daquele que é, ao lado de Aang, o personagem mais complexo e bem desenvolvido da história: Príncipe Zuko, filho do Senhor do Fogo.

Os personagens, inclusive, são um dos pontos mais fortes da série. Todos possuem sua história, suas motivações e a grande maioria, em algum momento, mostra que as coisas não são preto no branco. Mocinhos e vilões acertam e erram e tem atitudes boas e moralmente questionáveis. E todas as ações são sustentadas ou pelo seu passado ou pelo seu objetivo presente – elas fazem sentido, isoladas ou dentro de um plano geral. Não é só Aang que cresce durante sua jornada como Avatar. Katara, Sokka, Zuko, Toph… Todos crescem também a medida que os episódios avançam.

Appa

O humor também é muito forte na série, seja no próprio Aang (que antes de ser o Avatar, é um menino de 12 anos que quer se divertir com seus amigos), nos seus fiéis escudeiros Appa e Momo (respectivamente, o Bisão e o Lêmure Voador) e no amigo Sokka, que sempre tem uma piada pronta (e sem graça, na maioria das vezes) pra qualquer situação. O romance aparece de maneira discreta e está longe de ser um elemento chave, mas quando inserido, é bem desenvolvido e consegue, ao mesmo tempo, fazer rir e emocionar, mérito do sempre ótimo texto, que ainda coloca aqui e ali ensinamentos e frases filosóficas, que funcionam e fazem pensar (já podem lançar um livro dos ensinamentos do Tio Iroh, se possível).

As retas finais de cada Livro são sempre angustiantes e cheias de reviravolta e mitologia – bem como os episódios duplos espalhados ao longo de toda a série. O Livro do Fogo (meu favorito) fecha muito bem a história e o final consegue ser surpreendente, mesmo que previsível em alguns pontos.

Uma continuação, Avatar: A Lenda de Korra, foi lançada anos depois e teve 4 temporadas. Mas isso é assunto pra outro texto… Se você é fã de séries curtas, animações, histórias bem feitas que envolvam fantasia, personagens não maniqueístas, Avatar: A Lenda de Aang é o que você procura. Como diz o título desta coluna, vale cada minuto.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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