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Bates Motel – 4×01 /4×02 Goodnight, Mother

Por: em 16 de março de 2016

Bates Motel – 4×01 /4×02 Goodnight, Mother

Por: em

Quando estreou, em 2013, Bates Motel tinha uma proposta instigante: mostrar a adolescência de um dos psicopatas mais icônicos do cinema e a sua vida em família, especialmente o relacionamento com Norma. Chegamos ao início da quarta temporada com as coisas bem diferentes, principalmente Norman Bates.

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Nos dois primeiros anos, já era possível ver algo de doentio em Norman, e algo de perigoso também, já que descobrimos ao longo dos episódios que ele foi responsável pela morte do pai e de Blair Watson. Apesar disso, a maior parte do tempo era gasto com tramas paralelas sobre os esqueletos escondidos no armário da família Bates, a vida de Norman na escola, ou os negócios envolvendo o tráfico de drogas e a polícia corrompida da cidade. A terceira temporada foi se livrando de alguns desses temas pouco a pouco: Norman agora é maior de idade, Norma fez as pazes – na medida do possível – com Caleb, Dylan conquistou seu lugar na família, Emma parece prestes a se curar e os figurões do tráfico foram presos. Ao mesmo tempo em que as tramas paralelas iam se resolvendo, o universo doentio da mente de Norman foi se tornando cada vez mais presente, e mais perturbador.

A Danger to Himself and Others e Goodnight, Mother mostram um Norman completamente tomado pela sua doença. O tempo que passa entre as alucinações é maior que o tempo que passa em seu estado normal (aliás, ele esteve normal em algum momento?). Ele se torna a imagem que idealiza de Norma para cometer assassinatos e ao mesmo tempo se coloca como espectador dos próprios crimes, acreditando que sua mãe é uma serial killer, e não ele. Norman tem uma doença mental, e isso é um fato, mas essa doença é constantemente alimentada pela relação problemática que ele sempre teve com Norma, uma relação cheia de cobranças, mentiras e dependência mútua. Ela também é alimentada pela misoginia latente que, apesar de tentar esconder sendo “amigo” das mulheres, sempre esteve presente nos pensamentos de Norman.

Norma, por sua vez, está afogada entre o medo e o amor que tem pelo filho. Entre o medo da verdade e a necessidade de encara-la para salvar Norman dele mesmo. Não há nada com que ela se preocupe mais no mundo que com o caçula… na verdade não há nada com que ela se preocupe no mundo além do bem estar dele. Ela sabe que ele matou a mãe de Emma, é plenamente capaz de deduzir que ele matou a Bradley e seu único medo é vê-lo preso ou internado por esses crimes. Quando ela procura um belo lugar para que ele viva sob cuidados, a sua maior preocupação é que ninguém chegue antes e o leve para um lugar ruim. O desespero para conseguir uma vaga em Pineview é para reduzir os danos de Norman sobre a própria vida, não pelos danos que ele causa na vida alheia. E pra isso ela é capaz até de se casar com Romero, se for necessário.

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Neste ciclo de obsessões, Alex também tem uma cadeira cativa. Ele já mostrou que faz qualquer coisa por Norma, inclusive matar e acobertar crimes ou situações extremamente suspeitas que envolvam os Bates. Ainda assim, ele está longe de saber toda a verdade, e o casamento, se de fato acontecer, pode acabar colocando o Xerife em uma posição bastante desconfortável entre Norma e Norman... e considerando o passado desses dois, ninguém que esteve entre eles terminou muito bem.

O que nos leva a um ponto importante aqui: Até agora a série só descartou coadjuvantes, ou personagens com quem ninguém se importava muito, para manter o status de série de suspense. A morte da mãe de Emma foi a expressão máxima disso: ela surgiu do nada e voltou pra geladeira logo em seguida. Mas o final da terceira temporada e esses dois primeiros episódios parecem levar Bates Motel a um outro patamar, cada vez mais sombrio, mais pesado e mais psicológico. Acho que ainda veremos muito sangue de figurantes derramados, mas também acho que até o fim desta temporada, perderemos alguém do núcleo principal. Romero começa como o nome mais óbvio, mas algo me diz que é Emma que corre mais risco.

O outro foco de ação destes primeiros episódios foi justamente no hospital em Portland, com Dylan e Emma. Os dois se envolveram quando perceberam que eram parecidos nas suas solidões (e quando Emma se tocou que o Norman é malucão), e agora parecem estar construindo um mundo só pra eles, mesmo que isso não dure muito. Vai ser estranho vê-la andar por aí sem o carrinho do oxigênio, mas o tal futuro a que o pai dela se referiu é que realmente preocupa. Será que ele vai ser tão tranquilo assim? Será que ela ainda vai continuar tentando se encaixar naquela família, que está cada vez mais problemática e cheia de segredos? Será que vai conseguir manter o pequeno espaço que conquistou entre os Bates agora que tudo está ruindo e ela ainda pode ser o pivô de um mal estar entre os filhos de Norma?
emma dylan

Algumas observações:

– Então quer dizer que o pai da Emma não é tão bonzinho quanto parece?

– Acho que pela primeira vez senti medo real do Norman

– Será que aquela família vai sair inteira do motel? Ou a guriazinha vai achar um corpo no buraco da piscina?

– Adoro o Dylan, mas aquela cara de apaixonado dele tá levemente irritante.

O que acharam do retorno de Bates Motel? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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