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Bates Motel – 5×01 Dark Paradise

Por: em 22 de fevereiro de 2017

Bates Motel – 5×01 Dark Paradise

Por: em

E aqui estamos nós, na última temporada de Bates Motel. Preciso confessar antes de mais nada, que apesar da ansiedade para que a temporada começasse, é com uma pontinha de tristeza que começo essa review. Amo essa série e seu final necessário me deixa já com saudades. Preciso confessar também que sempre gostei de Norman Bates. Sim, eu sei que ele é um psicopata louco e assassino, mas eu sou do time que relutou até o último minuto em reconhecer o mau no personagem. Mesmo conhecendo o filme (Psicose) e portanto, tendo total noção dos rumos que a série tomaria para “dar match” na personalidade de Norman, sempre achei que ele poderia ter, bem no lá no fundo, uma salvação. Uma boa alma que não fosse passar a mão na cabeça dele e o obrigasse a se tratar e encarar de frente seus atos. Que não mentisse pra ele, na tentativa ingênua de protegê-lo. Enfim, houve momentos em que achei que essa pessoa seria o Dylan, mas depois aceitei a realidade que não. Norman, para ser o nosso Norman, precisa necessariamente de sua loucura.

Reprodução/A&E

Cartas postas na mesa, vamos ao que interessa. Dark Paradise, chegou chutando a porta, sem sutilezas nem mimimi. A começar pelo título do episódio. Encontramos Norman dois anos depois da morte de sua mãe, vivendo literalmente em seu paraíso sombrio (ótima metáfora para o seu eu interior, aliás). Sua casa está aos pedaços, suja e totalmente abandonada, mas ele, anestesiado pela loucura, consegue vê-la aconchegante e bem cuidada. Norma (Oi, Vera!), é claro, está lá, linda, loura e super protetora como sempre. A relação entre eles continua intensa e perturbadora, amorosa e possessiva, como se nada nunca tivesse mudado. O amor, a dedicação, a adoração e a vulnerabilidade, tudo está ali, intocável. A edição nos dá pistas o tempo todo de que essa temporada não vai pegar leve com Norman. Desde as paredes descascadas da casa, aos cômodos imundos e completamente abandonados, até às roupas íntimas da mãe penduradas no banheiro, vamos juntando as peças para entender que ele finalmente se rendeu à loucura e incorporou a personalidade de Norma Louise à sua própria. Outra pista contundente é a presença do cãozinho Juno, que sempre apareceu nos momentos em que Norman abraçou sua psicopatia.

Como já vinha sendo desenhado na temporada anterior, o personagem convive com seus apagões de forma corriqueira. Porém, atestando sua total consciência da doença, ele agora mantém um caderninho, onde anota as datas dos black-outs, sei lá se para se defender quando alguma coisa não sair como o planejado, ou para tentar se lembrar do que de fato ocorreu naquelas datas. Ele continua também usando os mesmos subterfúgios de sempre para “tomar consciência” dos seus atos. Apagões, objetos que despertam certo incômodo, indagações à mãe, até que finalmente o ato se descortina à sua frente, sempre protagonizado por Norma, sempre para defendê-lo de uma grave ameaça.

Reprodução/A&E

Conseguimos entender que a vida social do protagonista não anda lá essas coisas e que, cada vez mais isolado, ele se rende de vez a comportamentos nada ortodoxos (o que é a cena dele olhando o casal do buraco na parede?). Norman convive tranquilamente também com a mãe embalsamada (senhor!).  Sempre soubemos que a “existência física” dela é o mote da dele e que ele não conseguiria sem a mãe, ainda que camuflada nas nuances da sua personalidade desajustada. De cara, já percebemos que algo deu muito errado para o senhorzinho que “perdeu a carteira” no motel e também somos capazes de pressentir que a simpática Madeleine Loomis, dona da loja de tintas, pode estar com seus dias contados. Tudo isso assim: estatelado na nossa cara, já no episódio 1. Mencionei antes que a edição não foi nada sutil?

A boa notícia para alguns e péssima para outros é que Dylan e Emma estão de volta nessa temporada. Desafetos à parte (eu curto muito os dois), eles tinham que voltar, né? Dylan é o único que tem total consciência da extensão da loucura do irmão (tirando Romero) e é quem pode juntar as pontas soltas e descobrir o que realmente aconteceu com Norma. No fundo do meu coração, acho que o casal volta para morrer, né mores? Já que, para coincidir com o filme, Norman precisa ser uma pessoa necessariamente só. E aparecer para continuar onde estão, sem se envolver com nada da história, vai ser péssimo. Enfim, o casal, agora pai da pequena Kate, vive bem e feliz em Seattle. A tranquilidade do lar é ligeiramente abalada pela aparição de Caleb, pai/tio de Dylan, que chega sem lenço e documento, com intenções de ficar por lá e é recebido pelos braços sempre abertos do filho. Quem acaba com a festa é Emma, que muito educada, deixa claro para Caleb, que ficar ali não é uma possibilidade.

Divulgação/A&E

Paralelo a isso, vemos Alex Romero, remoendo sua vingança ainda no presídio, local que provavelmente ficará por mais algum tempo, já que sua condicional foi negada, apesar do seu comportamento exemplar. Ele promete ser um personagem chave nessa temporada, já que foi testemunha de várias situações que podem incriminar Norman sem chance de defesa.

O finzinho do episódio foi para mim um pouco over, não precisava expor daquela forma o que Norman/Norma havia feito. Enfim, deu a entender que essa temporada vem fervendo e com o nosso protagonista atingindo níveis estratosféricos de sua loucura. No geral achei um bom episódio de estreia e claro, já estou contando os dias para o episódio 2. E vocês, o que acharam? Correspondeu às expectativas?


Saindo um pouquinho fora da review, deixo aqui meu abraço à Laís Rangel, a querida que foi a responsável pelas reviews de Bates Motel aqui no blog até então. Foi ela quem me fez ficar encantada com o blog e com seus textos! Sem querer me comparar a ela (lógico!), espero conseguir dividir com vocês bons momentos de discussões sobre o seriado.


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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