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Bates Motel – 5×04 Hidden

Por: em 15 de março de 2017

Bates Motel – 5×04 Hidden

Por: em

Ia começar essa review dizendo que achei Hidden o episódio mais fraco dessa quinta temporada. Numa temporada onde o nível de tensão vinha sendo alimentado numa curva crescente, um episódio de transição fica difícil de engolir. Forçaram a barra para manter Romero vivo, numa sequência de cenas meio desnecessárias, retrocederam na relação NormanxChick, colocaram a quase divorciada Madeleine ainda com muitas dúvidas sobre seu casamento, introduziram a xerife para investigar um crime que a gente nem lembra mais e centraram muito o episódio em mãe e filho. Estava tudo caminhando a passos lentos até que me acontecem os cinco minutos finais … e … aquele olhar. Foi o suficiente para me deixar arrepiada e já reconsiderar minha opinião sobre o episódio, que aliás, foi dirigido pelo Max Thierot, que interpreta o Dylan.

Divulgação/A&E

Mas vamos começar do começo. Encontramos Caleb fatalmente atropelado. A negociação entre o trio para saber o que fazer com o corpo foi algo tão surreal, que achei que Chick ia acabar metendo os pés pelas mãos pela tensão do momento. Mas ele segurou a onda, conseguiu conter a ansiedade e por sorte, ter a mesma opinião de Mother. Curioso constatar que Norman foi quem teve a ideia mais lúcida, recusada por motivos óbvios.

O desenrolar dessa história nos diz que precisamos urgentemente rever nossos conceitos de se “livrar” de um corpo. Em se tratando de Chick, essa expressão pode assumir um sentido até mesmo poético. O que foi a cerimônia que ele preparou para Caleb? Um reconhecimento/agradecimento tardio pelo que o tio de Norman, sem querer, o levou a testemunhar? Ou seria um “pagamento” por não ter salvo, em nome de interesses pessoais, a vida dele?

Reprodução/A&E

Intenções excusas à parte, fato é que Caleb teve uma partida bem mais digna que merecia e que Chick, talvez por ter tomado as rédeas na solução deste problema e ficado do lado de Mother, acabou dando bastante tempo para Norman avaliar sua participação invasiva na vida da “família”. A ausência do ex-plantador de maconha, num momento onde mãe e filho começaram a se estranhar e discordar na tomada de decisões foi crucial para que o gerente do motel repensasse esse convívio peculiar. A decisão de Norman claramente desagradou Chick, mas como o mundo dá voltas, pouco tempo depois lá estava ele precisando da ajuda do único “amigo” que lhe restou na vida. E como o futuro escritor perde a vida, mas não perde a oportunidade, já quis logo saber detalhes do que tinha acontecido. Será que depois dessa ele consegue voltar a morar no casarão?

Foi a xerife Greene que, sem querer, reaproximou a dupla. Ao procurar Norman para investigar o desaparecimento de Jim Blackwell, que violou sua condicional e tinha o endereço do Bates Motel em sua casa, ela apertou o botão Norman-se-sentindo-ameaçado. Nem só por chamar a atenção para um desaparecimento que as autoridades ainda nem sabem que acabou em morte, mas especialmente, por revelar que Alex Romero fugiu da prisão. E por falar nele, já tinha deixado claro que torcia pelo embate entre ex-xerife e Norman, mas confesso que achei um pouco exagerada sua salvação. Ok, queremos e precisamos de NormanxAlex, mas do jeito que foi, ele já gastou uma três vidas pra continuar no seriado. Tentei me apegar à força do amor que move montanhas, ao preparo físico invejável do policial, à arma não tão potente, mas concluí que o melhor mesmo dessa parte da sobrevivência ao tiro foi ela ter passado.

Divulgação/A&E

Enquanto isso, Norman e Norma não estão vivendo o que podemos classificar como harmonia. Assim como acompanhamos nas temporadas passadas, os períodos que sucedem os black-outs, quando trazem ligeiras recordações do acontecido combinadas aos momentos em que Norman experimenta períodos mais longos de “lucidez”, provocam verdadeiro desespero e asco no jovem. A ponto dele dizer para Mother que não gosta do que eles se tornaram.

A revelação da xerife fez com que Norman fosse em busca de possíveis pistas que levantassem suspeitas sobre o crime. E no bosque, o embate físico entre os dois personagens foi, de certa forma, a materialização da luta interna de Norman, pelo controle da sua mente. Seus dois lados estavam ali, com todos os sentimentos conflitantes aflorados. E, ao mesmo tempo que ele tenta sufocar seu lado “Mother”, com toda a sua força e ódio, ele experimenta o segundo de lucidez que o mostra a cruel realidade: a mãe morta. Nesse momento, é com todo horror do mundo que ele interrompe o ato, numa tentativa desesperada e inconsciente de voltar a um mundo em que Norma Louise ainda vive dentro e fora da sua mente doentia. E foi seu inconsciente mesmo quem falou: “Nunca mais faça isso de novo”, numa ordem clara para que Norman não tentasse mais matar a parte da mãe que ele guarda dentro de si.

Divulgação/A&E

Mas nada nesse episódio supera o gran-finale. A encarada final de Norman Bates foi como o sopro da intuição, o sexto sentido, o despertar do pesadelo na madrugada, o recadinho de um futuro bem próximo que nos diz que as horas de Madeleine Loomis estão contadas. Nossa versão mais jovem de Norma Louise, aliás, vem ignorando pequenas e grandes pistas que escancaram que é melhor correr que ficar. Quando seu crush fala que você se parece com a falecida mãe dele e (pior) te dá as roupas que ela usava, mesmo que ele a considerasse linda, atraente, jovem e vibrante, você tem que saber que ali, no mínimo, tem alguém dependente e obsessivo. Jura que você faltou a essa aula, Madeleine?

A dona da casa de tintas não só embarcou no delírio de Norman Bates, como o convidou para jantar, para o receber como? Vestida de Mother! Meu Deus! Super esperado o figurino, mas me deu uma pontada de tristeza ao constatar que aquele visual iria desencadear reações não tão encantadoras quanto o cenário inspirava. Foi legal ver Norman novamente (mesmo que por pouco tempo) se relacionando com alguém e relembrar que é sempre quando uma potencial relação se concretiza que ressurge a faceta Norma Louise possessiva e super protetora. Foi tenso ver Norman fugindo, antes de saber se era delírio ou realidade as cenas que ele viu. E foi claramente perceptível, na interpretação cada vez mais avassaladora de Freddie Highmore, a incorporação de Mother, que é quem vai assumir as ações daqui pra frente. Fala comigo se aquele olhar não mete medo em qualquer um?


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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