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Bates Motel – 5×08 The Body

Por: em 12 de abril de 2017

Bates Motel – 5×08 The Body

Por: em

Loucura. Desespero. Arrependimento. Sofrimento. Medo. Agora, adianta a fita. Loucura. Negação. Loucura. Mentira. Loucura. Maldade. Foi nesse carnaval de emoções que acompanhamos a saga de Norman Bates desde que decidiu se entregar à polícia. Em The Body, como já vimos acontecer em alguns outros episódios, presenciamos a nítida transição do garoto acuado, perdido e amedrontado, em outro, ciente dos seus atos, coerente, firme e totalmente capaz de se defender. A psicologia explica que, quem sofre do transtorno dissociativo de identidade, desenvolve nas personalidades que coexistem em sua mente, características próprias, valores e princípios distintos entre si, sendo que essas novas identidades podem, em grande parte dos casos, ter comportamentos exatamente opostos ao do portador do distúrbio. Bingo.

Divulgação/A&E

Norman Bates, nos segundos de consciência que vivenciou no episódio anterior, viu no telefonema que fez à polícia, mais do que uma oportunidade de confessar o que fez e pagar pelos seus atos, uma verdadeira tábua de salvação. Algo real em que pudesse se agarrar e que o tiraria da realidade com a qual ele não consegue mais conviver. Normalmente, as pessoas atormentadas por esse tipo de distúrbio, têm na amnésia, o antídoto capaz de as fazer seguir adiante. E era realmente nos apagões, que residia o “conforto” de Norman. Enquanto ele não tomasse consciência dos atos de Mother, a percepção da sua presença era mais um alento que um peso. Era a mão amiga que o ajudava a suportar o vazio e a solidão da sua realidade. Acontece que o gatilho que aciona a chegada de Mother não está naquela casa, ou no motel, mas sim em situações ameaçadoras, ou que o remetam aos traumas vivenciados em sua infância. Mother vive nos cantos sombrios da sua própria inconsciência e conseguir mandá-la embora significa encarar com seriedade algo que até então o personagem se recusou a fazer: tratar a sua mente.

Foi motivado pela vontade desesperadora de conseguir ser só ele mesmo que ele implorou e tomou seus medicamentos, mas cá entre nós, no nível de loucura que ele está, não seriam mesmo algumas pílulas que trariam alguma mudança. A xerife Greene mostrou uma sensibilidade e perspicácia que me deixaram surpresa. Ela fez uma leitura bastante assertiva do garoto, mesmo depois da confissão do crime. Só que o que ela ainda não sabe é que para entender Norman Bates, ela precisa também conhecer Mother. E o que aparentemente seria simples, dado ao emocional extremamente abalado do garoto, ganhou novo grau de complexidade quando Norma Louise assumiu a cena, ao lado da advogada contratada por Dylan. Claro que dadas as circunstâncias e também com a mudança de depoimento, onde Norman acusa Madeleine (que coisa monstruosa isso! Tinha certeza que ele jogaria a culpa em Marion Crane), tudo ficou bem mais complexo para a xerife. E lógico que, mesmo com o final do episódio, acredito que as coisas não serão tão simples de resolver. Norman se enrolou numa teia de mentiras e contradições, que vai ser preciso que Mother rebole muito para tirá-lo dessa.

Divulgação/A&E

Enquanto isso, o fofo e querido irmão de Norman Bates, ainda circula por aí, vivinho da silva. Dylan não só conseguiu a advogada, como mostrou mais uma vez todo o seu bom coração, ao não ir embora da cidade e relutar em assumir para a profissional e também para sua esposa, a complexidade dos problemas do irmão. Dylan pode ser puro de coração e até bobinho às vezes, mas se tem uma coisa que ele sempre interpretou da forma correta foi como a super proteção e permissividade da mãe atrapalhavam a evolução de Norman. Ele nunca apoiou a saída do garoto do sanatório, por entender que sem uma ajuda especializada ele não conseguiria ser quem Dylan sempre enxergou que ele era. Ele vê o irmão como vítima, mas tem completa noção que uma vida social saudável só seria possível depois de um tratamento sério e adequado. Ver Mother assumir fisicamente o controle  da situação foi só um horrível adendo à sua percepção sobre a loucura de Norman. No fundo, Dylan nunca precisou disso para entender a gravidade da doença que atormenta o irmão. Seu coração fazia isso por si só.

Divulgação/A&E

E ainda na ala dos que gostam de Norman Bates, finalmente revimos Chick. O louco-amigo-interesseiro do gerente do Bates Motel demorou bastante a aparecer e chegou com o cabaré pegando fogo. Só de ver a polícia no motel e tudo fechado por ser considerado cena de crime, Chick já vislumbrou que poderia ter perdido muita coisa importante para seu livro. Ele demonstrou uma emoção real ao temer pela vida de Norman, mas será que isso foi por amizade, ou por interesse? Agora, não saberemos mais. Acho que nem ele sabia, né? Seu encontro assustador e inesperado com Romero, foi tão rápido que não deu tempo nem de ele tentar entender sua própria motivação para fazer o que estava fazendo.

Quanto a Romero, deu pra perceber que ele está com seu instinto vingativo mais apurado que nunca. Tristeza nas cenas em que ele reviu Norma Louise em toda a sua beleza e graça e reviveu seu sofrimento por entrar novamente na casa onde ela perdeu a vida. Ele esperava encontrar qualquer coisa ali dentro, menos o que ele encontrou. Não entendi muito o que o levou a fazer o que fez. Talvez tenha sido uma irritação incontrolável por ouvir a voz de Norman e ser frustrado, mais uma vez, em seu plano. Talvez tenha sido uma necessidade de apertar o gatilho para eliminar alguém que para ele não fazia a menor diferença. Enfim, sua atitude encerrou nossas especulações sobre um possível livro sobre a vida de Norman, mas abriu espaço para discutirmos o que Romero fará com as informações a que vai ter acesso no gravador de Chick. Acho que isso não muda absolutamente nada em seus planos, mas vai mantê-lo ocupado por um tempo, já que ele não pode dar pinta por aí, por ser  um fugitivo da polícia, certo?

Divulgação/A&E

E assim chegamos ao final do oitavo episódio da última temporada de Bates Motel. Temos Norman preso, acusado e três corpos encontrados. Difícil tentar imaginar como ele vai se livrar disso, mas nada é impossível em se tratando de Mother. Temos Dylan, Emma e Madeleine vivos e ao que tudo indica, deverão permanecer assim, concordam? Muita vítima para pouco tempo de seriado. Ainda não sei bem o que esperar dos dois últimos episódios e vocês? Conseguiram elaborar novas teorias depois de The Body (aliás, esse episódio foi dirigido pelo Freddie Highmore!)? Contem pra gente aqui!


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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