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Bates Motel – 5×09 Visiting Hours

Por: em 19 de abril de 2017

Bates Motel – 5×09 Visiting Hours

Por: em

– Eu poderia falar com o Norman?
– Ele está dormindo. Em seu quarto. Tem torta de maçãs no forno. Quando ele acordar, vai sentir o cheiro e saber que está tudo bem.
– Poderia dar então um recado a ele por mim? Poderia dizer a ele que estou com saudades?

Quis começar essa review com o diálogo entre Emma e Mother porque achei extremamente simbólico. Não só pelas palavras, que traduzem muito do que senti ao ver o episódio, como também pela linda edição, que a exemplo da semana passada, projetou Mother no reflexo do vidro que separava os dois personagens. Ouvindo isso, o que tenho a dizer é: “Norman, nós também sentimos saudades. Sinto que tudo que você viveu em Visiting Hours poderia ter sido diferente caso você estivesse ‘acordado’. Sua conversa com a advogada, sua resistência em ser internado, sua segurança com relação ao que aconteceu, sua postura na audiência, seu encontro com a Emma. Sei que você está cansado, mas é importante que em momentos assim, você apareça!” Juro que se pudesse me teletransportar para dar uma sacudida em Mother, teria feito isso em vários momentos do episódio. Meu Deus! Se por um lado é importante que as pessoas visualizem o problema de Norman Bates, por outro, é extremamente angustiante perceber que em várias ocasiões ser Mother só piora as coisas.

Reprodução/A&E

Mas, vamos lá. Visiting Hours trouxe algumas cenas que jamais imaginei que veria: Norman em uma audiência acusado formalmente de homicídio em série, Dylan admitindo com todas as letras para a esposa quem matou a sogra, Emma cogitando terminar o casamento. Foi muita coisa pra digerir em tão pouco tempo. Começando por Dylan. O personagem que sofre mais que Maria do Bairro em Bates Motel, continua sua saga de pureza, bondade e resiliência. O mundo desaba em cima da cabeça de Dylan e ele continua lá, sendo o amigo certo nas horas incertas, o marido mais amável, atencioso e compreensivo do mundo e o irmão que nem sei se Norman merecia ter.

Por mais que sua postura diante do assunto sogra seja questionável sob a ótica da Emma, precisamos concordar que a pior posição nessa história toda é justamente a do mocinho. Como agir diante de tudo que está acontecendo e que ele mal consegue entender, que dirá assimilar? Sabemos que Dylan, por insistência própria, sempre esteve a par da doença do irmão e das coisas que esse estado mental o levava a fazer. Somos testemunhas também da sua postura a favor da internação de Norman e contra a permissividade da mãe. Isso inclusive significou cortar laços com a família, outro ponto que pesa muito no coração dele.

Divulgação/A&E

Diante desses fatos é justo que ele carregue o fardo que Madeleine jogou nas costas dele? Ou que tenha a responsabilidade sozinho do seu casamento talvez chegar ao fim? A interpretação de Madeleine Loomis sobre os fatos, já que ela mal conhece Dylan e a história de Norman, é super compreensível. Mas a da Emma, não. Entendo que tudo que ela descobriu foi pesado e, por mais que seu contato com a mãe tenha sido mínimo, não é nada tranquilo ouvir o que ela ouviu. Foi pouco tempo demais também para ela assimilar as coisas, deixar a ficha cair. Por isso achei super precipitado ela já anunciar as implicações que isso teria no relacionamento. Assistir a essa cena só reforça mais ainda a percepção de que falar/fazer coisas de cabeça quente nunca traz o melhor resultado. E acho até que a Emma pensou isso, já que depois de todo o terremoto que viveu, preferiu juntar seus caquinhos e voltar pra casa. Mas não sem antes fechar seu ciclo com Mother.

A cena do cemitério me chocou profundamente, porque simplesmente não me lembrava das palavras que estavam escritas na lápide de Norma Louise. Aquele texto, por si só, já é um atestado de uma relação polêmica, intensa, patológica e quase incestuosa. Foi tão chocante ler aquilo já tendo na nossa cabeça o desenho do que Norman se tornou! E olha que eu achei que essa descoberta seria suficiente para Emma encerrar essa etapa, mas ela foi além e ficou cara a cara com Mother, numa das cenas mais bonitas/tristes da temporada. A desconstrução do garoto em quem ela sempre confiou e que até amou um dia versus a compreensão do que estava acontecendo com ele, foi nítida, completa e muito, muito dura. Emma chegou até ali movida pela vontade de olhar nos olhos dele para que ele admitisse o que havia feito. E sim, isso aconteceu, mas não foi nada do que ela esperava. Descobrir quem (não) é Norman Bates serviu não apenas para adicionar um misto de pena e horror ao que ela já está sentindo. Talvez nesse momento, ela tenha conseguido alcançar o sentimento do Dylan. Não sei. Mas vejo como muito importante esse encontro, porque foi a partir dele que ela pôde comprovar que o garoto que ela conheceu morreu há muito tempo, talvez até antes mesmo da sua mãe.

Reprodução/A&E

E quem diria que a (provável) salvação de Norman viria de Alex Romero? O ex-xerife chegou ao ápice de seu desespero ao saber da prisão do gerente do Bates Motel. Como ele mesmo disse à Maggie, ele viveu os dois últimos anos unicamente para dar fim à vida do garoto e vingar a morte do seu amor. E uma sentença que vai proteger Norman Bates da sua fúria definitivamente não estava nos seus planos. Alex está nervoso, intempestivo, mas mais do que isso, ele está desesperado. Sua sequência de ações quase pôs tudo a perder, na adrenalina daquele reencontro, mas ele recuperou a racionalidade e partiu com Norman para executar seu plano. E se eu havia chamado Norman para assumir o comando no início do episódio, agora, depois desse final, só posso rezar para que  Mother continue firme e forte atuando nesse cenário. Porque se tem alguém que vai saber como lidar com essa situação, esse alguém é Norma Louise.

Divulgação/A&E

Nem preciso dizer da minha ansiedade para o capítulo final. Jamais imaginei que Bates Motel nos conduziria a esse desfecho, mas preciso admitir que estou amando. Acho que Norman escapa dessa vivo, assim como Dylan, Emma e Madeleine. Não vai dar tempo de rolar uma chacina no episódio final. Sempre imaginei e torci pelo acerto de contas entre Alex e Norman, mas jamais poderia supor que aconteceria dessa forma. Me despeço dessa vez, deixando aqui uma preview de The Cord, o episódio final! Não se esqueçam de me contar o que acharam desse episódio. Nos vemos semana que vem!


PS: Não posso deixar de dizer que ri muito (sei que não era o momento, mas achei engraçado) na hora que o Romero chega e o Norman se recusa a sair da cela e diz: “Prefiro ficar aqui”.

PS2: Que milhares de policiais e investigadores foram aqueles que brotaram na casa e motel dos Bates? Gente! Achei até fake o Romero conseguir escapar com o carro do principal suspeito sem ninguém ali se dar conta. Oi?

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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