Como você reagiria se, de repente, sua vida virasse de pernas para o ar? Se você descobrisse que a pessoa que você mais ama e respeita no mundo traiu você de uma forma irreparável? Com certeza muita gente respondeu que jogaria tudo para o alto e iria esfriar a cabeça por aí, para só depois voltar a rotina e seguir em frente. Foi exatamente isso que aconteceu com o Jimmy nesse episódio final, mas no caso dele, o caminho foi sem volta. Quem regressou no lugar do advogado, meus queridos leitores, foi o Saul!
O último episódio da primeira temporada de Better Call Saul foi simplesmente perfeito! Deu gosto de assistir cada cena, cada diálogo, cada respiro na telinha. Foi o equilíbrio perfeito entre drama e comédia e, principalmente, marcou a grande virada da trama. Há um tempo eu me perguntava se Vince Gilligan e Peter Gould tinham esquecido que Better Call Saul é um spin off de Breaking Bad e se eles resolveram deixar o assunto das drogas de lado para fazer uma série sobre advocacia. Eu não poderia estar mais enganada! Eles não esqueceram de coisa alguma, simplesmente escreveram, mais uma vez, uma série muito bem construída. Nos apresentaram o passado daquele advogado pitoresco de BB, nos fizeram tomar simpatia por aquele sujeito e até a torcer para que ele seguisse pelo caminho do trabalho honesto. Mas a gente sabe que não é isso que o destino preparou para o Saul!
Depois da pernada do irmão, Jimmy aceita o acordo com a HHM e tem que encarar que Howard não é o fdp que ele (e nós também) imaginava. Arrasado, retorna para sua cidade natal para afogar as mágoas, encontra seu ex-parceiro de picaretagem e, por alguns dias, volta a ser o “Slipping Jimmy”. Os dois passam uma semana aplicando os maiores e mais elaborados golpes de suas vidas, muito bem resumidos em uma primorosa cena meio burlesca/psicodélica. Já a cena seguinte começa com a melhor frase dessa e todas as séries do mundo:
You’re not Kevin Costner!
RISOS ETERNOS. Não é que Bob Odenkirk se parece muito com ele? Ótima sacada! Voltando, quando Jimmy cai em si e decide voltar para Albuquerque, seu amigo implora pelo último golpe juntos, o famoso golpe do Rolex. Marco nem quer fazer por dinheiro, apenas porque ele precisa disso. Ao que tudo indica golpes são altamente viciantes. Está claro que algo vai dar errado e, de fato, o amigo acaba infartando durante a armação. Depois de mais essa rasteira da vida, Jimmy não é mais o mesmo! É quando Kim liga par ao amigo contando a novidade, ele está prestes a virar o novo sócio de uma grande empresa de advocacia, que não é a HHM, logo o Chuck não pode impedir sua contratação. Jimmy chega a ir para a entrevista, mas para diante do prédio. Se ele entrar por aquela porta, seu futuro será bastante promissor. Ele se tornaria sócio de uma grande empresa de advocacia, trabalharia no seu caso com os idosos e iria ganhar rios de dinheiro. Mas é aí que ele se dá conta que tudo que fez sua vida inteira foi para agradar o irmão. Se ele sempre fez o certo, como devolver mais de 1 milhão de dólares para a polícia, foi para mostrar seu valor a Chuck, mas mesmo assim o mais velho não fez o certo com ele.
Dessa forma, a essência escorregadia do advogado fala mais alto e ao som de “Smoke On The Water”, clássico do Deep Purple, Jimmy McGill dá o primeiro passo em direção a Saul Godman.
É dessa forma que termina a primeira temporada da séries Better Call Saul. Podemos esperar que na segunda, Jimmy fique no passado e Saul entre em cena. Mike parece já ter achado seu caminho como segurança de transações ilícitas e, ao que tudo indica, Saul vai entrar na jogada como o advogado canastrão dos traficantes. Better call him!
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