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Billions – 2×06 Indian Four

Por: em 28 de março de 2017

Billions – 2×06 Indian Four

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Uma coisa pode ser declarada como regra em Billions. Quando tudo parece estar dando certo, na conjunção cósmica perfeita, no alinhamento astral ideal, acontece alguma coisa para mudar tudo. Parece que é sempre aquela voz que que sussurra baixinho no ouvido, te lembrando que nada é permanente, especialmente a felicidade. Indian Four, o sexto episódio da temporada, veio para esfregar na nossa cara essa montanha-russa de emoções também conhecida como vida. E se tem uma lição para anotar no nosso caderninho é: se hoje está tudo lindo, aproveite, porque ó, num piscar de olhos tudo pode ficar diferente. Que o diga Axelroad. Deixamos o bilionário feliz da vida no último episódio, com seu amigo economista atestando a autenticidade de seu novo investimento e com tudo encaminhado para aquisição de terrenos que renderiam milhões, após a construção de um cassino. Mas, nesse mundo business o que não falta são rasteiras, né? E, dessa vez, ela partiu de onde Bobby menos esperava: Mr Rhoades, pai do seu arqui-inimigo, Chuck.

Divulgação/Showtime

O bom e velho Mr. Rhoades pode até ter aparentado estar fora de forma e meio sumido depois do que aconteceu com Lawrence Boyd. No desespero em tentar manter o emprego do filho, ele achou que estava saindo na frente e enganando o procurador, ao tentar confundi-lo acerca das suas reais intenções. Ele fez tudo do melhor jeito possível, mas não adiantou: Chuck percebeu o que ele queria, optou por uma atitude extremamente pessoal e ousada, que acabou se comprovando como a opção certa. Já falamos em outra review que a cria pode superar o mestre, não é? Bem, quem achou que essa guinada da vida iria colocar Mr Rhoades pra escanteio, errou feio. Ele insiste em ficar na frente dos holofotes, tomando para si problemas que definitivamente não são seus. Curioso perceber que mesmo aposentado, ele age como se estivesse na ativa, ou como se o filho estivesse implorando sua ajuda, intrometendo-se nas jogadas e mexendo peças que pode ser que nem Chuck moveria. Fato é que para o bem ou para a mal, a jogada do Mr Rhoades parece ter sido um xeque-mate, pelo menos temporário. As informações trazidas pelo seu investigador foram a munição que ele estava precisando para virar sua artilharia contra Axelroad. Com a curiosidade aguçada, louco para descobrir qual o próximo passo do bilionário, Mr. Rhoades usou de seus contatos e conseguiu se antecipar, atrapalhando o futuro negócio do investidor.

E se as coisas não estão tão bem na vida profissional, na vida pessoal, quase que elas desandaram também. Bobby Axelroad, assim como o pai de Chuck, precisa entender que para convencer alguém com quem você tem um convívio intenso, você precisa surpreender a si mesmo, agindo de uma forma que nunca agiu antes. Não foi isso que ele fez e o resultado foi catastrófico. Lara Axelroad não é minha personagem preferida (#teamWendy), mas aplaudi muito sua postura nesse episódio. Por vários motivos. Primeiro, por estar disposta a conversar com o marido, mesmo depois de ele ter sido desnecessariamente babaca com ela. Segundo, por não estar disposta a qualquer coisa para selar a paz. Pode não parecer, mas ela tem suas convicções, que são baseadas em fatos e não em sentimentos adolescentes. Lara tem todos os motivos para desconfiar de Wendy e desaprovar totalmente sua readmissão na empresa e na vida do bilionário. E Axelroad precisa aprimorar sua técnica de convencimento se quiser manter o seu casamento no nível que ele é. Lara deixou isso claro, ao abandoná-lo no restaurante e verbalizando tudo que teve que abrir mão para estar ao lado dele. O que foi muito verdadeiro e impactante. Pena que, para mentirosos de carteirinha, a sinceridade é algo difícil de praticar. Bobby, na tentativa de apaziguar a situação, optou por mentir mais uma vez, colocando como condição dele, algo que na verdade foi exigido pela Wendy.

Divulgação/Showtime

Já a terapeuta, confesso que entendo muito o conflito que ela vive para encaixar sua satisfação pessoal no mesmo patamar da profissional. É complexo e um pouco injusto você ter que escolher um lado, tendo condições (financeiras, especialmente) para desfrutar dos dois. Não tenho dúvidas sobre seu sentimento pelo quase-ex-marido. Ela é leal a ele e ficou verdadeiramente abalada ao se inteirar da sua verdadeira condição econômica. Mas a proposta que ela fez a Axelroad tem, no fundo, muito mais de seu desejo profissional, do que a necessidade de ajudar sua família. Claro que ela conseguiu unir as duas coisas numa solução que a faria muito feliz. Ela buscou também criar novas regras para não incorrer em erros antigos. Mas toda sua boa intenção foi camuflada pelo objetivo principal. Isso ficou tão claro que foi o próprio Chuck quem se encarregou de dizer a ela. Ela ama o que construiu com ele dentro de casa, mas talvez o que a mantenha ela viva seja o que construiu fora, na empresa do principal inimigo do procurador. Voltar para o meio dessa guerra, pode não ser a opção mais inteligente para recuperar o seu casamento.

Falando no procurador, não posso deixar de comentar que foi outro que viveu uma guinada de emoções contraditórias no episódio. Ele ainda teve um tempinho para degustar o delicioso sabor da vitória, que foi sacramentada com a ligação da procuradora-geral. Teve tempo de ser irônico ao se despedir de Oliver Dake, encerrando mais uma dor de cabeça em sua vida. Teve tempo de viver uma quase reconciliação com Wendy. E teve tempo também de provar sua sabedoria, ao orientar Connerty e bater o pé sobre a linha de condução do julgamento de Boyd. Até então todos os conselhos que deu a seus pupilos têm se comprovado excelentes técnicas para pressionar o adversário e virar o jogo. Boyd cedeu mais uma vez à pressão de Chuck, desagradando Axelroad e comprovando sua inabilidade de agir da forma recomendada, quando está sob pressão.

Divulgação/Showtime

Enfim, quando estava tudo caminhando nos trilhos da felicidade, todos os chacras alinhados, todos os resultados positivos, vem seu advogado com a melhor informação do dia, esperando toda a euforia que ela deveria provocar, certo? Só que não. Se tem um ponto de tensão na vida do procurador, que consegue abalá-lo e mudar a perspectiva sob a qual ele vê o que acontece, é sua quase-ex-mulher. As atitudes de Wendy foram 100% reprovadas por Chuck, que volta assim, ao ponto zero de sua reconciliação e ao ponto dez do seu ódio por Axelroad. Sempre soube que nessa disputa de egos, a terapeuta é o maior prêmio. Resta saber quem vai conseguir manter o trofeu nas mãos por mais tempo.


Notas:

  • Connerty mandou muito bem na sua escolha de juri, a ponto de fazer Boyd borrar as calças. Mais inteligente que ganhar a discussão, é saber ouvir e assimilar o melhor momento de aplicar um conselho. Ele soube fazer tudo isso e arrebentou no tribunal;
  • Legal ver os momentos do Chuck em casa, quando ele finalmente relaxa e não fica sempre na defensiva;
  • Oliver Dake perdeu a batalha, mas deixou no ar que não perdeu a guerra. Se tem um personagem que respira ética nesse seriado, arrisco dizer que é esse aí. Vamos ver se ele volta a incomodar o procurador.

 


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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