A 3ª temporada de Black Mirror estreou nesta sexta feira e a gente, que não é bobo nem nada, já fez o dever de casa e tratou de maratonar rapidinho os 6 episódios liberados pela Netflix. A premissa continua a mesma e a crítica a comportamentos e valores sociais permanece em pauta. Nosevide conta a história de Lacie, uma mulher que vive num mundo não muito distante da nossa realidade, em que o mais importante não é a felicidade, mas sim o status, as amizades e os likes.
Tudo é voltado para o valor que você é e não que você tem. Exatamente isso que vocês leram. As pessoas são igualadas as coisas a partir do momento em que é possível dar notas a elas, seja por comportamento, por afinidade, vestimenta, networking e por assim vai. Nesse mundo que a Lacie e seu irmão vivem, as pessoas deixam de viver as suas vidas, ou melhor, deixam de aproveitar a vida para brincar e fingir que são perfeitas e maravilhosas perante os olhares e julgamentos dos outros. É curioso imaginar que da mesma forma que Lacie vive por curtidas e ascensão social, a maioria das pessoas do nosso dia a dia segue os mesmos passos. As pessoas pararam de viver em prol delas mesmas e passaram a competir entre si sobre quem é mais popular em redes sociais, divulgando não só as suas intimidades, como falsidades e mentiras constantes, como se o mundo fosse daquele jeito, perfeito e adorável. Como se o chocolate quente estivesse realmente bom, ou como se aquela boneca de infância realmente fosse algo que você ainda se importa.
As pessoas pararam de se importar com os outros a partir do momento que perceberam que nada lucrariam com isso. Sendo assim, o “se importar” serve como forma de se promover em algum local de atuação, seja ele a escola, faculdade, academia, vizinhança, trabalho e outros. Do mesmo modo que a protagonista da premiere finge viver uma vida cheia de riquezas e ostentações, passando por cima de valores e morais ensinados desde a infância, tudo em razão do status e das benditas curtidas, a nossa sociedade segue no mesmo ritmo e tudo que move essa realidade tão similar a do episódio é o capitalismo e o consumo, que andam atrelados e de mãos dadas, fazendo com que marionetes como nós tampem os olhos para o senso crítico, para as massas de manobras, os fantoches e, a cada dia, disputem um lugar no topo, com ou sem felicidade.
Para que a indústria do consumo ligada ao falso moralismo que as redes sociais implantam acabe, é necessário que a sociedade se conscientize de que esta não é a forma adequada de viver. E para que pessoas como, por exemplo, aquela mulher que a Lacie encontrou na estrada não sejam a minoria em face de muitas Naomi’s existentes por aí, é necessário também que o senso crítico não permaneça no vazio, não seja ponta solta no universo de milhões.
A forma como a série consegue nos fazer pensar e entender que as coisas são muito mais profundas do que aparentam ser é surreal. Bryce Dallas consegue passar tudo com perfeição; interpretando uma personagem que só vive em função das boas avaliações, fugindo do seu “eu” verdadeiro. Com atitudes que beiram o ridículo, como as gargalhadas forçadas, o consumismo apenas para se exibir, aquela necessidade incessante de ser bem vista por algum motivo… sempre mostrando um desconforto, mas se afundando cada vez mais nesse mar de aparências. Por sorte e por um aprendizado da maneira mais dura possível, ela se libertou e conseguiu dizer “foda-se” para esse mundo. Mas e você, já disse foda-se ou ainda está preso numa realidade similar a de Nosevide?
E aí pessoal? Gostaram da volta de Black Mirror? Não deixem de acompanhar nossas reviews e de comentar o que acharam do episódio? Beleza?!
