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Brothers & Sisters – O dramalhão mexicano da vez

Por: em 30 de setembro de 2010

Brothers & Sisters – O dramalhão mexicano da vez

Por: em

Esse texto contém spoilers para quem ainda não assistiu o início da 5ª temporada de Brothers & Sisters.

Antes de escrever esse texto, fiz questão de rever o piloto de Brothers & Sisters pra ter a certeza de que não estaria falando bobagem. De qualquer forma, sei que haverá quem discorde do meu ponto de vista e questione a minha competência para avaliar uma série e julgá-la de forma tão dura. Que seja, falar mal de Brothers & Sisters vale toda e qualquer repercussão negativa.

Em 2006 fomos apresentados aos Walker; uma tradicional, politizada e divertida família de Pasadena. De lá pra cá, infelizmente só parece ter sobrado um desses adjetivos: tradicional. Não me entenda mal, adorei os três primeiros anos de convivência com os Walker; tanto que não poderia de forma alguma dizer que me arrependi de tê-los conhecido. O problema é o que aconteceu com a série de 2009 pra cá.

Hoje, ao assistir Brothers & Sisters, fica claro que a série não é mais o que foi um dia. Seja lá o que tenha sido. E a prova de que eu não estou sozinha nessa história está nos números da audiência americana. Embora 9,64 milhões de pessoas tenham assistido o retorno da série para a quinta temporada, a média de telespectadores na temporada passada era de 8,5 milhões. Pra uma série que estreou com 16 milhões de telespectadores, é uma perda inacreditável de audiência: quase 50% do seu público abandonou a série ao longo dos seus quatro primeiros anos. Se no Brasil a história se repete ou não, só o Universal Channel sabe.

O mais curioso, nesse caso em específico, é que não houve nenhuma mudança estrutural nos bastidores da série. Jon Robin Baitz, criador de Brothers & Sisters, continua como o principal responsável pelo seu desenvolvimento. No elenco, até a dupla baixa dessa temporada, apenas um personagem importante havia se desligado da série, e mesmo assim não completamente. Balthazar Getty, embora tenha deixado de ser um dos protagonistas, continuou aparecendo esporadicamente, não deixando que o seu Tommy ficasse, em momento algum, deslocado de toda a história condutora da temporada passada.

Então, o que teria acontecido? A queda de qualidade dos roteiros é, sem a menor sombra de dúvidas, o que mais afeta a série. Dos grandes eventos às pequenas cenas do dia-a-dia, os roteiristas parecem ter simplesmente perdido a mão; e a estreia da quinta temporada só vem corroborar com essa impressão.

Se nas primeiras temporadas o problema sério de Justin com as drogas, por exemplo, era sempre alternado com momentos leves entre o resto da família, hoje a desgraça impera sem espaço para intervalos. Não bastou o câncer de Kitty, nem a perda do bebê de Rebecca e Justin, ou mesmo a superveniência do trágico desfecho da briga do Kevin adolescente, sequer a descoberta da doença de Saul, muito menos o acidente do final da temporada envolvendo todo o elenco da série… Mesmo com tanta tragédia em uma única temporada, ainda assim os roteiristas decidiram que deveriam dar a largada nesse quinto ano com um marido em estado vegetativo e uma mãe com problemas sérios de perda de memória recente. É muita tragédia pra uma série só.


E quem já assistiu o retorno da série deve concordar comigo que o mais injustificável da trama relâmpago de Kitty, criada e resolvida em apenas um episódio, foi a ausência de Rob Lowe no papel do então vegetativo Robert McCallister. Se o ator não renovou o contrato e não quis participar de um episódio sequer, então não seria mais saudável para a série simplesmente matá-lo? Vale lembrar que um ano se passou para os Walker desde o acidente, e se Kitty passou um ano cortando as unhas do seu marido, há se de esperar que tenhamos uma versão mais amargurada da personagem nessa temporada. Ou não? É difícil escolher o caminho pior: uma Kitty marcada pelo que a vida lhe trouxe de pior, ou uma Kitty feliz e sorridente, superando tamanho trauma em apenas um episódio.

Outra ausência a ser sentida em breve é a de Emily Vancamp. A intérprete da mulher de Justin também optou por abandonar o barco antes que ele afundasse, e sua saída da série é a garantia de mais drama a curto prazo. E o que leva atrizes como Sally Field, Calista Flockhart e Rachel Griffiths a continuarem apostando na trama? Nunca se sabe a extensão do contrato assinado pelo trio de protagonistas, mas é certo que tanto Calista quanto Rachel nunca tiveram uma carreira expressiva no cinema; continuar numa série da ABC é a garantia de um lugar na mídia até que algo melhor apareça. Já Sally Field chegou numa idade em que, infelizmente, ou não há papéis interessantes, ou eles já foram ocupados por Meryl Streep.

Com o elenco completo ou não, frente a qualidade das histórias que tem sido apresentadas em Brothers & Sisters, é difícil pensar numa sobrevida para a série além dessa temporada. Só nos resta torcer pra que, se as coisas se caminharem mesmo para um fim, que seja com a dignidade e a leveza que um dia os Walker tiveram. Se é que isso ainda é possível. 

Para relembrar e comentar sobre outras séries que, em algum ponto, nos decepcionaram, recomendo a leitura do nosso texto: Quando as séries de perdem.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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