Quem é fã de Community, sofreu com aquele terrível anúncio de que a NBC tinha cancelado umas das melhores séries de comédia, principalmente pra quem ama cultura nerd. Felizmente, o canal de streaming Yahoo salvou a atração, e pudemos assistir o tão esperado sexto ano da obra de arte de Dan Harmon. Porém quem começou a acompanhar os episódios que prometeram tanto, podem ter se decepcionado um pouco no começo da temporada.
Ao migrar para o Yahoo, Community perdeu três de seus personagens. Shirley, Professor Ian Duncan e Professor Buzz Hickey resolveram acabar sua participação na série. Logicamente que novas caras seriam necessárias pra deixar a dinâmica do antigo grupo de estudos agitada. Então conhecemos Elroy Patashnik, um ex-cientista que foi pioneiro na área de realidade virtual nos anos 90 e Frankie Dart, uma mulher decidida e inteligente contratada pelo Dean Pelton para colocar as contas de Greendale na ponta do lápis e tirar a faculdade da beira da falência. Não me entendam mal, os personagens são bons, porém até conhecermos um pouco mais deles e começarmos a nos afeiçoar a aqueles novos rostos, a participação deles era completamente sem sentido. Demorou cerca de 6 episódios para que a narrativa dos dois fosse gostosa de acompanhar e que eles se realmente fizessem parte do grupo.
Os veteranos continuaram maravilhosos. É engraçado você acompanhar todo o crescimento deles desde a season one. Adorei o fato de Britta começar a morar com Annie e Abed! A dinâmica dos três e as constantes provocações sobre os pais da (quase) revolucionária pagarem suas contas são hilárias! Já Jeffrey ganhou mais foco no núcleo da universidade, sendo um grande apoiador de Frankie para mudar Greendale. Achei interessante ver que ele não mudou seu estereótipo, ainda fingindo ser alguém apático às outras pessoas e sendo um mau professor. Porém ele mostrou ser alguém que se importa de verdade com a faculdade e com seu grupo de amigos. Dean Pelton estava mais pirado do que nunca, nos fazendo dar várias risadas com suas loucuras, como quando ele ficou viciado em seu jogo de realidade virtual ou naquela cena épica no elevador (uma clara referência a Capitão América: Soldado Invernal) no novo episódio sobre a inacabável Batalha de Paintball, mas o que realmente me impressionou foi ele realmente divulgar sua sexualidade, e para o espanto de muita gente, ele não é homossexual.
Algo que não se pode reclamar nessa sexta temporada é dos episódios especiais. Essa série sempre conseguiu entregar novas propostas e temas inusitados, e acho que isso que a faz ser tão especial para muitas pessoas. Não teve episódio de Dungeons and Dragons, mas em compensação além da tão famosa Batalha de Paintball, o pessoal de Greendale gravou um filme super estranho para ganhar dinheiro através da repentina fama de Chang, o comitê fez uma viagem maluca para entregar uma mão gigante que Dean Pelton comprou e Abed insistia em fazer flashbacks e claro, não podemos esquecer da series finale, onde cada um imagina o que todos estariam fazendo na season seven. Esses sempre eram os melhores episódios em minha opinião. Eram divertidos, diferentes e nunca focavam somente na história de um personagem, eles sempre estavam em muitas cenas em grupo e numa dinâmica muito gostosa de assistir.
Por mais que toda a história de six seasons and a movie tenha começado em um episódio qualquer onde Abed defendia que Cougar Town deveria ter essa durabilidade, felizmente isso foi incorporado para série de Dan Harmon. Por mais que a série continue maravilhosa, a perca de importantes membros do grupo começam a afetar tanto nós telespectadores, quanto os próprios personagens. Ao longo da temporada, muito foi citado à morte de Pierce, a decorrente saída de Troy e a que mais me chocou, a de Shirley. Eles mesmos estão sentindo a falta desses amigos e as histórias que eles agregavam, portanto é impossível para nós que estamos assistindo também não sentir o mesmo. O novo grupo tem uma boa química, mas quem mais só com a aparição minúscula de Shirley no ultimo episódio já não estava torcendo pra ela voltar? E como foi muito falado no series finale, todos estão seguindo um novo caminho. Quem imaginaria que Abed conseguiria ser seguro o suficiente para embarcar numa aventura só sua?
Dan Harmon desenvolveu muito bem seus personagens em seis anos, tanto que essa foi a única vez que uma série que eu acompanhei acabou, e eu não fiquei insatisfeita com o desfecho de alguém. A verdade é que depois de terminar a season six, nem eu conseguiria imaginar uma season seven. Community foi criada pra ser única e irreverente, e foi isso que ela conseguiu ser. Por mais que todos nós amamos o (quase) casal Jeff e Annie, usá-los como artifício para audiência nunca foi uma opção. A cena singela no fim do episódio foi respeitosa para quem sempre quis os dois juntos, mas também não traiu a essência da série, mostrando que coloca-los em um relacionamento nos últimos segundos da series finale seria incoerente.
Extra:
Aqui fica o vídeo de um dos melhores episódios e que mostra o quanto Community consegue criar personagens únicos. Elroy, o viciado em estimular pessoas brancas:
Quem acompanhou os seis anos dessa história devem estar muito satisfeitos com o fim. Acho que a série acabou na hora certa, afinal como Chang falou, são pouquíssimas as comédias que passam da sexta temporada e não perdem a qualidade. Pra quem é fã de Community fica a saudade e a ansiedade para o tão esperado filme!
