Se há uma coisa que Containment já provou que sabe fazer é trabalhar relações humanas. Confesso que antes de assistir ao piloto estava com o pé atrás e não colocava nenhuma fé na série, temendo que a trama se tornasse megalomaníaca demais. No entanto, a história tem conseguido se manter concisa e optado por focar nos personagens, fator que muito me agrada.
Nessa semana vimos o caos começar a tomar conta de Atlanta, especialmente da zona isolada. Não era difícil prever que isso aconteceria, tragédias podem revelar tanto o melhor quanto o pior da humanidade. Além disso, quanto se soma uma grande quantidade de pessoas assustadas, sem saber em que acreditar – tanto pelo excesso quanto pela falta de informação – com a ausência de autoridades capazes de manter a situação sobre controle, o resultado não pode ser bom.
Tendo esse contexto em mente, vemos Jake se desdobrar para tentar manter alguma ordem, enquanto se vê obrigado a desempenhar dois trabalhos: o de policial e o de cremador (?) de corpos. Nenhuma das duas atividades têm se mostrado fácil, ainda assim, é interessante perceber como Jake se coloca como um homem comum em meio a tudo aquilo. Em sua conversa com Lex deixa claro que, embora seja um policial, nunca teve a pretensão de ser um herói, essa alcunha pertence supostamente ao amigo. Contudo, essa sua tendência de pelo menos tentar fazer o que é certo tem feito dele, ao menos para mim, a figura mais heroica dentro da série.
Lex, por outro lado, é o homem que tenta agir conforme o dever. É evidente que o major tem boas intenções, o que não quer dizer que está sempre fazendo a coisa certa. Esse conceito de certo e errado, no entanto, é algo que se torna cada vez mais cinza, gerando um conflito que em Be Angry at the Sun é representado por dois polos: o governo/polícia e o jornalista Leo Greene.
Os dois pontos de vista são interessantes. Sabine opta por filtrar informações, tentando diminuir o pânico e fazer com que as pessoas sigam as regras. Leo, por sua vez, acredita que a população tem o direito de saber o que está verdadeiramente acontecendo e que esse é o seu trabalho. Como estudante de jornalismo tenho inclinação a concordar com o último ponto de vista. Ainda assim, isso não faz com que aceite todas as atitudes que o representante da imprensa tem tomado série.
Revelar a localização de uma possível saída da zona de quarentena foi irresponsável, perigoso e acabou resultando na morte de um homem. O que também não justifica o ato de cortar a internet de todas as pessoas dentro do cordão. Cercear a informação não irá fazer com que o medo desapareça, isso para não mencionar a pegada totalitária da medida. Como é possível perceber, toda essa situação é bastante delicada e até o momento não consigo enxergar um meio termo ou qualquer forma de apontar quem está certo ou errado. Acompanhar o conflito e refletir sobre ele, no entanto, tem sido bem interessante e feito a série subir no meu conceito.
De qualquer forma, Be Angry at the Sun foi um excelente episódio que evidencia como o principal foco de Containment está nos personagens, nas relações que estabelecem e nos conflitos causados durante uma situação caótica. Esse é certamente o grande acerto da série e o elemento que me faz admitir que meus julgamentos iniciais estavam errados, enquanto desejo continuar assistindo.
Observações:
— Enquanto tudo isso acontecia, Katie se sentia culpada por uma das crianças que cuidava ter sido possivelmente exposta ao vírus;
— Já Jana se tornava figura não quista entre os colegas de trabalho por tentar agir com precaução para evitar possíveis contaminações;
—Teresa também não teve uma participação muito ativa, se limitando a ver a loja da mãe ser quase assaltada.