Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Demolidor – 1×02 Cut Man

Por: em 15 de abril de 2015

Demolidor – 1×02 Cut Man

Por: em

Demolidor conseguiu o que poucas séries conseguem: Apresentar um segundo episódio complementar e ainda melhor que seu primeiro. Se no piloto da série da Netflix conhecemos superficialmente Matt Murdock e sua busca por justiça, em Cut Man, temos quase 1 hora de mergulho no seu passado e no seu presente (além de podermos especular o futuro), em uma imersão psicológica sustentada por um ótimo roteiro.

Claire Temple demolidor

Foram basicamente 3 frentes de narrativa. Na principal delas, conhecemos Claire Temple, interpretada pela sempre ótima Rosario Dawson. Pelo que deu pra perceber, ela fará as vezes de Enfermeira Noturna na série, papel que nos quadrinhos do Demolidor cabia a Linda Carter. A Night Nurse, como o próprio nome sugere, é uma enfermeira que cuida dos ferimentos dos super heróis de Nova York durante a noite, exatamente como Claire fez muito bem aqui com Matt. Um dos acertos foi a ótima química entre Charlie Cox e Dawson (sério, esse cara tem química com todo mundo?), que fez do encontro inicial entre Claire e Matt uma sequência interessante

O bacana é que a relação entre os dois já evoluiu. Matt obviamente se preocupou com a segurança de Claire quando a colocou no meio da situação com a gangue que o estava caçando (que, durante todo o episódio, já deu indícios sutis de que existe algo/alguém maior por trás de tudo, em referências subentendidas ao Rei do Crime). E Claire não ajudou o vigilante apenas por seguir sua profissão (embora isso também seja um motivo). A personagem esteve presente para mostrar a Murdock que ele importa mais do que imagina. As ruas de Hell’s Kitchen já começaram a sentir o impacto de suas ações e o encontro com a enfermeira foi necessário para que o rapaz entendesse isso – e, de certa forma, começasse a processar a importância que ele agora exerce. Além de, é claro, servir para incrementar o repertório de golpes do vigilante. Excelente dica a do nervo.

Por saber a identidade do rapaz, a presença de Claire (nos episódios em que ela aparecer) tem potencial para ser algo bacana e ir além de uma simples curandeira. A personagem pode surgir como confidente, uma vigilante B, por assim dizer: Alguém em quem Murdock pode confiar. Ainda nesse núcleo, as cenas de ação não decepcionaram e o mais bacana é ver que, mesmo após os cuidados de Claire, Matt não estava curado e ao passo em que batia, também apanhava e caía. Mais uma amostra do realismo cru de Demolidor. 

daredevil jack murdock

A segunda linha narrativa que o episódio seguiu foi no passado, mostrando um pouco mais sobre o pai de Matt e fazendo valer a frase que ouvimos no piloto: Os garotos Murdock tem o demônio no corpo. Jack Murdock era tão casca grossa como Matt, com a diferença de que o pai deixava os sentimentos um pouquinho mais a mostra que o filho e acabou derrubado exatamente por aquilo que ele mais amava no mundo, mesmo que de forma indireta. Ver que Matt ficou orfão porque o pai queria que, ao menos uma vez, o filho sentisse orgulho dele ao vencer uma luta traz questionamentos interessantes, sobre fins justificando os meios e até onde é possível lutar por sobrevivência no mundo e manter intactos valores primordiais como ética e honra.

De certa maneira, os flashbacks desse episódio também servem como complemento aos do episódio passado e mostram o cuidado do roteiro ao ligar os capítulos e não deixá-los soltos (eu sempre defendo que os 3 primeiros episódios de uma série são os mais importantes porque tem a missão de fisgar o publico e amarrar o princípio de história que será contado – Demolidor até agora vem cumprindo isso com maestria). No passado, vimos o acidente que deixou o garoto cego e aqui como ele perdeu seu pai – provavelmente, os dois acontecimentos de maior impacto para a transformação do garoto de ontem no homem de hoje.

E no terceiro plot central, vimos os desdobramentos de Karen e o início de sua relação com Foggy. Para quem quase foi presa e assassinada, a garota até reagiu bem e levou a sério os ensinamentos de “sempre tirar o melhor da situação”. Ainda não dá pra saber muito bem qual será seu papel  no seriado, mas por enquanto, ela e Foggy serviram como um bom alívio cômico que, sem ser exagerado, atenuou a tensão dos plots de Claire/Matt e do flashback e também conhecemos um pouco da vida noturna de Hell’s Kitchen.

Assim como no primeiro episódio, a direção também acertou novamente, em sequências como a luta no corredor ou Claire, Matt e o perseguidor em cima do prédio. A fotografia confirmou o tom pesado do programa, a trilha sonora quase imperceptível deu o tom e, no saldo final, Demolidor continua sendo uma das maiores promessas do ano.

Que os deuses das boas adaptações permitam que assim continue. E lembrem-se que o que importa não é como você cai, e sim como você se levanta.

No sábado, review do 3º episódio. Por enquanto, aproveita pra comentar o que achou dos 2 primeiros capítulos da história do Homem sem Medo!

Área reservada para referências

Bom, como eu disse anteriormente, não sou uma máquina de pegar referências perdidas, então se eu esquecer de alguma ou falar besteira, podem soltar na caixa de comentários!

– Nos quadrinhos, Claire namorou Luke Cage – sim, aquele que vai ganhar uma série na Netflix também em 2016. Ela também se refere a um ex chamado “Mike”. Algumas especulações levam a crer que o mesmo seria Mike Peterson, o Deathlok de Agents of SHIELD.

– Claire continua referindo-se a Matt como “Mike”, porque ela não sabe seu nome verdadeiro. Bem, “Mike Murdock” vem de um pouco particularmente estranha história do Demolidor, onde Matt teve que posar como seu próprio (não cego) irmão gêmeo, a fim de livrar-se da suspeita de que ele é realmente o Demolidor.

– Um dos caras que está presente no Fogwell Gym quando Jack Murdock está lá é Roscoe Sweeney, conhecido nos quadrinhos como The Fixer, um cara responsável por “consertar” lutas. E o adversário que ele faz Jack enfrentar é o já conhecido Creel ou Homem Absorvente, que foi visto em episódios recentes de Agents of S.H.I.E.L.D.

– Na academia, também é possível se ver um poster onde está escrito Weeks vs. Barton. Barton é o sobrenome de Clint Barton, o nosso conhecido Gavião Arqueiro.

A fonte das referências (e de mais algumas, em inglês) está aqui.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

×