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Demolidor – 1×12 The Ones We Leave Behind

Por: em 29 de maio de 2015

Demolidor – 1×12 The Ones We Leave Behind

Por: em

The Ones We Leave Behind foi um dos capítulos mais emocionantes de Demolidor. Como eu disse na resenha anterior, Matt Murdock cansou de suas reflexões, aceitou o seu demônio interior e agora é um homem com uma missão, com vilões e objetivos definidos. Aquela perseguição sobre os telhados foi uma das sequências mais excitantes da série, onde o homem – travestido de uniformes – descobre um dos últimos covis que financiam o império de Fisk, a cruel linha de montagem de drogas de Madame Gao.

Tudo isso levou ao confronto do Demolidor com a aparentemente frágil senhora, que se revela uma ninja com uma mão bem pesada que o golpeia para longe e consegue fugir. Isso tudo deu a Matt uma nova e justificável perspectiva de que sua fixação por Wilson Fisk, que acabou por consumi-lo, impediu de ver que existem coisas muito piores acontecendo dentro (e fora) de Hell’s Kitchen. O momento em que finalmente ele desmorona nos braços de Karen ao final do episódio, horrorizado com a situação daqueles escravos, parece que significou a realização dele de que há um universo muito mais amplo que ele em algum momento precisará lidar. Achei a cena entre os dois muito sensível e tocante, pois Matt não precisou falar nada, sua dor pulsava e Karen estava ali para segurá-lo. Um raro e necessário momento em que o demônio mostra também ser um homem, suscetível aos horrores que irá enfrentar.

karen matt

Ainda comentando sobre a sequencia dentro da fábrica, foi muito bom ver ele se colocando como um herói para salvar aqueles pobres chineses que foram forçados a ter a mesma deficiência que o transformou para sempre. Curioso inclusive a “parceria” com o homem de Gao que o ajuda a evacuar o local. Isso mostra que o Demolidor não existe apenas para espancar seus inimigos (uma coisa que nós definitivamente amamos), mas também em salvar pessoas inocentes e tentar dar algum sentido à vida delas. Acho que esse caminho todo (óbvio contando tudo que ele fez anteriormente) finalmente culmina nele se aceitando como um herói – estamos mais do que acostumados em assistir as contradições que acometem essas pessoas que como a icônica frase do Tio Ben muito bem explicita, precisam passar por diversas agruras para finalmente se comprometer com as responsabilidades que emanam dos seus poderes.

wesley fisk

Enquanto Matt enfim parece ter encontrado seu propósito, Fisk está mais perdido do que nunca, pois ele definitivamente não sabe quem são seus inimigos e isso o está fazendo com que aquele homem que outrora parecia intocável, esteja agora desmoronando aos poucos. Ele realmente parece não saber de onde vai vir o próximo golpe. Vanessa que se mostrou um pilar, à quem ele jurou proteger, ainda está se recuperando do envenenamento em que ele em tese seria o alvo. Wesley, o homem que desde o princípio foi leal à ele é encontrado morto e foi claro que ver seu braço direito, diria até que algo mais próximo de um amigo que ele jamais teve, naquelas condições parece ter feito com que ele se recobrasse do estado catatônico em que ficou depois do atentado à Vanessa. Mas nada disso se compara o impacto dele descobrir que foram mexer com a sua mãe. Afinal, existe a máxima “mexe comigo, mas não ouse mexer como a minha mãe” e quem pagou o pato foi Ben Urich.

O jornalista demitido por colocar o passado de Fisk na primeira página do jornal, sai completamente decepcionado com o jornal a que ele praticamente dedicou a sua vida. Ainda abatido com isso ele acaba tendo um sombrio encontro com sua pauta. Depois daquela violência que vimos quando Fisk decapitou o russo com a porta do carro, óbvio que estava claro que aqueles eram os últimos minutos de vida do jornalista. Depois de uma franca conversa, a cena em que ele é morto foi seca, crua. Ele morreu porque, como em toda sua carreira, nunca se acovardou. Ao mesmo tempo melancólico, mas compatível com a trajetória do personagem. E é claro que a morte dele será um clique para que Matt, Foggy e Karen consigam dar um golpe final e sem escapatória em Fisk.

wilson ben

Falando em Foggy, foi bom que ele não desistiu da luta. Ele só precisava de um tempo para lidar com a realidade, que é completamente diferente do que ele acreditava. Acaba que seu envolvimento com Marci parece que será crucial para expor Fisk pelas vias da lei, afinal foi por isso que ele e Matt se uniram depois de formados advogados. Gostei muito da atitude dele nesse episódio e acredito que muito mais que o Demolidor, expor toda corrupção e ilegalidades do império do Rei do Crime será fundamental para atingir não somente um homem e sim desmantelar uma organização.

Karen foi uma personagem que apenas pareceu orbitar na história em The Ones We Leave Behind. Tivemos somente uma idéia de como matar Wesley e não poder dividir isso com ninguém à afetou, não muito mas que isso. A jovem foi muito mais uma catalisadora na situação entre Matt e Foggy e elemento incentivador para que Ben publicasse a história. Mas dentro do contexto desse capítulo, ela não teve muita participação. Uma coisa que continua me incomodando é toda essa especulação criada sobre o seu passado, mas sem sinal de que algo nos será revelado. Fiquei esperando ela desabafar com Matt ou Foggy sobre Wesley, fazendo com que eles se unissem mais uma vez, mas não. Acredito que a morte de Urich será o que unirá os três novamente, e acho que muito mais do que o Demolidor, é dessa união que sairá o golpe definitivo.

O penúltimo capítulo da série foi um dos melhores até aqui – ao mesmo tempo de já nos deixar completamente saudosos por estar acabando. Todos os acontecimentos, principalmente o dos dois últimos episódios, deixam claro que resultará no embate e definitivamente épico entre o Demolidor e Wilson Fisk, que é, sem sombra de dúvidas, além dele vestido em seu clássico uniforme vermelho, uma das coisas que nós mais queremos ver. Prontos para o final?


Observações:

punho de ferro

– O easter egg mais importante do episódio foi sobre Madame GaO. Ao sugerir que ela está diretamente ligada às Serpentes de Aço, conecta a senhorinha diretamente à mitologia do Punho de Ferro, que também ganhará uma série para chamar de sua. Isso aliado com a força sobrenatural de seu golpe e sua afirmação de que seu lar é em um lugar bem mais distante que a china. Mais uma vez, podemos tirar que ela tenha se referido a K’un L’un, outra referência ao Punho de Ferro. Acredito que a veremos novamente.

– Só para explicar, o Punho de Ferro, alter-ego de Daniel Rand, ganhou sua inacreditável força nas mãos ao encontrar a mística cidade de K’un L’un, em uma expedição que fez com seu pai. O misterioso local só se manifesta na Terra de 10 em 10 anos, e lá ele é treinado nas artes marciais e místicas, que dão ao seu soco uma força sobre humana. Ele faz parte da ordem YuTi, sendo as Serpentes de Aço seu inimigo mais clássico.

– Já mostrada na sala de Urich nos primeiros episódios, a capa do jornal com a notícia sobre a Batalha de Nova York foi mostrada com mais destaque. Óbvio que vibramos com essas sutis referências que encaixam a série dentro do MCU. O diferente é que, como sugerido em toda série, a guerra heróica que vibramos ao assistir no primeiro filme dos Vingadores, também trouxe consequências trágicas para a cidade e seus moradores. Além da ascensão do crime organizado na reconstrução de Hell’s Kitchen, bem se lê na manchete: Batalha de Nova York – Prédios destruídos e centenas de mortos na batalha no centro da cidade.

Captura de tela inteira 29052015 170711.bmp

– Mesmo que Fisk seja o principal nemesis da série, decapitando e sufocando pessoas e etc, é impossível não se comover com a atenção e a preocupação dele com a mãe, ou a reação ao descobrir o corpo de Wesley.

– Foi interessante ver a parceria de Owsley e Madame GaO, completamente sem limites frente à algo que prejudicaria o negócio deles. Eles envenenaram uma festa inteira só para eventualmente conseguir atingir a Vanessa. Inescrupulosos ao extremo. Basta saber se Owsley vai se conformar ou tentar mais algum movimento contra Fisk.

– A sala na frente do Nelson & Murdock’s tem o nome de Atlas Investments. Atlas foi o primeiro nome da Marvel, antes de se tornar Marvel.

– Nos quadrinhos, o jornalista não tem muita dificuldade em descobrir que Matt é o Demolidor. Na série fica apenas a sugestão quando ele fala ‘sounds like a boxer’. Mas ele morreu sem saber ao certo o nome do seu peculiar parceiro de trabalho.

– Vanessa também parece completamente ok com o fato do homem que ela ama ser um criminoso. No início eu achava que ela estava se fazendo de cega, fingindo não enxergar a realidade. Mas essa mulher não é boba não, ela sabe muito bem onde amarrou o bode e não vai sair do lado dele. Essa personalidade difere um pouco dos quadrinhos, onde ela não dá tanto suporte às atividades de Fisk que, inclusive, em um momento chega a desistir dessa vida por ela. O que é igual e indubitável é que realmente é amor o que existe ali.

– O uniforme está pronto, crianças.

– R.I.P Ben Urich


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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