“Ainda não viu um trono que não deseje.”
Começar o episódio mostrando as horas seguintes a prisão de Fisk, depois do chocante retorno ao fim do 8, foi o modo perfeito de dizer que teríamos uma hora alucinante e que pode ser facilmente colocada entre as melhores da série. O Rei do Crime é o tipo de pessoa que, mesmo em um ambiente aparentemente hostil, não muda sua personalidade e foi exatamente isso que os minutos pré-abertura nos mostraram. Mesmo atrás das grades, assistimos ele encontrando uma saída para ali, também ser Rei. E essa saída tem nome e sobrenome: Frank Castle.
Wikson Fisk é tão astuto que, mesmo por trás de grades, percebeu o senso de vingança que atormenta Frank e descobriu como usar isso ao seu favor. Unindo isso ao “Vejo que recebeu minha mensagem” do episódio 8, fica óbvio que o surto de Frank no tribunal foi algo propositado, para chegar até a cadeia e poder se vingar que, segundo o Rei do Crime, foi responsável direto pelo massacre a sua família.
Massacre que, graças a confissão de Datton e a investigação de Karen, descobrimos não ser um simples massacre, mas uma operação policial disfarçada. A surpresa estampada nos olhos de Frank é clara, mas se em algum momento alguém achou que ele poderia acreditar que as mortes que cometeu foram em vão, isso passou na hora em que ele matou o bandido. O que muda efetivamente agora é que Castle sabe que a culpa da morte de sua família não se restringe a gangue, mas também envolve a polícia.
Depois da cena sangrenta do assassinato dos detentos, já esperava que Frank conseguisse fugir. O embate entre ele e Fisk nos minutos finais vem para comprovar algumas coisas. Primeiro, o arriscado plano do Rei do Crime, de provocar o Punisher e libertá-lo para que “limpe” a cidade até o momento em que Fisk decida se reerguer. Segundo, o quanto de poder Wilson consegue exercer, mesmo dentro da prisão. Quem é Rei, nunca perde a Majestade. Essa recém firmada rivalidade promete muito, bem como a vingança de um Frank ainda mais insano do que aquele que foi condenado.
É muito bacana que mesmo tendo acabado de voltar da morte, Matthew ainda mantenha suas convicções, como mostra o pequeno conflito com Elektra a respeito da morte do garoto – que quase o matou, vale dizer. E o interessante é perceber como, da mesma forma como fez com o Justiceiro, o roteiro começa a trabalhar as diferenças entre Matt e Elektra, especialmente quanto à questão da facilidade em matar. Enquanto Matthew repugna a ideia, Elektra sente adrenalina ao fazê-lo e, na sua lógica, o faz por motivos mortalmente corretos. Esperava o rompimento dos dois por essa diferença mais adiante, mas nunca agora, tão cedo. Mais um ponto pra Demolidor.
É uma pena que, nesse momento tão difícil, Matty não tenha nem o apoio de seu melhor amigo. Claro, também não dá pra culpar o Foggy, porque no lugar dele, é possível que a maioria de nós agisse da mesma maneira. Ver o parceiro de trabalho e amigo quase morrer todos os dias em nome do que acredita não é algo que qualquer pessoa conseguiria aceitar e acho que, nesse momento, o Matthew poderia ter tido um pouco mais de tato. Assim como dá pra entender o Foggy, também dá pra entender todo o discurso dele de “Cansei de me desculpar por quem eu sou” e etc, mas, no fim das contas, não era uma pessoa qualquer ali. Era o seu melhor amigo.
O rompimento da amizade – e eventual fim da firma – veio num momento turbulento. Sem Elektra, sem Foggy e sem Karen, Matthew agora está mais sozinho do que nunca em sua jornada, exatamente no momento em que a guerra contra a Mão parece estar prestes a explodir. Aqueles minutos finais com Murdock encontrando Nobu, que supostamente deveria estar morto, mostra que a história que o Stick contou sobre imortalidade não era brincadeira, não, e provavelmente tem ligação com essa drenagem de sangue realizada nos sequestrados.
Dá a mão pro tio e vamos seguir em frente, que esses 4 últimos episódios prometem ser pesados.
Outras observações:
– Karen mais do que certa no desabafo com Foggy. Se ele, que sabe da identidade de Matthew, já está se sentindo abandonado… Imagina ela.
– Falando em Karen, sabe Deus o que ela vai fazer agora que está em posse da informação sobre o massacre do parque ser uma operação policial. Dá até medo.
– Demolidor é incrível em detalhes. A cena do sangue de Frank se encontrando com a água depois da morte dos presos é de uma beleza ímpar.
– A Mão fica cada episódio mais bizarra. A cena do Demolidor encontrando os prisioneiros é angustiante demais. Tô bem curioso pra saber qual o plano deles, de fato.
– “Na prisão, há lugar para apenas um Rei do Crime.” Como pode uma cena tão pequena ser tão significante?