Todos os caminhos levam a Blacksmith.
Depois dos acontecimentos do episódio passado, Hell’s Kitchen se encontra virada de cabeça pra baixo. Enquanto todos os policiais e civis querem a cabeça do Punisher e o culpam pela morte de Reyes, Karen continua firme em sua decisão de acreditar que existe algo de bom em Frank que valha a pena ser salvo. A relação que se estabeleceu entre ambos (e que cresceu a ponto de Karen aceitar mentir pra polícia) é bastante interessante e entrega ótimas cenas, como o encontro no carro. Ambos são unidos não apenas por um backstory complicado, mas pelo desejo em comum de pegar Blacksmith e descobrir a verdade por trás da operação policial que resultou no massacre do parque.
Contudo, decidir ficar ao lado do Justiceiro tem seus ônus. A cena da cafeteria, quando Frank joga na cara dela seus sentimentos por Matt e ainda dá uma lição de moral sobre o verdadeiro significado de pessoas que podem quebrar seu coração, é muito boa e explica muito também da personalidade arisca do Punisher, que como a maioria dos anti-heróis, escolheu construir muros em torno de si, de modo a impedir a aproximação de qualquer pessoa –e a possibilidade de se machucar novamente.
O mais significativo destes ônus parece ser o degringolar (maior do que já estava) de sua relação com Matthew. A discussão dos dois diante da delegacia mostra que pouco restou da confiança que a ruiva tinha no ex-affair e agora, vai ser difícil para Matt conseguir reconstruir isso. Quando Karen prefere a companhia e a “proteção” de um possível lunático que já tentou atirar nela uma vez do que do seu antigo parceiro de firma, é a prova de que a relação dos dois está completamente desgastada.
Matt também enfrenta um confronto de palavras com Claire, finalmente ganhando uma maior importância na trama deste ano. O diálogo entre os dois no começo do episódio ressalta mais uma vez a boa qualidade do texto da série de, mais do que apresentar a saga de um herói não convencional, trazer reflexões sobre o que isso significa. Matthew carrega nos ombros uma responsabilidade muito maior do que devia. Ao se sentir responsável pelo lugar que jurou proteger, ele automaticamente se culpa por toda a bagunça que está acontecendo. E, neste exato momento de sua vida, autoindulgência é a última coisa que ele precisa.
Já Claire, por ter sido jogada nessa história, também paga o preço. Quase perdeu o emprego, foi instruída a ficar de boca fechada e é claro que ela jamais o faria. Se aceitasse suborno, ela seria incoerente com a personalidade que nos apresentou até aqui. Ela é o tipo de profissional que jamais deixaria passar o fato de que aquelas vítimas já poderiam ter estado mortas antes e externar isso em voz alta pode ter sido responsável por coloca-la diretamente na mira da Mão – que, em minha humilde opinião, terá alguma ligação direta com toda a saga de Blacksmith e do Justiceiro.
Saga que o Demolidor também escolheu seguir aqui e que o colocou frente a frente com Madame Gao, em uma ótima participação especial. O diálogo entre os dois, permeado de subtextos, ameaças sutis e imponência, foi maravilhoso. Desde a temporada passada, a personagem se restringe a pequenas aparições, mas todas elas recheadas de significado e aqui não foi diferente. Espero o momento em que ela entrará de vez em uma trama. Quem sabe na 3ª temporada.
E, no clímax, voltamos ao início. Ao conflito Demolidor x Justiceiro. A luta dos dois no píer foi só mais um capítulo de tudo que eles já viveram até aqui e era necessária para que eles se “acertassem”, embora nunca tenham chegado a ser aliados ou inimigos no sentido pleno da palavra. Mesmo com a negativa de Frank em formar uma aliança (por motivos até nobres. Como ele colocou, ele sabe que o Demolidor estaria cruzando uma linha sem volta), Castle não hesitou em empurrar Matthew para fora do navio prestes a explodir. Como ele próprio se salvou, teremos que esperar (talvez até outra temporada) pra saber. Mas que esse não foi o fim do Justiceiro, pra mim é mais do que claro.
Paguemos pra ver. Até agora, tem valido a pena.
Outras observações:
– Foggy vai aproveitar o acontecido para tentar começar de novo. Acho justo. Espero que isso envolva consertar sua danificada relação com Matt.
– “Segure-se firme. Use as duas mãos e nunca solte. Entendeu?”
– Elektra vs Stick. Promete!!
– Vocês realmente acreditam que a história de Frank e Blacksmith acabou? Eu não.