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Designated Survivor – 1×04 The Enemy

Por: em 17 de outubro de 2016

Designated Survivor – 1×04 The Enemy

Por: em

“Alguma notícia boa?” – Kirkman
“Bom, você dormiu três horas, senhor.” – Aaron
“Ah, as pequenas coisas!” – Kirkman

Governabilidade.

Foi esta a palavra que ficou na minha cabeça o tempo todo enquanto eu assistia à The Enemy. Aquela capacidade básica e essencial ao exercício do poder de governar, que consiste na articulação com partidos políticos aliados para que se torne possível a implementação de políticas e de um plano de governo.

Acho que é seguro dizer que, diante das circunstâncias em que foi empossado e com tanto acontecendo em solo americano, o Presidente Kirkman não tem exatamente um plano de governo a executar neste momento. O problema é que não existe governabilidade sem subordinação.

Governador Royce em Designated Survivor 1x04

Sim, estou falando de John Royce, o infame governador de Michigan e sua vontade de “proteger” seus cidadãos, meio à la Donald Trump. A insubordinação de Royce às ordens do Presidente acontece porque ele se recusa a reconhecer Kirkman como a autoridade máxima dos Estados Unidos, e este ato de rebeldia abre um precedente que coloca a governabilidade de Tom em xeque. Não se governa sem aliados, e, aparentemente, Kirkman não tem nenhum neste momento.

Gostei muito de como este arco foi conduzido, e especialmente de ter visto Kirkman dar um voto de confiança à Emily em um momento tão delicado de seu jovem governo. A mentira que contou a ela pode tê-la deixado magoada e insatisfeita, ainda mais depois de todo o discurso sobre como ele é um homem “sensato” e “razoável”, mas prender Royce era absolutamente necessário para mandar um recado em alto e bom som para todos os outros 49 governadores do país. E, mais importante do que isso, para manter a sua governabilidade.

Aos poucos, em doses talvez não tão homeopáticas quanto gostaria, Kirkman parece estar aprendendo o manejo político que lhe faltava. Em poucas semanas, o Presidente encarou seu maior desafio internacional e sua crise política doméstica mais grave. Mas acho que The Enemy foi extremamente bem-sucedido em mostrar ambas as batalhas do Presidente em um único episódio.

Enquanto tentava domar Royce, Kirkman também foi informado de que já não havia nenhuma dúvida sobre a autoria do atentado terrorista que dizimou o congresso americano. A Al-Sakar é inequivocamente responsável pela tragédia (será?). Mas, ao invés de atacá-los de uma vez por todas, mais uma vez o lado humano de Tom fala mais alto: enquanto um cidadão americano estiver em perigo, nem um único tiro será disparado.

A exoneração de Cochrane não foi só necessária, como também coerente, já que o princípio ali era o mesmo que se aplicava à Royce: a insubordinação não será tolerada. No fim das contas, ainda que à revelia de Kirkman, houve um incidente diplomático grave, já que a Argélia é – ou era – um aliado americano na região. Como os argelinos reagirão à ação dos Estados Unidos? A diplomacia parece ser um ponto forte de Kirkman, o homem que sempre busca fazer a coisa certa. Mas agora é guerra.

“Almirante… Prepare-nos para a guerra!” – Kirkman

E claro que este não será o fim do general. Lembram da tal da governabilidade? Prevejo ainda muita turbulência no caminho do Presidente. Royce não vai ficar preso por toda a eternidade, e Cochrane, que nunca poupou duras críticas à Kirkman, certamente estará sedento por uma retaliação. O que aconteceria se estas duas figuras nefastas se unissem no propósito de derrubá-lo?

Alex Kirkman em Designated Survivor 1x04

Outro ponto positivo do episódio foi Alex. Eu, que vinha reclamando nas últimas reviews sobre o papel da família de Kirkman na série, que parecia sempre tão deslocada de todo o resto, fiquei bastante satisfeita com o arco da personagem. Além de servir como uma espécie de consultora jurídica – de confiança, para variar – para seu marido, Alex voltou a exercer a advocacia ao socorrer uma cliente imigrante que estava em vias de ser deportada. Ao deixar a carapuça de Primeira-Dama momentaneamente para trás, a personagem cresceu. Mas… A que preço? Kimble Hookstraten pode ter sido fundamental para o caso de Alex, mas, como diz aquele velho ditado “uma mão lava a outra”, e Kimble deixou muito claro que Alex lhe deve um favor. Quem aí duvida que ele será cobrado no pior momento possível?

Um aspecto que não gostei tanto, porém, foi o desenvolvimento de Hannah. O arco da personagem anda a passos de tartaruga, e a aparente desistência dela em acompanhar o caso e descartar todas as suas teorias a respeito do atentado, e sobretudo de MacLeish, foram uma perda de tempo. Até porque, quem comprou esta história? Esta atitude nada tem a ver com o pouco que conhecemos da personagem até aqui. Ela ainda me intriga, quero saber mais sobre o passado dela… Mas o caminho não é por aí. Ainda bem que aquele misterioso telefonema já veio nos mostrar que esta “desistência” não vai durar nem cinco minutos… Que diabos ela vai encontrar nesse “quarto 105”?

Designated Survivor tem sido uma grata surpresa desta Fall Season. Apesar de explorar um tema tão batido e – por que não? – controverso, a série soube manter um delicado equilíbrio, e se mantém atual e real até aqui. Royce como o perfeito retrato de tantos políticos radicais e intolerantes tão presentes na vida americana neste momento de sua História, e casos como o da imigrante em apuros são prova disso. A série não tem medo de cutucar a ferida e expor o que de mais feio existe na cultura americana, e merece elogios por isso.

E vocês, o que estão achando?

Até a próxima review!

 

PS: Seth como o porta-voz do governo Kirkman? Sim, por favor. E não vamos esquecer de Aaron sendo Aaron


Gabriela Guimarães

Sonhava em ser jornalista como a Rory, mas acabou bacharel em Direito e Letras. Apaixonada por cafeína, música, livros, séries de tv - boas, ruins e mais ou menos -, será eternamente uma garota Gilmore.

Curitiba / PR

Série Favorita: Gilmore Girls

Não assiste de jeito nenhum: Sex and the City

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