Em meio à grande diversidade de seriados que existem atualmente, infelizmente, podemos contar nos dedos aqueles destinados ao grupo LGBTs. Vários são os motivos que ainda dificultam a quebra de tabu sobre as características de tais pessoas em nossa sociedade que, de certa forma, ainda é conservadora. Mas, uma das formas de mudar o pensamento de outrem, pode ser assistindo seriados! SIM! Vejam só:

Como já dissemos aqui no Apaixonados por Séries, no Dia Internacional de Combate a Homofobia (17 de maio de 2016), a Representatividade Importa e, Importa, MUITO, pois “quando algo ganha corpo, gestos e fala e passa a fazer parte do dia a dia (ainda que de maneira ficcional), ele se torna comum. Quando ele se torna comum, os olhos que outrora seriam de julgamento e rejeição, passam a ser de, se não aceitação, respeito.” Por isso, como hoje (28 de junho de 2016) é o Dia Mundial do Orgulho LGBT, eu vos apresento mais uma nova minissérie com essa temática, vinda diretamente da Suécia!

Baseada na trilogia de livros (Love, Hate e Disease) do escritor Jonas Gardell (Allt Faller), Torka Aldrig Tårar Utan Handskar (Don’t Ever Wipe Tears Without Gloves, em inglês), mostra a história de dois jovens que descobrem o amor puro na década de 1980, na cidade de Estocolmo, capital sueca. Além disso, é abordado como a comunidade gay tentava lutar contra o preconceito, que era aflorado devido à epidemia de AIDS, que nem era uma doença tão bem conhecida pela comunidade científica como atualmente.

O primeiro personagem que conhecemos é Rasmus (Adam Pålsson de Boy Machine), um jovem de 19 anos, que acaba de se mudar para a cidade para cursar a sua faculdade. Sendo muito protegido pela sua família, o rapaz acaba se envolvendo em um mundo completamente diferente do seu habitual, descobrindo coisas e sensações que nunca imaginaria descobrir em toda a sua vida. Ao começar a se interagir com a comunidade gay, Rasmus acaba fazendo uma nova amizade com Paul (Simon J. Berger de Modus), que lhe acolhe em sua casa, já que é um homem mais velho e muito bem resolvido de vida.

Enquanto vão se passando as cenas do piloto, Rasmus ao conversar por telefone com sua família que vive no interior, continua mentindo, dizendo que está tudo bem e não está fazendo nada de errado. Já que seu pai lê no jornal as notícias “escandalosas” sobre as boates gays e o agravamento da AIDS na capital.

Em uma bela noite, na casa de Paul, em um jantar de Natal, somos apresentados ao homem que encanta o seu coração, o belo par de olhos chamado Benjamin (Adam Lundgren de Viva Hate), um jovem rapaz que, além de ser também protegido pelos pais, sua religião (Testemunha de Jeová) o priva de muitas atividades, já que não consegue lidar com a sua homossexualidade.

Foi amor à primeira vista entre os dois! Um gracinha de se ver minha gente! Beijo pra cá, abraço pra lá, carinho acolá! <3 Mas logo esse amor é interrompido por “aquela doença” que estava se espalhando entre a população. A vítima da vez: Rasmus. Consequência de tal fato: Benjamin. O jovem cuida de seu amado que contraiu o vírus HIV e precisa urgente de um tratamento.

O desenrolar da história é atemporal, nos mostrando belíssimas cenas com uma trilha sonora suave, fugindo daquele esteriótipo de cenas fortes de sexo ou o uso de drogas ilícitas pelos homossexuais. Além disso, podemos ver flashbacks do casal principal, sendo uma junção bastante significativa para a história e as consequências perante tudo o que acontece no passado e futuro de cada um dos dois.

Outro aspecto bastante positivo da série é que nos faz refletir sobre a realidade de 36 anos atrás e a que nos cerca nos dias atuais: a AIDS ainda é uma doença grave e que merece um maior destaque na sociedade, para que jovens não morram mais devido a esse vírus. Todo o apoio da ciência é bastante bem-vindo (aqui no Brasil temos um dois melhores tratamentos do mundo) e o apoio familiar, aliado as amizades também são importantes para superar essa doença.

Por fim, devo comentar o título que dá nome ao seriado! Em um bom português (tradução livre), Don’t Ever Wipe Tears Without Gloves, quer dizer o seguinte: Nunca Enxugue Lágrimas Sem Estar Usando Luvas, mostrando que naquela época era comum a crença de que qualquer contato com a pessoa que carregasse o vírus HIV poderia transmitir o vírus. Veja o trailer do seriado logo abaixo:

Algumas Curiosidades:

– Em sua estreia no ano de 2012, o seriado foi um grande sucesso entre o público e a crítica, ganhando o prêmio Kristallen (como se fosse o Emmy Sueco) na categoria Melhor Drama Televisivo e, também, o prêmio Audience Award no Festival Séries Mania em Paris, na França, em que competiu contra séries de peso, como Game of Thrones e House of Cards;

– Também foi nomeada para o Prix Europa 2013, em Berlim em outubro do mesmo ano, porém não chegou a ganhar o prêmio;

– No final do ano de 2013, o canal britânico BBC Four comprou os direitos de exibição de Don’t Ever Wipe Tears Without Gloves, iniciando sua transmissão no Reino Unido no dia 2 de dezembro, marcando o Dia Mundial da AIDS;

– Por enquanto, o seriado ainda não chegou nas emissoras brasileiras, mas quando chegar, poderemos enxugar as nossas lágrimas com essa bela história! Mas é claro, sem usar luvas e sim, utilizando lenços de papéis;

– A série possui apenas TRÊS episódios de uma hora de duração cada, sendo que o último foi o único renomeado para Death, não recebendo o nome de seu livro. Muito lindo isso, né? Ah… O seriado está completo no YouTube (e legendado, por sinal gente!). Então corra e venha comentar comigo sobre essa lindeza televisiva! <3