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Emmy 2017 | Em noite histórica, The Handmaid’s Tale derruba favoritas e quebra recorde de 36 anos

Por: em 18 de setembro de 2017

Emmy 2017 | Em noite histórica, The Handmaid’s Tale derruba favoritas e quebra recorde de 36 anos

Por: em

Fazia exatos 36 anos que uma série havia vencido ao menos 4 das 5 categorias principais do Emmy (Série, Roteiro, Direção, Ator e Atriz de Drama). O recorde pertencia à primeira temporada de Hill Street Blues, em 1981. Ontem, uma nova marca foi estabelecida. Deixando as favoritas Stranger Things Westworld comendo poeira, The Handmaid’s Tale venceu os prêmios de série, direção, roteiro e atriz principal de série dramática e fez o que nem grandes séries como Breaking Bad, The Sopranos The West Wing fizeram no seu auge.

Reprodução/HULU

À esses 5 prêmios, a série acumula mais 3 vencidos no Creative Emmy semana passada: Atriz Convidada (Alexis Bledel), Fotografia e Direção de Arte, totalizando 8 vitórias na edição. Às outrora favoritas, restaram apenas 5 prêmios cada, todos entregues no Creative. Na noite de ontem, não teve espaço pra quase ninguém mais – o que chega a ser engraçado, quando a gente lembra que logo no começo da apresentação, o host Stephen Colbert deu a entender aquilo que todo mundo esperava e que toda a crítica apostava: Que a noite seria o capítulo final do duelo entre HBO e Netflix, Westworld Stranger Things. Mas nenhuma delas esperava o rolo compressor que foi a série do Hulu.

Até o início do ano, parecia fato consumado que The Crown era a franca favorita a vencer os principais prêmios da noite, especialmente Melhor Atriz (Claire Foy inclusive venceu Globo de Ouro e Sindicato dos Atores), até a ascensão meteórica em torno de Stranger Things que a colocou no centro de uma disputa com Westworld. Quando The Handmaid’s Tale estreou discretamente e sem muito alarde no primeiro semestre, quase ninguém poderia imaginar onde ela chegaria. Uma indicação para Elisabeth Moss parecia cada vez mais clara a medida que a temporada avançava, mas um sweep completo como o que aconteceu era um cenário impensável.

Alguns podem atribuir isso ao momento político que os EUA vivem (e sobrou shade pra Donald Trump diversas vezes na noite). Eles não estão totalmente errados. Em um ano em que Moonlight se tornou o primeiro filme LGBT a vencer o Oscar, é emblemático que a Academia de TV também tenha mostrado ao grande público que está atenta ao que acontece ao mundo ao seu redor. Mas, independente disso, The Handmaid’s Tale possui todos os méritos pra honrar este prêmio. Com um roteiro absurdo de bem escrito, atuações avassaladoras, uma progressão de trama muito bem equilibrada, direção e fotografia exatas, a série era a melhor entre as indicadas. Talvez Westworld fosse uma rival a sua altura, mas ainda assim, era uma briga de igual pra igual, praticamente e, nem de longe, esse prêmio é algo injusto. É uma série dolorosa, difícil de digerir, mas extremamente necessária em um momento em que tanto ódio e intolerância estampam as capas de jornais do mundo todo diariamente. E é muito bom ver a Academia mostrando que também está atenta a isso.

Alguém pode, por exemplo, falar que Elisabeth Moss não merece? Depois de nunca ter ganhado nada por Mad Men, foi emocionante ver a atriz subir no palco para receber um prêmio de Atriz Principal, por um papel no qual ela colocou tanta força, tanta verdade e tanta vida que é impossível não se emocionar. A outrora favorita Claire Foy (por The Crown) também seria uma ótima escolha, mas Moss estava avassaladora, na atuação mais comentada dos últimos anos e seria impossível perder esse prêmio. E o que dizer da emoção de Ann Dowd ao receber o inesperado Emmy de Atriz Coadjuvante? Deixando pra trás favoritas como Thandie Newton (destruidora em Westworld) e Millie Bobby Brown (a gente te ama, mas você tem muito tempo pra ganhar por papéis mais significativos ainda), Tia Lydia subiu no palco visivelmente emocionada (e, naquele momento, já deu pra ver que The Handmaids Tale não tinha vindo na noite a passeio).

Nas categorias de atuação masculinas (onde Handmaid’s Tale não possuía representantes), brilharam dois monstros. Sterling K. Brown venceu seu segundo Emmy seguido, agora em Ator Principal de Drama, pelo trabalho belíssimo como Randall em This is Us. Alguns até podiam achar bonitinho ver o Milo Ventimiglia premiado graças a memória afetiva do Jess, mas não tinha a menor condição de rivalizar com o que K. Brown fez. Construindo um personagem tridimensional, o ator é a melhor coisa da série e é muito bom ver sua verdade ser premiada. John Lithgow também era outra barbada. Sua interpretação de Winston Churchill foi o prêmio de consolação a The Crown, outrora favorita.

Divulgação/HBO

Na parte de comédia, as surpresas foram poucas. Veep manteve sua coroa de Melhor Série de Comédia e Julia Louis-Dreyfus venceu pela SEXTA VEZ consecutiva pela série o prêmio de Melhor Atriz, estabelecendo um novo recorde: é a pessoa que venceu mais vezes Emmys pelo mesmo papel. Com a 7ª temporada série confirmada como a última, não parece absurdo pensar que Dreyfus vai estender ainda mais esse recorde e também sair vitoriosa. E é claro que ela é uma atriz incrível com um trabalho formidável, mas não dá pra negar que a gente se remexe um pouco na cadeira com tanta repetição, do mesmo jeito que foi na era Modern Family. 

As novidades boas vieram graças a Donald Glover e sua visceral Atlanta. O ator já merecia reconhecimento desde os tempos de Community, mas como antes tarde do que nunca, foi ótimo vê-lo subindo duas vezes ao palco na noite de ontem: A primeira para receber o prêmio por Direção em Comédia  e a segunda para receber o de Melhor Ator Principal, que lhe era de direito há algum tempo já. Os coadjuvantes foram Alec Baldwin e Kate McKinnon, ambos do Saturday Night Live. O melhor roteiro foi pra Azis Ansari e sua Master of None

Reprodução/Netflix

Afora isso, só nos restou mesmo assistir Big Little Lies fazendo um sweep quase total nas categorias de minissérie/telefilme. A excelente minissérie da HBO levou pra casa os prêmios de Melhor Minissérie, Melhor Direção, Melhor Atriz (Nicole Kidman), Melhor Ator Coadjuvante (Alexander Skasgard) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laura Dern). A rapa não foi completa apenas porque Charlie Brooke e seu San Junipero (episódio favorito de 9 entre 10 fãs de Black Mirror) ficou com a estatueta de Roteiro, além da de Telefilme. O melhor ator foi Riz Ahmed, pela excelente The Night Of. 

A gente sabe que Big Little Lies é incrível, mas que dá uma tristeza de ver a incrível Feud sair de mãos vazias… Dá. 

De uma maneira geral, foi uma cerimônia bem diferente. Sem Game of Thrones, a corrida tornou-se mais diversificada, abriu chance para muitas séries novas brilharem e mostrou que a Academia sempre está disposta a abrir os olhos para o novo, algo que já acontece há alguns anos, mas que tem ficado cada vez mais claro. Ano que vem, o monstro de fantasia da HBO volta a concorrer e aí, fica a dúvida: Terá o recorde de The Handmaid’s Tale iniciado uma nova era na premiação ou o alinhamento dos planetas volta ao que era com o pessoal de Westeros arrebatando tudo? Só o tempo dirá. Mas até lá, may the Lord open. 

Confira a lista completa dos vencedores aqui.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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