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Empire – 3×01 Light In Darkness

Por: em 24 de setembro de 2016

Empire – 3×01 Light In Darkness

Por: em

Blood is thicker than water?

Empire se tornou o maior drama de TV aberta hoje por muitos motivos, e cada um vai escolher alguns para dizer que foram os mais importantes. Para mim, o grande trunfo da série é saber lidar, de maneira magistral, com três “campos semânticos” que permeiam toda a cultura audiovisual norteamericana: Família, Música e Poder – não à toa, o primeiro slogan da série. A capacidade que a série tem de amarrar esses três tópicos de forma bastante coesa e criar grandes tramas com base neles com certeza teve papel fundamental na aceitação do público e da crítica e consolidou a Empire fever com bastante rapidez.

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Dito tudo isso, chegamos à premiere da 3ª temporada um tanto desconfiados. A última parte da 2ª temporada foi bem difícil de acompanhar; ainda que a série não tenha perdido o ritmo original, a trama perdeu muito da capacidade de se manter una e muitas coisas começaram a soar forçadas. Aparentemente, não houve grandes melhoras nessa reestreia. Encerramos a temporada anterior com um gancho muito mal colocado – ei, todos os arcos narrativos já encerraram, mas vamos colocar um gancho só para segurar a audiência? -, e ele gerou consequências no presente da série. Consequências essas bastante interessantes e, ao contrário do gancho em si, com integridade dentro da história.

Primeiro, tivemos que lidar muito rapidamente com o luto de Andre, que, antes do falecimento de Rhonda, estava desaparecendo em meio aos conflitos muito maiores que se davam em outras esferas da série. Depois do luto, acompanhamos a volta tempestuosa de Andre ao estado de transtorno, o que é um plot muito interessante que havia sido deixado de lado – no momento certo, diga-se de passagem. A cena em que Rhonda assombra Andre foi muito bem escrita, deixando claro o potencial destrutivo que o Andre fora de controle tem – e ainda dando uma última chance de brilhar à incrível Kaitlyn Doubleday. Na outra ponta do gancho, temos Anika, cujo corpo resolveu dar à luz no meio da briga (uau que imprevisível), e agora é mãe, esposa e membro definitivo da família Lyon. Anika é uma personagem curiosa: volta e meia protagoniza grandes momentos de virada, mas logo depois entra numa espécie de monotonia desinteressante. Eu espero que agora ela realmente tenha parte nos conflitos porque ela é uma Lyon, e esse nome é sempre sinal de confusão. Isso se ela não arrumar grandes conflitos para ela mesma, como a ameaça da matriarca Walker indicou que poderia acontecer.

Falando em conflitos e ameaças, o principal tema desse começo de temporada parece ser a disputa Dwight x Tariq, que eu queria que tivesse sido resolvida lá na season 2 mas a coisa continua se arrastando. Agora a história toda parece ter engatado melhor, com realmente dois grandes homens poderosos se confrontando cara a cara, e não uma briga de gato e rato desproporcional à opulência da família Lyon, como aconteceu na 2ª temporada. E acabou servindo também para a série botar em prática dois dos três tópicos que domina: a Família e o Poder. Não só porque Lucious acha que demonstrar poder é fazer um jantar extravagante com toda a família à mesa (com o que eu não discordo, aliás), mas porque a chegada e os movimentos de Tariq levam Lucious a tomar certas atitudes que questionam o elo familiar dos Lyon, que estava presente no fim da temporada, pelo menos antes do casamento.

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É como se estivéssemos acompanhando um disputado jogo de xadrez entre os meio-irmãos, só que cada movimento não traz consequências apenas para o outro jogador mas para todos os que assistem. E Lucious nunca foi expert em ter limites, então é totalmente natural – ainda que chocante – que ele sussurre ordens no ouvido de Anika enquanto uma criança sai do corpo dela, ou que ele descarregue todo seu ódio em um Jamal à beira de um colapso nervoso. Esse Lucious sob pressão, que atira para todos os lados, é um perigo para a manutenção da superficial estabilidade que os Lyon conseguiram ter por poucos instantes. E a coisa já está rachando: Cookie não hesitou em criar meios de se afastar cada vez mais do ex-marido (ainda que não vá entregá-lo para Tariq nem morta), Hakeem não parece muito contente com o pai assumindo a paternidade de Bella toda para si, e Jamal descascou o abacaxi na mesa do jantar – ainda que depois tenha se colocado em defesa de Lucious, mas conseguiu mostrar que a situação não é tão estável quanto seria apreciável que fosse.

Se o conflito com Tariq monopolizou a Família e o Poder, a Música ficou por conta de outro (ex?) algoz de Lucious, Shine. O vovô Lyon resolveu salvar (mais uma vez) a Empire da potencial falência e relançou o serviço de streaming pensado lá na época de minha amiga Mimi. Todo o business que um lançamento desse envolve ficou um tanto de lado e acompanhamos a história pelo viés da música, principalmente considerando que o evento de lançamento do programa seria a reestreia de Jamal nos palcos. Não foi bem assim que aconteceu, e agora Lucious tem a sobrinha de Shine como principal nome da sua nova marca. O que não é ruim, porque ela e o próprio Shine não são personagens nem um pouco descartáveis e devem ganhar cada vez mais espaço na Empire, pelo menos num futuro próximo. E a garota canta, viu?

Se eu tivesse que apostar nos assuntos dos próximos episódios – sem contar, obviamente, com o desenvolvimento e a resolução do conflito Lucious versus Tariq e os federais – seria na (outra) tentativa de amadurecimento de Hakeem, a busca de uma nova muleta de estabilidade para Andre e algum outro grande evento da Empire. A série está começando a perder o fator novidade e está recorrendo à “reciclagem” de tramas com uma frequência mais alta que o saudável, daí minhas apostas serem essas. Já passou da hora de cortar esse ciclo vicioso de Lucious versus  alguém-muito-poderoso – que leva todo mundo no caminho – e precisamos urgente de uma reviravolta REAL OFICIAL que recoloque Cookie como protagonista da série.

P.S.: Adoro que a Bella nasceu prematura mas já tem tamanho de quem fala e anda há um bom tempo. Padrão Globo de Qualidade de Recém-Nascidos chegou com tudo na Fox.

P.S.2: Por favor achem alguma função narrativa minimamente prática para Leah Walker urgente.

P.S.3: Sempre um deleite para os olhos ver Carol e Candace.

P.S.4: Jamal passou meio batido nesse episódio e não há esperança de melhora se continuar vivendo no mundo da lua. A abordagem de um tema tão sério, a posse de armas, acabou soando sem nexo porque não tinha justificativa e parecia ter vindo do nada.

P.S.5: Factz, a música do Hakeem, me pareceu chata e com uma letra bem mais ou menos. Já a Need Freedom, de Jamal (e de Nessa), é divertida e empoderada; uma versão dark de Powerful, descontadas as supressões narrativas.


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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