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Fargo – 2×01 Waiting for Dutch

Por: em 17 de outubro de 2015

Fargo – 2×01 Waiting for Dutch

Por: em

Minnesota, 1979. Lou Solverson (Patrick Wilson) é chamado para verificar um assassinato no diner Waffle Hut. Três pessoas mortas: a garçonete, cujo o corpo está no estacionamento, o cozinheiro e uma cliente. Minutos depois, Hank Larsson (Ted Danson), parceiro e sogro de Lou, chega na cena do crime para se atentar aos detalhes que o policial pode ter deixado passar, como o sapato branco pendurado em uma árvore.

Essa não é a cena inicial da antologia Fargo, mas são os policiais que vão desvendar o crime que motiva a segunda temporada.

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Lou é pai de Molly Solverson (Allison Tolman), protagonista do primeiro ano da série da FX, e parece ter a mesmo paixão por investigação que impulsionou a filha na primeira temporada. Quando ele chega ao diner, sua mente se concentra na reconstrução do crime e nós acompanhamos seus insights enquanto ele anda pela cena e diz “yeah” para cada novo fato encontrado. Lou tem uma teoria sobre o que aconteceu em Waffle Hut. Ele consegue entender o crime até a nota de dinheiro com sangue na estrada, mas porque o assassino deixou o carro no estacionamento e o sapato na árvore ainda são fatos incertos.

No entanto, nós sabemos que a complexidade característica dos crimes de Fargo transformará as teorias de Lou aos poucos. O que aconteceu antes e depois na vida do assassino são fatos que ainda não compõem a narrativa do policial, mas são relevantes para entender o assassinato em sua totalidade (e os outros crimes que podem acontecer em consequência).

O que veio antes? O nome do assassino é Rye Gerhardt (Kieran Culkin), o caçula de uma família criminosa e logo, o integrante mais “frágil” da gangue. Acima dele, estão os irmãos Dodd (Jeffrey Donovan) e Bear (Angus Sampson), o pai Otto (Michael Hogan) e a mãe Floyd (Jean Smart).

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Rye sabe que não é importante para a família e não tem vergonha de reclamar por isso. Quando o conhecemos, ele argumenta para Dodd que ser da família Gerhardt não é o bastante. “That’s like Jupiter telling Pluto, ‘Hey, you’re a planet, too'”, Rye argumenta. Dodd não entende a analogia e nem as ambições do irmão. Mas Rye percebe que precisa mostrar que é mais do que “the comic in a piece of bubble gum”, como Dodd o define.

Assim, Fargo encontra sua comédia de erros. Provar que pode ser mais para Rye significa ser mais violento. Logo na cena seguinte, o caçula aponta uma arma para um homem em uma loja de máquinas de escrever e diz “Yeah, right, you better run!” com um tom de agressividade que não combinam com sua fisionomia franzina. Rye mudou visivelmente de atitude, mas a insegurança e confusão do caçula continuam presentes.

Rapidamente, conhecemos o grande plano de Rye (que já está sendo cobrado pela família, como vimos na cena antes do pai ter um infarto) para ganhar dinheiro: convencer uma juíza a desbloquear uma conta bancária para vender máquinas de escrever.

Como Rye convencerá a juiza? Com violência, é claro. Mas a juíza não acredita, à princípio, na intimidação do Gerhardt e conta uma história sobre Deus e o Diabo e como a parte malígna do conto não conseguiu mudar a mente de um homem bom antes de atacar Rye com um inseticida.

A cena do crime tem o melhor de Fargo: uma sucessão de erros e violência com um zelo e dedicação que são admiráveis. A série mostra os momentos que precedem as mortes em slow motion, dá destaque para o sangue da juíza se misturando com o milk shake e não tem vergonha de brincar com a trilha sonora, que vaga entre o gênero comédia, terror e até ficção científica (quando o assassino vê luzes de uma possível nave alienígena).

O assassino da segunda temporada da série não é tão cativante quanto Lorne Malvo interpretado pelo maravilhoso Billy Bob Thornton no primeiro ano, mas a sua missão foi cumprida: criar uma desordem tão grande que possa se ramificar nos próximos nove episódios.

O que vem depois? Peggy Blumquist (Kirsten Dust) atropela Rye e o carrega até sua casa. Durante o jantar com o marido, Ed Blumquist (Jesse Plemons), ela começa ouvir barulhos da garagem e tenta disfaçar derrubando um copo. Ed vai até a garagem e ela conta que atropelou um cervo, mas logo depois o marido encontra o assassino em um canto do cômodo e tem que terminar o que a esposa começou: matar Rye.

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Ed é mais racional que Peggy e reflete sobre o problema que ela criou. Porque ela levou o homem para a casa? Porque ela não chamou a polícia? Mas agora o estrago já estava feito e a opção é esconder o corpo e fingir que isso nunca aconteceu para seguir com a vida e sonhos do casal de comprar o açougue da família e constituir uma família.

O que vem depois do depois? Descobrimos que a família Gerhardt era parte de uma estratégia de expansão no norte, que merece uma apresentação de slides, em uma reunião secreta e criminosa. A ideia é “absorver” a família, que com o infarto de Otto não tem mais um líder. O momento é bom para eles atacarem e se o plano não der certo, a solução é “liquidar” os Gerhardts. O plano é aprovado pelo chefe do grupo, que fica nas sombras e não mostra seu rosto durante toda a reunião.

Outros comentários:

– Waiting for Dutch abre com um filme falso chamado “Massacre at Sioux Falls” estrelado por Ronald Reagan, presidente americano eleito em 1981 que não aparece na cena, mas será interpretado na série por Bruce Campbell. Durante a cena vemos um membro da produção do filme conversar com um ator que interpreta um índio americano sobre o massacre dos povos nativos nos Estados Unidos.

– O outro presidente americano que aparece no episódio é Jimmy Carter em um discurso sobre a “crise de confiança” do povo americano. A ideia de Fargo é mostrar o contraste entre os dois presidentes e o clima dos Estados Unidos no fim dos anos 70, que é o pano de fundo da série.

– Um poster da campanha de Reagan aparece durante o bingo para veteranos da Guerra do Vietnã que Lou participa.

Karl Weathers (Nick Offerman), amigo de Lou, constrói uma teoria da conspiração para o crime do diner que indica que pode ter mais do que o policial suspeita. De certa forma, Weathers não está errado.

– A divisão da tela e os flashbacks são recursos utilizados nesse episódio que devem aparecer durante toda a temporada. Segundo o criador e roteirista da série, Noah Hawley, essa foi uma saída encontrada para mostrar e trabalhar com um elenco grande.

– O livro que Lou lê para a filha Molly é The Five Little Peppers And How They Grew de Margaret Sidney.


Gostaram do retorno de Fargo? Comentários sobre o novo elenco e história? Deixe sua opinião!


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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