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Fargo – 2×04 Fear and Trembling

Por: em 5 de novembro de 2015

Fargo – 2×04 Fear and Trembling

Por: em

“It’s war”É assim que Floyd Gerhardt responde a tentativa frustada de construir uma parceria com aqueles que tentaram comprar o negócio de sua família. A decisão tomada pela da matriarca em Fear and Trembling foi construída de forma inevitável. A guerra é a única opção para os Gerhardt e para alguns deles essa sempre foi a única saída.

A música de abertura do episódio anuncia, estamos em outra época. Mais precisamente em 1951, quando o pequeno Dodd acompanhou o pai em uma aventura sangrenta em um cinema em Minessota. “Boys have to learn how man are”, explica Otto quando uma arma é apontada para sua cabeça. Segundos depois, seis homens estão mortos e Dodd é responsável por um deles. Em menos de quatro minutos, Fargo mostra de forma crua e divertida como a violência é ensinada.

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Dodd só conhece uma alternativa: a guerra. Não importa quando ou contra quem, a violência é sempre a resposta para tudo. Ele tapeia a filha, mata facilmente pessoas que considera inútil e nesse episódio vimos ele levando o filho de Bear, Charlie, para bater em alguns homens de Kansas City. Logo, a decisão da mãe (da qual ele tem parcela de culpa) é excitante. No entanto, a visão de Dodd é limitada.

Mais sábia e experiente, Floyd sabe que mesmo que ganhe essa guerra, ela não pode evitar o sofrimento para os Gerhardt. A tristeza e o luto prévio da mãe é porque ela entende que dias difíceis virão para a família.

Então, quando Dodd tenta consolar e ser consolado ao mesmo tempo deitado nos ombros de Floyd e procurando a sua mão em uma cena fortíssima, ela tem que negar a princípio, mas depois se render. Dodd ama a família e está tentando ocupar o lugar do pai. Talvez, fosse o que o pai faria. Talvez, o pai estivesse disposto a arriscar a sua vida e a de seus filhos para proteger o império dos Gerhardt. Talvez!

Mas é preciso lembrar que guerras não têm lado e não poupam ninguém. Especialmente em Fargo, onde não existem vilões e heróis e a ideia de certo e errado é tão maleável.

“We’re just out of balance. […] We used to know right from wrong”, teoriza Lou sobre o mundo confuso em que ele vive. É um momento nostálgico, mas é tentativa de Noah Hawley mostrar os reflexos da Guerra do Vietnã. Lou, e talvez todos os americanos, sabiam quem eram os mocinhos e a Guerra destruiu essa imagem. A ideia de guerra para Fargo é muito mais próxima de Floyd: não há bom ou mau, apenas sofrimento.

E aqui está a graça do segundo ano da série. A linha que separa o certo do errado é muito mais tênue do que na primeira temporada, e muitas vezes acho que ela não existe. Temos pessoas fazendo coisas boas e ruins, mas no geral, apenas reagindo ao que acontece. Independente do que é certo ou errado, os personagens de Fargo se encontram presos nas próprias decisões e destinos. Tudo está construído de forma inevitável, não há outra saída.

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Até mesmo Betsy vive uma guerra pessoal. “No, it’s not a war on you. It’s a war against your body”, pontua o médico que oferece um remédio novo para um tratamento teste. Mas é um tiro no escuro, Betsy pode estar sendo tratada ou tomando um placebo que não vai fazer efeito nenhum. Um jogo de sorte, azar e esperança.

Acompanhar a consulta de Betsy foi bem cruel e doloroso. Ironicamente, entre tanto sangue, a morte iminente que mais doí e incomoda é aquela comum às nossas vidas. O que resta à ela e ao marido (e à nós) é se apegar à esperança cega.

Mas se os Solversons estão na mesma página, os Blumquists estão navegando em galáxias diferentes e é até difícil não rir com essa tragédia de comunicação.

Na primeira cena do casal no episódio, Ed revela seu desejo de construir uma família. “Can you imagine me and you and a baby?”, o marido pergunta enquanto Peggy está no banheiro tomando uma pílula anticoncepcional. Porém, é a discussão sobre o seminário que é preocupante. Ed e Peggy conversam como se falassem outras línguas. Eles falam, mas não se ouvem. Se explicam, mas não compreendem.

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Assim Peggy se sente no direito de tirar o dinheiro na conta para pagar o seminário que vai ajudá-la a se tornar o melhor dela. E Ed fica sem dinheiro para comprar o açougue que ele sempre quis.

Infelizmente, os dois têm um problema maior para se preocupar. Hahnzee conseguiu juntar as peças e descobriu que os dois estão ligados ao desaparecimento e morte de Rye. Seguindo os rastros do capanga da família Gerhardt, Lou também chega até ao casal e tenta avisá-los sobre o que pode acontecer.

A teoria de Lou, explicada com uma metáfora de guerra (óbvio!), é que âs vezes a mente não acompanha a realidade e mentimos sobre a sobrevivência. Às vezes, já estamos mortos. Ou seja: Ed e Peggy, melhor correr porque o caos (aka os Gerjhardt) está chegando.

Outros comentários:

  • Ninguém disse “ok then” nesse episódio, mas Ed soltou um “what the heck?!” e foi suficiente para me deixar feliz.
  • Porque a chefe de Peggy está tão preocupada em acabar com esse casamento?
  • Não assisti How I Met Your Mother, mas aparentemente a possível morte de Cristin Milioti está reacendendo algumas frustações. Vamos tentar superar isso juntos, ok?
  • Foi muito gostoso ver Nick Offerman novamente. Seu personagem é muito interessante e tem um tom de humor que não encontramos na série, espero ver mais dele.

Gostaram desse episódio? Ansiosos para ver os próximos passos dos Gerhardts? O que será que Ed e Peggy farão? Deixem seus comentários!

 


Nathani Mota

Jornalista, nerd e feminista. Melhor amiga da Mindy Kaling, mesmo que ela não saiba disso.

Salto / São Paulo

Série Favorita: Sherlock

Não assiste de jeito nenhum: Two and Half Men

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