Não temer a morte.
Talvez seja esse o pensamento que Nick tinha ou ainda segue nesse momento do apocalipse zumbi. Retornando de um hiatus após quase 3 meses, a série aposta seu retorno naquele personagem que mais se destacou até aqui no momento da narrativa e gerou discussões por suas atitudes e visão que ele tem sobre a ameaça que está dizimando o mundo que conhece. O episódio não foi ruim, apesar das diversas reclamações sobre como foi arrastado e fraco, um dos pontos que mais chama atenção é o fato levantado de que para um retorno de midseason, talvez Grotesque fosse melhor encaixado em episódios à frente e não para uma estréia de retorno.
A escolha de focar um episódio inteiro em Nick era inevitável devido ao carisma do personagem com o público e o destaque merecido que recebeu durante a temporada 2A, assim como foi inteligente mostrar sua jornada sozinho ao lado dos mortos e o quanto essa caminhada o afetaria. Foi do mais interessante ter uma pausa na luta contra hordas de zumbis e assassinos para abordar a luta física para sobreviver em um mundo deserto e morto. Caminhando em direção ao norte, sem aliados e suprimentos, Nick passa fome, sede, frio e cansaço de forma mais crua possível. A abordagem com o personagem foi poderosa e original, ainda mais contando com o talento incrível de Frank Dillane, que soube transparecer todos os sentidos do personagem diante daquela situação.
Nick estava vivendo como um zumbi, assim como ele queria. Caminhava como um, comeu da mesma carne e até em momentos de alucinações, sentia como se seus “companheiros” falassem com ele. Em paralelo à essa caminhada pelo deserto, tivemos flashbacks de seu passado de luta contra as drogas para ajudar entender que sua relação com a vida e morte não é de agora. Nick poderia estar limpo e saudável, mas infelizmente, a notícia da morte de seu pai o devastou, afundando-o ainda mais em seu vício.
Esses acontecimentos do passado e do presente, conectam à perda de fé do personagem e o quanto isso o modificará. Sua conversa com o médico que cuida de seus ferimentos quando finalmente é salvo por um grupo de sobreviventes é o suficiente para começarmos à entender o que Nick desejava: um mundo onde os mortos não sejam monstros. Apresentado há uma comunidade que parece viver muito bem no deserto do México e protegidos, é o momento para desenvolver a fé que o agora o alimenta e o diferencia de sua mãe e irmã, a morte não é o fim de tudo e não se deve ter medo dela.
Essa jornada solitária poderá ter servido também como forma de demonstrar sua independência e capacidade depois de passar anos aos cuidados de sua família, podendo até recuperar-se totalmente de sua dependência química. Nick prendeu-se por muito tempo em algo que acreditava e agora corrompido pela visão de fé que Célia o apresentou, ele passa a enxergar outros caminhos. É esperar para assistir e observar o quanto os produtores tem um belo e rico personagem em mãos para explorar e Nick, de fato como vimos, tem um grande potencial para preencher à vaga como um dos personagens pilares de Fear the Walking Dead.
Observações:
- Dá uma agonia ver animais sendo devorados pelos zumbis.
- Nick já pode pegar o troféu de sofredor.
- A trilha e as tomadas aéreas desse episódio estiveram magníficas.
- Se houve reclamação de um episódio inteiramente focado em Nick, imagine se tiver um somente com Chris e Travis?
Não esqueçam de comentar! Nos vemos semana que vem!
https://www.youtube.com/watch?v=D0mYZgIFeMw