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Game of Thrones – 5×04 The Sons of the Harpy

Por: em 5 de maio de 2015

Game of Thrones – 5×04 The Sons of the Harpy

Por: em

Os críticos da quinta temporada de Game of Thrones diziam que a série voltou este ano pouco movimentada. Pois bem, depois de The Sons of the Harpy, ou eles vão precisar mudar de opinião, ou de argumentos. O quarto episódio trouxe nada menos que três banhos de sangue, a morte inesperada de um personagem querido e veneno, muito veneno!

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Obviamente, quando eu falo de veneno, me refiro às Serpentes de Areia. As bastardas de Oberyn tiveram uma participação curta, assim como a de Doran, mas suficiente para deixar bem claro que elas são tão vingativas, passionais e letais quanto o pai. Jaime perdeu a mão porque Brienne resolveu poupar a vida de um velho na estrada. Ele deveria ter seguido seus antigos instintos, já que mais uma vez foi traído por um delator (como diz Little Finger, dinheiro compra o silêncio de um homem por um tempo. Uma flecha no peito compra para sempre) e dessa vez suas inimigas não vão se contentar em levar apenas um membro.

Só que Jaime não é mais o mesmo. E isso fica claro não apenas na sua postura mais piedosa, mas também na dificuldade que tem para lidar com seus adversários. Em outros tempos ele acabaria fácil com aqueles quatro homens sem precisar sequer da ajuda de Bronn, e dessa vez ele quase foi abatido por um homem que acabara de cair do cavalo. Não se trata da mão, é uma questão de auto-confiança. Enquanto Jaime olhar para ele mesmo como um incapaz, ele não conseguirá lutar como antes. Bronn percebeu isso, e é claro que o deixou por conta própria para lidar com o último cavaleiro dornês porque queria que ele também percebesse.

É muito curioso ver que enquanto Jaime trilha um caminho de redenção (totalmente arruinado por aquela cena desnecessaura de estupro na temporada passada, mas né, vamos lá…), Cersei só remói as mesmas mágoas, corre atrás dos mesmos objetivos e usa as mesmas armas. A rainha está encurralada e teme pela influência que os Tyrell estão conquistando depois da morte de Tywin. Com Olenna fora de King’s Landing e Mace enviado em uma missão de fachada para Braavos, ela consegue articular o golpe perfeito para atingir Loras – e por consequência, Margaery. Acontece que Cersei está tão cega por uma implicância pessoal com a nora que não percebe que suas ações têm tudo para se voltar contra ela. Dar um exército e liberdade para assassinar pecadores a um grupo fanático religioso não é exatamente uma atitude inteligente. Principalmente por causa de Lancel, que conhece seus podres e agora acredita ser um homem santo acima do bem e do mal. Para se tornar alvo da cruzada que ela mesma criou falta pouco, muito pouco.

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Sangue no deserto de Dorne, sangue nos bordéis de King’s Landing e sangue Imaculado no leste, derramado pelas mãos dos Filhos da Harpia. Já é fato notório que a série está se distanciando da trama dos livros – e, ao contrário de muitos fãs puristas, acredito que a maior parte das mudanças é bem-vinda e tem feito a obra funcionar melhor como série de TV – mas definitivamente eu não esperava por algo assim. O episódio veio em um crescente de tensão e violência que culminou no massacre aos principais aliados de Daenerys. Como sempre as cenas de batalha são belíssimas e, apesar de todo o sangue e tripas voadoras, se você prestar bem atenção, consegue até mesmo ler um poema parnasiano nas entrelinhas daqueles golpes coreografados.

Confesso que apesar da tremenda violência com que foi atacado, só consegui acreditar na morte de Sor Barristan assistindo à promo do próximo episódio e lendo a entrevista de Ian McElhinney. Ele deixou a série nos mostrando a bravura e a habilidade das quais, até então, só tínhamos ouvido falar. Como disse Hizdahr zo Loraq, nem todo homem morre na glória, mas Sor Barristan certamente o fez. As consequências deste ataque atingirão Daenerys em cheio. Ela vai precisar de toda ajuda possível – incluindo a de Jorah Mormont, Tyrion Lannister e, possivelmente, Lorde Varys. Também vai precisar ceder se não quiser perder tudo aquilo que conquistou, o que inclui algumas concessões ao “diplomata” Loraq.

Vou correr o risco de ser anti-clímax nessa review  ao sair do massacre em Meerreen de volta para Winterfell. Mas se King’s Landing é claramente o cérebro de Game of Thrones,  o castelo dos Stark é o grande coração da série. Como é bom voltar a ver cenas ambientadas por lá! E ainda mais cenas tão deliciosas quanto as que acompanhamos através de Sansa e Petyr. Quando deixou seu lar, a garota Stark era uma adolescente mimada e irritante, agora ela é uma mulher com plenas condições de ser a guardiã do Norte. Sansa passou muito tempo aprisionada em um castelo prometida a um psicopata dividindo o teto com os assassinos da sua família. Ela voltou rigorosamente ao mesmo ponto, mas agora ela tem em suas mãos um poder que antes não tinha. Ela pensa, observa, faz alianças, olha para o futuro e decide o caminho que lhe é mais conveniente.

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Sansa nunca terá a rebeldia de Arya, a frieza de Cersei, a malícia de Margaery ou a fúria de Daenerys, mas ela tem suas próprias armas e está aprendendo muito bem como usá-las. A feminilidade e aparente fragilidade que a criação  de princesa lhe impôs foi usada para subjuga-la durante grande parte da sua vida, mas também pode se tornar a sua “Agulha”. Não se enganem, ela não é mais uma vítima, ela é uma jogadora.

Por fim, duas cenas chamaram a atenção, justamente por serem colocadas em um mesmo episódio. A primeira foi bem inocente, com Stannis dizendo que ter um bastardo com uma prostituta não combinava com o perfil de Ned Stark. Apesar de sempre se falar na honra de Eddard, foi a primeira vez na série que alguém questionou a inconsistência entre as duas coisas. A segunda, um pouco mais intrigante, foi com Little Finger contando a Sansa sobre Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark. A história de como ele a escolheu em vez de sua esposa já poderia ser conhecida, mas seu silêncio ao ouvir Sansa dizendo que ele a raptou e estuprou pareceram revelar bem mais que suas palavras. Rhaegar foi novamente mencionado por Sor Barristan, como um homem alegre, caridoso, que cantava para as pessoas. Outro perfil que entra em conflito com o sequestrador que causou a Rebelião de Robert.

Algumas observações:

– Não querendo shippar, mas já shippando: que fofo o Jaime sorrindo ao ver a terra natal de Brienne <3 Aliás, ele e Bronn são uma dupla ótima. Ops. Isso significa 99% de chances de algum deles morrer =(

– Stannis vem ganhando muita força nessa temporada. Não apenas força política, mas como personagem. A cena dele com a filha foi muito boa.

– Até os cabelinhos do kiwi que está guardado na minha geladeira se arrepiaram quando a Melisandre soltou aquele “You know nothing, Jon Snow”.  Que medo daquela mulher!

– 85% do QI acumulado de Game of Thrones (incluindo figurantes, vagantes brancos e animais) está no cérebro de Tyrion Lannister. Ele simplesmente olhou pra cara de Sor Jorah e matou a charada inteira!

– A julgar pelo estrago no bordel, a resposta de Petyr ao corvo-correio da Cersei não deve ter sido muito boa, né?

– Falando em bordel, as prostitutas de Meereen não curtem muito os Imaculados. Por quê será?

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The Sons of the Harpy foi um dos melhores episódios das duas últimas temporadas de Game of Thrones, deixando claro que se você acha que já sabe tudo o que vai acontecer, é melhor pensar duas vezes! A quinta temporada vem aumentando a tensão a cada semana, e se em quatro episódios já tivemos tantas movimentações em todos os núcleos, eu mal posso esperar para o que a série ainda nos entregará este ano. Muitas dúvidas, muitas teorias, muita conversa pra começar depois de domingo. E você, leitor, que passos acredita que a série dará nas próximas semanas? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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