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Game of Thrones – 5×10 Mother’s Mercy (Season Finale)

Por: em 16 de junho de 2015

Game of Thrones – 5×10 Mother’s Mercy (Season Finale)

Por: em

Surpreendente. Esta é uma palavra que define bem Mother’s Mercy. Fomos surpreendidos pela linha narrativa, pelo destino dos personagens, pela ousadia do roteiro, pela forma crua e brutal como os impactantes acontecimentos desta season finale foram conduzidos. Fomos surpreendidos por mortes inesperadas e esperadas, pela rapidez com que tantos arcos foram fechados, mas principalmente, fomos surpreendidos pelos nossos próprios sentimentos ao assistirmos à 50º hora de Game of Thrones.

stannis

Karma’s a bitch. E nunca o castigo veio tão rápido como veio para Stannis Baratheon. Ele queimou a própria filha para satisfazer a vontade de um deus, e ganhou como presente o derretimento do gelo que atrapalhava seu exército, mas que exército segue um líder que faz o que Stannis fez? Que homens apoiam um rei cruel o bastante para executar de forma tão violenta uma criança inocente, sangue do seu sangue? Metade de seu exército desertou, os cavalos foram levados, sua esposa se enforcou e Melisandre, prevendo a derrota, também o abandonou. Stannis já estava derrotado ali, seguir para a batalha foi quase uma burocracia.

E no fim das contas, a esperada batalha no Norte, que nos deixou ansiosos durante toda a temporada, durou apenas uns poucos minutos. Se é que se pode chamar de batalha aquele massacre promovido pelos Boltons ao que sobrou do exército de Stannis. Brienne pode não ter conseguido lutar contra um espírito de outro mundo para salvar Renly, mas no mundo dos vivos ela e sua Oathkeeper enfim conseguiram fazer justiça. Eu estava num dia particularmente emotivo e derramei muitas lágrimas nessa cena, que foi o grande momento de Brienne na temporada. Dentre todas as promessas que ela não pôde cumprir, era essa a mais sofrida. O que me preocupa é que todos os personagens que tiveram seus melhores momentos neste quinto ano morreram, então é melhor a loira começar a vigiar seu rastro.

Para que Stannis encontrasse supostamente o seu fim, quem precisou pagar o pato foi Sansa. A ruiva aproveitou que Ramsay saiu para a batalha e foi acender a vela na torre. É claro que ela acertou o segundo exato em que, depois de quinhentos e vinte e cinco mil e seiscentos minutos de vigília, Brienne virou as costas e foi embora. Eu devo ter xingado todos os deuses antigos e os novos nessa cena. E Theon é um covarde por natureza mesmo, não há o que mude isso! Foi covarde quando tomou Winterfell, foi covarde quando viu Sansa sendo estuprada e não fez nada, foi covarde em todas as vezes que ajudou Ramsay a esfolar pessoas por diversão, e foi covarde quando só tomou uma atitude quando era uma mulher que estava ameaçando Sansa. Mas vamos lá… o gelo derreteu, como vimos no acampamento de Stannis. Daí Theon e Sansa se jogam de um lugar ainda mais alto que aquele de onde Myranda despencou. Eu ainda estou em uma séria dúvida se aquilo foi um suicídio em dupla para evitar as torturas de Ramsay, porque é completamente ilógico que eles consigam fugir dali sem, no mínimo, todos os ossos quebrados.

arya

Não foi apenas Stannis que pagou pelos seus pecados. Em Braavos, o carma veio com tudo atrás de Meryn Trant usando o rosto de Arya, que por sua vez, usava o rosto de outra garota. Foi uma das mortes mais violentas graficamente, depois da de Oberyn na quarta temporada, e a HBO não nos poupou dos closes brutais e da postura perturbadora de Arya, uma quase criança, se revelando uma das assassinas mais frias que já vimos na série… a garota Stark é praticamente uma versão Colheita Maldita da Emily Thorne. Mas tudo o que vai, volta, e Arya também pagou o preço por sua subversão quase instantaneamente, recebendo como pena por ter roubado um rosto e uma vida, a perda da sua visão. Se ela não deixou de ser alguém por bem, será que conseguirá por mal? A próxima temporada vai exigir bastante de Maisie Williams.

Quando a gente achou que tinha se livrado de Dorne, eles decidem que é uma boa ideia colocar mais uma cena com Bronn e a Serpente insegura. Jaime e Myrcella têm um breve momento de pai e filha que não fez lá muito sentido antes que a garota começasse a sangrar, vítima de um dos venenos da Ellaria. Até que foi um movimento inteligente o de usar algo com efeito a médio prazo no momento em que a princesa estiva saindo de Dorne. Se tivesse sido envenenada lá, certamente saberiam que antídoto ministrar, mas em um navio rumo a King’s Landing é pouco provável que ela se salve. A boa notícia é que Trystane está com os dias contados depois de seus conterrâneos terem envenenado a filha de Cersei Lannister.

Eu já estava quase batendo o recorde mundial de apneia, sem conseguir respirar depois de tantas mortes e momentos tensos, quando cortaram para Meereen e o ritmo do episódio deu uma pisada no freio. Eu não sei como Jorah, Tyrion, Daario e Missandei conseguiram sair da arena depois que Daenerys pegou carona com Drogon, e eles também acharam que não precisava explicar, então vida que segue. Tyrion recebe a missão de governar a cidade junto com Verme Cinzento enquanto os dois apaixonados seguem em uma missão de resgate à khaleesi. Aquela cidade está à beira de um colapso e as chances de isso tudo dar certo são mínimas. Por outro lado, ele tem a oportunidade de resolver os conflitos e se consagrar como uma parceria preciosa para Daenerys quando (se) ela retornar. Meereen pode ser a ruína ou a glória na vida de Tyrion, não existe meio termo. A ajuda de Varys será preciosa para o anão, e é sempre bom ver o mestre dos sussurros em ação novamente.

daenerys

Já a rainha passa por maus bocados tentando “convencer” Drogon a leva-la de volta para casa, enquanto o dragão só pensa em tirar a sonequinha da tarde (te entendo, Dro). A vida era mais fácil quando ela só precisava dizer “Dracarys” para ele obedecer, não é? E agora que reencontrou os dothrakis, mas não é mais a sua rainha, o que será da última Targaryen?

A confissão-nem-tão-confessa de Cersei foi um daqueles recuos estratégicos que se faz quando se está em uma situação absolutamente sem saída. Ela deu um pecado para que eles julgassem, mas não o pecado que tiraria sua família do poder. Ela precisava ter para onde voltar quando tudo aquilo terminasse. Só talvez não esperasse que o caminho de volta fosse tão infernal quanto aquele que percorreu. O carma também foi atrás de Cersei e há muito para se falar sobre aquela cena, sobre a agonia de ver aquele crescente de ódio sobre a rainha, sobre as humilhações que puderam ser sentidas até mesmo fora da tela, como se fôssemos nós mesmos ali, atravessando a cidade e sofrendo tudo aquilo. É claro que a interpretação de Lena Headey foi fundamental nesse processo. Sem palavras, ela conseguiu expressar cada sentimento: a aparente altivez do início da caminhada, as primeiras lágrimas, o momento em que desabou – sobre suas pernas e seu orgulho – e o momento em que renasceu nos braços do seu campeão ressuscitado, sedenta por vingança.

Cersei é uma personagem detestável, impossível dizer o contrário. A primeira cena da temporada mostrou que ela já era detestável desde a infância, e é claro que os abusos físicos, sexuais e psicológicos que sofreu ao longo da vida – do pai, do marido, do irmão – a tornaram ainda mais pesada, cheia de ódio e de ressentimentos. Eu consigo sem esforço pensar em mil adjetivos para atribuir à personalidade nefasta dela, mas quantos foram ouvidos durante a cena? Apenas um, com variações dele mesmo, mas apenas um. Puta. Não importa quantas atrocidades Cersei fez ou ordenou que fizessem, a pior delas é ter feito sexo. Com, provavelmente, menos pessoas que aquelas que a estavam atacando. Ah, a boa e velha, muito velha hipocrisia da sociedade…

Na Muralha, Sam pede a Jon que o deixe sair com Gilly e o bebê para a Cidadela, onde ele teria mais utilidade que como um soldado, estudando. De fato, a situação por lá se complicava a cada dia, as tensões ficavam cada vez mais difíceis e a sua morte seria apenas uma questão de tempo. Apenas Jon não conseguiu ver o quadro que estava se pintando bem na sua frente, e inevitavelmente pagou por isso com a própria vida, apunhalado pelos irmãos que nunca aceitaram sua decisão de unir forças aos selvagens, ainda que contra uma ameaça tão maior.

jon

Cada golpe de espada que o bastardo de Ned Stark recebeu foi um lembrete de que os mortos podem ser ameaçadores, mas ao menos são uma ameaça mais previsível que os vivos. Kill the boy mostrou Dany e Jon passando por dilemas semelhantes, tendo que escolher entre a luta e a diplomacia. Daenerys usou um pouco de cada e se saiu um pouco melhor, mas Jon optou por conseguir um exército numérico, formado por soldados que lutassem uma batalha do seu lado, e não por aliados. Sem aliados, sem BONS aliados, é impossível sobreviver em Game of Thrones. E quando até seu último amigo se foi, não restou nada além da morte para Snow.

Foi uma temporada controversa, que passou longe de ser uma unanimidade, mas foi uma das mais bem construídas. Cada pedra colocada no que alguns chamam de “início chato” foi fundamental para sustentar esses três últimos episódios que apresentaram sequências absolutamente memoráveis. Sim, houve falhas. As maiores delas foram o estupro da Sansa e todas as cenas em Dorne, mas como negar os acertos de Hardhome, da reviravolta na vida de Cersei, dos combates sangrentos em Meereen? Como negar que o que eles entregaram no último domingo foi um episódio inesquecível? A temporada cumpriu muito bem o seu papel e o que vem pela frente é um completo mistério para todos nós.

Algumas observações:

– Normalmente vemos cabeças rolando, gargantas cortadas e toda a sorte de provas de morte. Mas neste episódio a maioria das mortes é presumida, não certa. Stannis, Myrcella, Jon, Sansa e Theon ainda têm a possibilidade de aparecer novamente.

– Se GoT fosse um quadro do Zorra Total, seria aquele em que acontece o seguinte diálogo: “Como vai Jon Snow?” “Mór-reu” “Mas morreu de que?” “Morreu de Benjen. De ‘Vem cá e Benjenminhaespada’”. Sim. Zorra Total.

– Melisandre disse que viu as bandeiras dos Boltons em chamas. Não foi Stannis. Será que vai ser Petyr o responsável por isso?

– Apenas aguardando Sor Davos descobrir como a Shireen morreu. Aí a coisa vai ficar séria.

– Beijar a princesa é mole, quero ver a Ellaria beijar o Montanha zumbi agora.

– RIP Casa Baratheon. Agora só sobrou um que carrega o nome, mas não o sangue e outro que carrega o sangue, mas não o nome. E todo mundo achado que os Starks estavam na pior…

cersei-montanha

Foi um prazer acompanhar essa temporada com vocês! Espero que tenham aproveitado tanto quanto eu. Agora contem pra gente, o que acharam de Mother’s Mercy e da quinta temporada em geral?


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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