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Game of Thrones – 6×07 The Broken Man

Por: em 6 de junho de 2016

Game of Thrones – 6×07 The Broken Man

Por: em

The Broken Man teve um ritmo parecido com o de Blood of my Blood, e, considerando a estrutura dos dois episódios, podemos observar várias semelhanças. Ambos economizaram na ação para investir na política, no desenvolvimento psicológico dos personagens, nas causas e consequências de cada decisão e em retornos marcantes e surpreendentes.

hound

Quando vi aquelas pessoas trabalhando em harmonia, felizes, em um cenário verdinho antes da abertura, o cheiro de tragédia parece ter tomado conta da sala. Impossível não lembrar do ataque à vila do Olly na quarta temporada. Mas a tragédia ficou para depois: o ponto ali era trazer de volta Sandor Clegane, mostrando que o grandalhão sobreviveu à luta com Brienne e estava tentando aderir ao deboísmo. Se a abertura viesse antes, o nome do ator estragaria a surpresa, então ponto pra eles pela estratégia! O Perdigueiro teve funções muito específicas enquanto era um personagem regular, e para trazerem ele de volta praticamente dos mortos, é por um propósito bem específico também.

Não sei como aquelas pessoas todas conseguiram sobreviver tanto tempo em Westeros sendo tão inocentes. No fim das contas, eles só serviram para justificar a recuperação de Sandor, o seu período mais pacífico e acabaram se tornando a motivação para o retorno do velho cão de caça. Seu assunto com Arya terminou quando ela o deixou para trás, mas se existe uma coisa que sempre vai move-lo para a violência, é o ódio que tem pelo irmão. Cersei já declarou que vai exigir um julgamento por combate, e o Montanha será seu campeão… não existe ninguém no continente com mais coragem e razões para enfrentar Gregor que o seu próprio irmão. Não consigo enxergar outro mote para o personagem que não seja essa batalha.

Essa temporada de Game of Thrones tem sido especialmente cuidadosa em desenvolver as suas mulheres. Com exceção de Daenerys, que repete os mesmos ciclos de queda e ascensão desde a primeira temporada, todas parecem ter ganhado este ano algum tipo de força que ainda não tínhamos visto até então. Sansa, Meera, Arya, Cersei e, principalmente, Margaery. Entre as personagens da sua faixa de idade, ela sempre foi a minha favorita, porque domina o jogo de uma forma ativa, inteligente e realista. Margaery usa com maestria as armas que tem para proteger a si mesma e à sua família enquanto vai atrás das próprias ambições. Se ela quase conseguiu enganar Olenna sobre a suposta conversão, não há mais quem possa desconfiar da fé da rainha. Enviar a avó para High Garden é a única forma de garantir a sua segurança, mesmo sabendo que ela ficará por conta própria em King’s Landing.

ceersei

Que Cersei estava em uma posição delicada, era óbvio, mas acho que nem ela mesma tinha percebido o quão ferrada estava até ouvir aquelas verdades de Olenna. Lembro que High Sparrow, da quinta temporada, teve um ritmo parecido com The Broken Man e não foi um episódio especialmente marcante, mas é graças a ele que toda a trama de King’s Landing chegou até o ponto que está hoje, principalmente Cersei. Ela foi a única responsável pelo seu isolamento político, pela ascensão dos fanáticos, pela conversão de Tommen, o afastamento de Jaime e a ruína da sua família. A visitinha ao pardal descalço pode não ter causado no público a mesma comoção que o Casamento Vermelho, mas as consequências dos dois eventos são quase equivalentes para o cenário político de Westeros.

Falando em Casamento Vermelho, tem sido bem interessante a retomada da guerra entre os Frey e os Tully por Riverrun. Particularmente, me incomoda o tom de pastelão que estão dando aos Freys – o mesmo que deram para os Dothrakis no início da temporada – há outras formas de mostrar que eles são ruins com estratégias de guerra, covardes e tudo mais, sem parecerem figuras saídas de um filme de comédia de qualidade duvidosa. Tudo isso para evidenciar a importância de Jaime e Bronn naquelas negociações, é claro. Mas com o cerco montado e o Peixe Negro alegando que eles têm suprimentos para dois anos dentro do castelo, Brienne vai encontrar um cenário bem mais complicado que imaginou para pedir reforços contra o exército Bolton. A prioridade dos Tully vai ser defender Riverrun, então antes de retomarem Winterfell, vão precisar resolver o impasse Frey-Lannister.

E na busca por mais reforços, Jon, Sansa e Sor Davos foram passar o chapéu entre as casas nanicas do Norte… e os Selvagens. É claro que haveria algum drama, mas alguém duvidava que o bonde Pra Lá da Muralha acabaria se juntando a Snow? Como bem observou Tormund, no fim das contas eles são muito mais previsíveis que os sulistas. O grande destaque deste núcleo – e do episódio inteiro, na minha opinião – foi a pequena Lyanna da Casa Mormont. Ela já tinha recusado apoio a Stannis, afirmando que a sua lealdade sempre estaria com os Starks, mas, como pudemos ver, não é qualquer Stark. Para ganhar os seus 62 melhores soldados-ursos, sor Davos precisou entrar em cena com um daqueles discursos motivacionais infalíveis, e se no Banco de Ferro ele precisou mostrar os cotocos de dedo para conseguir um empréstimo, dessa vez o que funcionou foi falar dos vagantes. Lyanna pareceu uma governante mais sensata que qualquer aspirante a rei que tentou chegar ao trono depois da morte de Robert, e sor Jorah faria muito bem ao seu lado, se conseguisse uma cura para a doença.

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Então Jon conseguiu o apoio dos Selvagens, sor Davos o da Casa Mormont, e faltava Sansa entrar em ação, já que até ali, ela tinha atrapalhado mais que ajudado. Só que o Norte se lembra – se lembra das burrices do Robb, inclusive. Grande parte da força do Norte foi aniquilada pelas estratégias equivocadas do herdeiro de Ned Stark e pelo seu casamento absurdo com Talisa no meio da guerra. Com poucas adesões, poucos recursos e os primeiros conflitos internos aparecendo, a única alternativa que resta a Sansa é engolir o orgulho e aceitar o apoio de Mindinho e da Casa Arryn, ou o destino deles não tem como ser muito melhor que o de Stannis.

Theon e Yara apareceram, basicamente, pra mostrar que os navios não afundaram no caminho, não foram alcançados por Euron e que eles já estão em Volantis, então falta pouco para chegarem até a Daenerys. Esses momentos de despertar do Theon já estão ficando repetitivos… ele tem uns surtos de coragem quando está encurralado, mas é óbvio que nunca mais será o príncipe Greyjoy que Yara espera recuperar, seria melhor se começassem a lidar com o que ele é agora em vez de ficar batendo em teclas quebradas eternamente.

Então vamos falar da Arya, né, gente? Confesso que fiquei muito decepcionada com a personagem. Não por perder a luta, por ser atacada ou qualquer coisa assim, mas por ser negligente. Foram praticamente duas temporadas de treinamento na Casa do Preto e Branco, e parece que ela não aprendeu nada sobre ser cautelosa e detectar situações de risco. Andar livremente pelas ruas, chamar a atenção exigindo luxo, confiar em estranhos… nem sei qual erro foi o pior. As chances da personagem morrer tendem a zero. Não teria nenhum impacto narrativo, já que ela está isolada do resto da trama, e ela não escaparia ferida em um episódio para morrer no outro. Apesar do vacilo, estou curiosa para saber o que a lobinha vai fazer para se salvar dessa vez, e sigo torcendo para que ela volte para Westeros e termine de riscar os nomes da listinha.

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Algumas observações:

– Nada de Tyrion, nada de Bran, nada de Dany, nada de Ramsay…

– Jon Snow incorporou mesmo o cosplay do Ned, tá igualzinho.

– Um exército de 62 Lyanninhas era bem capaz de dar cabo no Ramsey, no Rei da Noite e de quebra ainda fazer o Tommen cantar pra subir.

– Vocês também sentiram uma vibe escrotinha de volta na Sansa ou fui só eu?

– Já não gostava do Pardal (quem gosta?), mas aquele papo de que a mulher não tem que ter desejo, tem que ter paciência… aaah  eu botava ele pra pular umas brasas de São João com aquele pé descalço rapidinho, pra ele ficar esperto.

– Quando vão dar uma fala pro Edmure, coitado?

Qual foi a sua opinião sobre o episódio? Sentiu falta de algum núcleo? Como acha que a Arya vai se safar das facadas? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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