Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Game of Thrones – 7×06 Beyond the Wall

Por: em 21 de agosto de 2017

Game of Thrones – 7×06 Beyond the Wall

Por: em

Só mesmo Game of Thrones para conseguir entregar um episódio tão bom, mesmo que tão cheio de furos e inconsistências.  A gente pode até torcer o nariz para muita coisa ali no meio, mas isso não diminui em nada a tensão, o desespero e a perplexidade que Beyond the Wall causou, então dá pra dizer que missão foi cumprida com louvor.

Divulgação HBO

O episódio foi ao ar cercado de polêmicas. A HBO Espanha o exibiu antecipadamente no início da semana – o que nada teve a ver com os ataques de hackers recentes – e quem preferiu assistir apenas durante a transmissão para o resto do mundo, teve um certo trabalho para se livrar dos spoilers que inundaram a internet desde então.

Juntar aquele pequeno grupo para ir atrás de um exército de milhares de mortos foi a pior ideia da história de Westeros, mas rendeu interações maravilhosas. O acerto de contas de Gendry com a Irmandade, a inusitada camaradagem entre Tormund e Sandor, a troca de figurinhas dos ressuscitados pelo Senhor da Luz – com direito a uma lembrança de Jon do seu juramento, percebendo que saiu da Patrulha, mas continua sendo um pouquinho Corvo, e a identificação dele com Jorah, relembrando o saudoso Lorde Comandante Jeor Mormont.

A série estava precisando desesperadamente de um respiro, de diálogos com mais de cinco palavras para resolver alguma coisa, e isso foi bem aproveitado tanto nas conversas do esquadrão Além da Muralha, quanto em Winterfell, nas lembranças e nos embates entre Arya e Sansa. Percebe-se que, por mais que tenha se tornado uma excelente lutadora e astuta para ganhar vantagens sobre os inimigos em batalhas, Arya continua extremamente ingênua sobre as articulações políticas em que está caindo.

Divulgação HBO

Sansa, por sua vez, mostra que sabe sobreviver a qualquer coisa por fazer a melhor leitura da situação ao seu redor. Ela entende as fragilidades políticas a que está exposta com aquela carta. Entende que o tal “O Norte se lembra” pode ser uma afirmação meio controversa. Entende que não adianta partir para um embate direto com Arya, e que precisa contornar todos aqueles conflitos ao mesmo tempo. Neste momento, Sansa é, de longe, a personagem mais sensata da série, e certamente vai conseguir desvendar os planos de Petyr antes de ser derrubada.

E digo que Sansa é a personagem mais sensata da série porque Tyrion se perdeu nas suas boas intenções, e não consegue ter nenhuma ideia decente para ajudar sua rainha. Daenerys o respeita, mas já não leva tanto em consideração o que ele diz – pudera, depois de perder Dorne e High Garden. Falar de sucessão naquele momento demonstra uma tremenda falta de tato, para dizer o mínimo. E também não pegou nada bem ele dar a ideia de enviar homens para buscar uma prova da existência dos White Walkers, mas quando as coisas complicaram, sugerir que ela os traísse e os abandonasse para morrer. Ainda mais sabendo que Jorah estava ali no meio.

As sequências do ataque do exército dos mortos foram bem executadas e cumpriram bem a missão de deixar todo mundo suando frio, beeem frio. Só aquele urso zumbi já foi suficiente para fazer meu coração saltar pela boca, ainda mais ao ver Sandor paralisado de pavor (mais do fogo que do urso zumbi, aliás). Vê-los completamente cercados, lutando em ampla desvantagem e quase perdendo Tormund foi como reviver dois grandes momentos da série: Hardhome e Battle of Bastards. O desenho das cenas teve elementos semelhantes a ambas, mas não chegou a ser tão icônico quanto o das anteriores.

Divulgação HBO

Ver os dragões em ação é sempre um show à parte, ainda mais quando eles aparecem no momento ideal para salvar nossos personagens favoritos, né? Mas a morte de Viserion foi um dos momentos mais dolorosos da série. Já era triste ver a morte dos lobos gigantes, mas perder um dragão foi infinitamente pior. A cena em que ele cai, se esvaindo em sangue, e afunda no gelo não vai sair da minha cabeça nunca. Pior que isso, só mesmo vê-lo voltando no fim do episódio, como servo do Rei da Noite. Um desfalque imensurável para Daenerys.

Mesmo depois de perder um dos seus filhos, Daenerys pareceu muito mais preocupada com Jon Snow. Não aceitou suas desculpas pela morte do dragão porque se responsabilizou por ela. Por não ter acreditado antes. Viu suas cicatrizes e percebeu sobre o que Davos estava falando quando mencionou a facada no coração. Jon, por sua vez, a aceitou como rainha ao ver a coragem e o sacrifício de Daenerys por eles. Os dois estão obviamente apaixonados, e por mais que eu tenha mil ressalvas à forma como isso foi desenvolvido até aqui, espero que essa união vá conta o senso comum de que amor é uma fraqueza e fortaleça ambos.

Por mais que tenha sido um episódio memorável, muitas inconsistências e momentos estranhos cercaram o episódio. Em primeiro lugar: Jon foi até Dragonstone atrás do vidro de dragão, uma das únicas formas de exterminar o inimigo. Como é que, além de levar só meia dúzia de camaradas, ele não levou nenhuma lasca de vidro de dragão? Pior que isso, só o Rei da Noite, que tinha um dragão parado, sentadinho no gelo e cheio de gente em cima, mas resolveu tentar a sorte atirando no que estava em movimento e a vários metros do chão. Isso é que é gostar de desafios! Aliás, de onde eles tiraram aquelas correntes gigantes? E como aqueles esqueletinhos furados conseguiram mergulhar para amarra-las no dragão?

Divulgação HBO

A cronologia da série já estava causando certa estranheza, mas os rápidos deslocamentos poderiam ser explicados porque nunca tinha ficado explícito quanto tempo se passava entre uma cena e outra. Poderiam ser horas, ou meses. Mas agora eles chutaram o pau da barraca, fazendo Gendry voltar correndo a Eastwatch, enviar um corvo e Daenerys voar (sem GPS) pro Norte em menos de 24 horas. E, segundo Sansa, Jon está apenas a algumas semanas fora de Winterfell. Não tem desculpa pra isso, Game of Thrones realmente abraçou seu lado novela da Glória Perez e é isso aí.

Algumas observações:

– Dos personagens com nome, só o Thoros de Myr dançou na missão suicida. Se saíram muito bem, nem parece Game of Thrones.

– Repararam que a sucessão foi mencionada em três momentos? Uma diálogo de Dany e Tyrion, outra no de Jon e Jorah, sobre a Garralonga, e a outra no de Dany e Jon, sobre os dragões serem os seus únicos filhos possíveis. Curioso.

– Viserion já era, o Rei da Noite está mais forte que nunca, e eu tenho certeza de que Cersei não vai mover uma palha pra ajudar ninguém, porque até os mortos chegarem no Sul na velocidade que andam, já vai ser verão de novo. Ou seja, tudo em vão.

– Aquele saquinho de máscaras de borracha da Arya era pra ser assustador? Porque eu achei bem engraçado.

– Benjen passou anos no limbo entre vivos e mortos, mas cumpriu sua missão ajudando Bran e agora Jon. Bom trabalho, Cold Hands!

– Quem convidou Sansa para King’s Landing?

Agora só resta um episódio. Será que a season finale vai trazer grandes surpresas? Será que vai vazar antes da hora? O que achou de Beyond the Wall? Deixe seu comentário e até a próxima (e última) review!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

×