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Girls – 6×01 All I Ever Wanted

Por: em 13 de fevereiro de 2017

Girls – 6×01 All I Ever Wanted

Por: em

A sexta temporada de Girls começa com um sonho de Hannah realizado: seu texto foi publicado na coluna Modern Love, do New York Times, e merece um “finalmente!”, depois de cinco anos de fracassos profissionais para a protagonista. Logo no início de All I Ever Wanted, pudemos matar as saudades de todos os personagens, enquanto eles prestigiavam o triunfo de Hannah no papel. Foi ótimo ver como cada um reagiu exatamente como nós imaginaríamos. E palmas para a genial Chelsea Peretti (Brooklyn Nine-Nine), que fez uma breve participação especial – foi ela quem contratou Hannah para a matéria sobre surfe, que se desenrolou ao longo do season premiere. Não consegui ter certeza de quanto tempo se passou desde o episódio anterior, mas o título do artigo no New York Times (Perdendo minha melhor amiga para meu ex-namorado) já indicava que o relacionamento entre Hannah, Jessa e Adam não estava nada bem. Pensei que essa introdução daria o tom da nova temporada, com uma Hannah estampada no jornal e os demais personagens vivendo os altos e baixos de Nova York. Não foi bem assim.

Quer dizer, teve muita Hannah nesses 41 minutos – o que é compreensível, já que Lena Dunham é a toda-poderosa de Girls. Mas, infelizmente, parece que voltamos ao roteiro escorregadio da quarta temporada, quando ela estava em Iowa, e perdemos a essência da série: cadê as quatro amigas na cidade grande? Fiquei frustrada de ver somente 90 segundos de Shoshanna. Ela é uma das personagens mais interessantes e complexas de Girls. Na quinta temporada, fomos até o Japão para acompanhar a garota e, agora, nem sabemos se ela continua na cafeteria anti-hipsters ou como está sua vida amorosa. Os tempos mudaram. Marnie e Ray apareceram mais do que Shosh, embora só como lembrete: o casal ainda existe, troca apelidos carinhosos como “baby” o tempo todo e está prestes a implodir, tamanha a falta de química. Esse destino fica engatilhado quando Ray conversa com Shosh (durante os 90 segundos de aparição dela) e Marnie encontra seu futuro-ex-marido, Desi.

Ray também foi responsável por nos levar à casa do Adam, um chiqueiro que me lembrou a primeira temporada, onde ele atualmente vive com Jessa. O casal, que protagonizou a história de Hannah no New York Times, assumiu um estilo de vida meio John & Yoko. Parecem ter feito as pazes depois da briga astronômica que encerrou a quinta temporada – lembram quando Jessa falou que nunca perdoaria Adam por romper sua amizade com Hannah?

Se assistimos à série, gostamos de ver a vida desglamourizada como ela é apresentada aqui. Mais do que gostamos: esperamos por isso. E é claro que também queremos ver uma boa história. É aí que Girls está confundindo as coisas. Não basta despir metade do elenco em cena, sem desenvolver um roteiro coerente e instigante. Sempre houve discussões sobre essa nudez ser gratuita, e eu prefiro avaliar caso a caso. Agora, vou desabafar: a cena do iogurte foi meio grotesca. Quais são as consequências de Jessa tomar iogurte nua, além de chocar o público da HBO – que, convenhamos, já passou dessa fase há algumas temporadas? Nenhuma. Jessa não apareceu vestida em momento algum do episódio. Não sei se era para rir ou se angustiar. Só observei a TV, esperando que algo mais acontecesse. E nada aconteceu ali: já falei que o season premiere só girou em torno de Hannah. Então vamos falar sobre ela.

A garota foi escalada para investigar um acampamento de surfe, cujo público-alvo são mulheres da classe alta nova-iorquina. O episódio começa a rascunhar a participação de Ginny, a loira com traje cor-de-rosa, mas ela logo desaparece. Fiquei curiosa para ler o que Hannah acabou escrevendo em seu artigo, afinal, sabemos que a pauta não saiu exatamente como planejada. Ainda na areia, ela desistiu do surfe e passou o resto do episódio num affair selvagem com o instrutor Paul-Louis – um pseudo-budista, interpretado por Riz Ahmed (The Night Of e The OA), que, no fim, revelou ter um relacionamento aberto com outra mulher. Hannah não ficou feliz, mas surpreendentemente aceitou. Digo “surpreendentemente” porque, na minha cabeça, Hannah faria um escândalo e iria embora para casa. Talvez seja uma pista de como a personagem está mudando, agora à beira da casa dos 30.

Eu nem sei do que meus amigos gostam. Só sei do que não gostam. Meus Deus, que maluquice. É como se estivéssemos tão ocupados atrás do sucesso, em busca da nossa própria identidade, que sequer conseguimos experimentar prazer.

Na praia, o diálogo entre Hannah e Paul-Louis trouxe reflexões bacanas e clichês, que, de alguma maneira, justificaram o caminho que o episódio tomou. O rapaz conseguiu quebrar uma barreira de Hannah – tarefa difícil! – e fazê-la desacelerar e filosofar sobre as infelicidades da vida contemporânea. No ápice do carpe diem, o episódio se encerra num luau, sem dar sinal do que podemos esperar para semana que vem. Fica minha torcida para mais cenas com outros personagens, mais Nova York e histórias bem construídas. Tudo que uma season finale merece.

 


A vinheta de Girls virou um hobby para mim – ver o mesmo letreiro, escrito em cores diferentes. Desta vez, eles inovaram e brincaram com emojis (😒👯💃). Vamos aproveitar o espaço das reviews para fazer uma coleção ao longo da temporada.


Alice Reis

Jornalista que não bebe café, mas vai ao Central Perk com frequência. Gostaria de viver em todas as séries filmadas em Nova York.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Friends

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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