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Girls – 6×03 American Bitch

Por: em 1 de março de 2017

Girls – 6×03 American Bitch

Por: em

Hannah chega a um edifício elegante de Manhattan, provavelmente localizado no Upper East Side, para visitar o célebre autor Chuck Palmer. Ídolo literário da protagonista, Palmer é acusado de assediar garotas universitárias, enquanto viajava em turnê promocional de seu livro, e Hannah escreveu um artigo sobre ele para um site feminista. Logo no início do episódio, percebemos que American Bitch é diferente de tudo que Girls nos apresentou até agora. Estamos infiltrados num apartamento desconhecido e não sabemos o que vai acontecer.

Num diálogo que durou 26 minutos na TV (e algumas horas na “vida real” dos personagens), somos bombardeados por questões latentes que envolvem abuso de poder – seja na palavra da internet, na fama ou no sexo. A genialidade de American Bitch, escrito pela Lena Dunham, está na incerteza do final: não sabemos se Palmer sempre planejou aquele desfecho ou não. O olhar azul e indecifrável do personagem foi um acerto do casting, que escalou Matthew Rhys (The Americans) para o papel. Cada telespectador terá sua verdade pessoal.

Para mim, Chuck Palmer já havia esquematizado todo o roteiro, como uma espécie de “serial killer” que conhece as etapas de sua presa. Convidaria Hannah para seu apartamento a fim de provar que ela, assim como Denise e as outras garotas do Tumblr, deixaria a palavra “consentimento” em xeque quando aceitasse seu convite para deitar na cama. Palmer não parece temer por sua credibilidade como autor; sua maior preocupação é que a filha, Miranda, descubra seus affairs através da internet. É uma causa nobre, que humaniza o personagem, mas insuficiente para alegar inocência. Ele precisa de mais.

Ainda na biblioteca, Hannah e Palmer estavam distantes. Da cozinha à sala de estar, começaram a se aproximar. Ele usou seu charme para elogiar e demonstrar interesse na vida pessoal da protagonista – o que, obviamente, foi a chave para desarmar a carência de Hannah. A garota já estava sorrindo. Flertando. Feliz. O próximo passo seria levá-la para o quarto e, ahm, tirar o “amiguinho” de dentro das calças. Confesso que percorri o episódio inteiro, junto de Hannah, oscilando entre confiança e dúvida, mas nunca imaginei a exposição grosseira de Palmer. O mundo ainda está longe de qualquer conto de fadas. Que bom que a TV também exibe essa realidade.

Depois de tantos diálogos impecáveis, American Bitch conseguiu se superar e criar um desfecho ainda melhor. A pequena Miranda chegou ao apartamento na hora H e, como se não fosse o bastante, convidou Hannah para assistir à sua apresentação de flauta. A música de Rihanna, Desperado, foi um toque especial neste episódio. Tivemos a oportunidade de ver o lado B de Chuck Palmer, enquanto admirava a filha, com o olhar azul, antes de Hannah ir embora. Na rua, outras mulheres cruzam o caminho de Hannah e invadem a portaria do edifício de Palmer. Mais presas. Um novo ciclo.

Coleção de letreiros


Alice Reis

Jornalista que não bebe café, mas vai ao Central Perk com frequência. Gostaria de viver em todas as séries filmadas em Nova York.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Friends

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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