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Girls – 6×08 What Will We Do This Time About Adam?

Por: em 4 de abril de 2017

Girls – 6×08 What Will We Do This Time About Adam?

Por: em

É claro que Girls nos daria um gostinho de “felizes para sempre” entre Hannah e Adam só para destruir tudo depois. O episódio mais poético da temporada nos levou para um conto de fadas (com direito a carrossel), em que percebemos que Hannah ainda não estava pronta para ser mãe solteira – pelo menos, não sem entender os sentimentos nostálgicos que vieram à tona quando assistiu ao filme do Adam.

Talvez seja bom ter uma companhia nesta aventura chamada maternidade, ela pensou, quando Adam apareceu como um príncipe, na mercearia, e a flagrou comprando todo o estoque de picolés. Também seria interessante ter quem conserte os ventiladores do apartamento, para que ninguém precise viver pelado depois que o contrato com a HBO expirar. Hannah precisava eliminar essa possibilidade da lista, antes de seguir adiante com a gravidez. Não – ela não pensa em abortar e já deixou isso claro para Elijah. Mas ainda não desvendou como será sua vida dali a seis meses (imagino que ela já esteja em torno do terceiro mês agora?).

Com Adam no título (O que vamos fazer sobre Adam desta vez?), o episódio começou com a cena em que o personagem terminou seu relacionamento com Jessa. Pelo visto, ele não conseguiu parar de pensar em Hannah (e no bebê) desde que a garota revelou a gravidez. Se me dissessem que esse diálogo foi escrito pessoalmente por Hannah, do jeito que ela gostaria que acontecesse, eu acreditava. Parece que o amor proibido entre seu ex-namorado e sua ex-melhor amiga era facilmente descartável. E, no primeiro momento, foi mesmo. Todo o episódio, a partir dali, soou como um sonho na cabeça da protagonista. Daqueles sonhos absurdos, mas do qual a gente não quer acordar.

Vivemos para ver o sexo ternura mais inimaginável de Girls e a conversa de Adam com a barriga de Hannah. É incrível como Adam Driver tem talento para permutar entre raiva intensa e riso fofo. O passeio pelo Brooklyn fez com que nós, românticos, acreditássemos brevemente que talvez, quem sabe?, aquele casal pudesse dar certo. Adam ouviu os medos de Hannah e a apoiou (em vez de sugerir um aborto impulsivamente, como Elijah). Hannah e Adam já planejavam a vida a dois (digo, a três) e Adam faria a mobília do quarto infantil. Os dois provavelmente teriam de se casar para dar início à família feliz. E a ficha caiu. Hannah acordou de seu sonho às lágrimas.

O episódio foi um teste, em que Hannah pensava que o pacote “Adam” apagaria o pânico que ela sentia. Mas, mesmo com a imagem da família feliz, ela ainda estava insegura. Não era isso. Não era ele! E também não seria Paul-Louis ou ninguém. Hannah já debateu a gravidez com todo mundo (provavelmente até com o amigo da mercearia onde ela compra picolé) e eliminou as alternativas que a permitiriam fugir da vida de mãe solteira. Cada vez mais, ela percebe que não precisa de nada além de confiar em si mesma. Aquela mulher da embalagem, na prateleira da loja, parece saber muito bem o que está fazendo. Será assim a partir de agora? Que processo doloroso.

Confesso que, ao longo do episódio, eu aceitei que Hannah e Adam terminariam a série juntos. Até torci, vai. A gente não pode subestimar o lado shipper que emerge nessas horas, quando nos entregam um romance repentino, assim, de bandeja. Ainda bem que houve uma reviravolta, como deveria ser. Girls não é novela, cujo último capítulo só tem gente feliz, casamento e bebê. Sigo sem palpite para o destino de Hannah nos próximos dois episódios. Fiquem à vontade para compartilharem suas apostas, lá embaixo, na caixinha de comentários.

Lado A, lado B

Jessa viu o amor de sua vida (podemos chamar assim?) ir embora para formar uma família com Hannah. Ela já havia sacado que Adam precisava praticar um desapego com a ex-namorada, mas provavelmente não imaginou que tudo se acabaria num piscar de olhos. Não reconheci a garota naquele discurso meia boca: está tudo bem, Adam, siga seu coração. Eu imaginava uma reação mais barulhenta, mas, pelo visto, a ferida foi tão profunda, que Jessa não teve forças para brigar. Discutiremos mais sobre isso adiante.

Em vez disso, os roteiristas lhe deram seu próprio flashback para reencontrar a Jessa da primeira temporada – numa versão bem menos glamourosa e cinematográfica do que o curta-metragem que ela e Adam produziram sobre Hannah. Toda a cena em que Jessa caminha para o bar e se envolve com um estranho é a reprodução exata do episódio 1×02. Eu não tenho esta memória tão aguçada e só saquei graças ao especial Inside the Episode, em que Lena Dunham e os produtores Jenni Konner e Judd Apatow comentam as tramas da semana. No episódio original, de 2012, Jessa estava grávida e a caminho da clínica de aborto, mas decidiu ir para o bar. Com um sangramento inesperado, descobriu que sofrera um aborto espontâneo. Que tipo de recado eles estão querendo passar?

Já achei estranho ver Jessa vomitar, enquanto fumava loucamente e tentava contratar um serviço de TV a cabo com todos os canais premium disponíveis. Naquele momento, pensei que ela poderia estar grávida – afinal, quando uma mulher vomita sem estar grávida nas séries? -, mas logo considerei que era delírio da minha cabeça, tão imersa na narrativa da Hannah. Quando soube da referência à primeira temporada, a coisa ficou mais séria. Agora fica a dúvida: será que Jessa está realmente grávida? Vamos juntar as peças deste quebra-cabeça.

Jessa teve uma reação atípica à partida repentina de Adam, que preferiu criar uma família junto de Hannah. Talvez ela escondesse algum segredo, mas seria covardia impedir o sonho do namorado com a revelação de outra gravidez – ou qualquer pensamento altruísta assim. Então Jessa, a fim de se aproximar da trama principal, foi ao apartamento de Laird, ex-cunhado e pai da sobrinha de Adam, que mora no mesmo prédio de Hannah. Laird acredita estar predestinado a apadrinhar o filho de Hannah, mas não vamos desvirtuar o foco. Jessa insiste em dizer que o filho de Hannah não pertence a Adam. Por quê? Porque o dela, sim. É uma forte possibilidade.

Hannah empurrou Adam novamente para os braços de Jessa, que o recebeu com um sorriso agridoce – ele só voltou porque não encontrou o que foi procurar longe de casa. Mas voltou. Se Jessa estiver à espera de um bebê, Adam terá a família que planejava no final, apesar de não ser com Hannah. Um filho mudaria completamente a dinâmica do casal Adam e Jessa, mas, a essa altura, eles precisam mesmo de alguns ajustes a fim de sobreviverem juntos. Por outro lado, se todas essas pistas para a gravidez de Jessa forem falsas, terá sido uma trama boba para enganar o espectador. Provocou, agora assume até o final.

O carrossel

Não foi isso que a gente quis dizer quando pediu mais Shoshanna na série. A garota serviu de alavanca para Ray conhecer Abigail – antiga chefe de Shosh, que a mandou para o Japão (bons tempos em que Girls se dava ao trabalho de ir para o outro lado do planeta só para manter a garota em ação). Logo depois de bancar o cupido incidental, Shosh foi enxotada para fora da narrativa novamente. Não dá para entender o sub-aproveitamento de uma personagem com tanto potencial e querida pelos fãs. Talvez seja intriga de bastidores, mas não estamos aqui para fofocar quem está na lista negra de Lena Dunham. Ainda temos duas semanas para Shosh ganhar o final que merece na série – o que, nesse ritmo, significa ser madrinha num casamento relâmpago de Ray e Abigail.

Depois do namoro massacrante com Marnie, Ray finalmente encontrou alguém que podemos classificar como a anti-Marnie. Abigail surgiu de repente para se mostrar muito parecida com ele, mas com um sorriso constante no rosto. Eles até compartilham a mesma pergunta sobre prédios e vistas – que, aparentemente, revela a personalidade das pessoas e a Shosh foi reprovada. Eu acertei a resposta, ufa! Você sempre deve escolher o prédio bonito com a vista feia. Tem de valorizar sua estrutura interior ou qualquer coisa assim. A frase provavelmente é uma provocação metafórica à bonitinha-mas-ordinária Marnie.

Ray está encantado por Abigail, que o incentiva a seguir seus sonhos e, mais do que isso, corre atrás junto com ele. Tudo isso em menos de 24 horas. Carisma é pra quem tem. Abigail faz Ray perceber que o tipo físico das revistas não é tudo numa garota – e ele realmente precisava aprender isso. Quando Ray namorava a Shosh, chegou a dizer que seu único interesse era a garota, crente que estava sendo super romântico. Mas Shosh insistia que ele precisava amar alguma coisa além dela. Precisava ter uma vida. Parece que, com Abigail, isso se tornará possível.

O novo casal 20 saiu pelo Brooklyn a fim de continuar o projeto histórico do falecido Hermie. É o tipo de trama que se perde num episódio tão curto, cuja menor parte é destinada a esses personagens. Que pena, porque seria uma história bem legal de acompanhar. Mas eles conseguiram pincelar brevemente o dia de Ray e Abigail e a aproximação que desabrochou no carrossel, quando Ray pediu para beijar Abigail e fez uma ginástica para conseguir fazê-lo. Sei lá como os dois foram parar num carrossel, mas foi essencial para o momento pateta do episódio – que Girls sempre gosta de encaixar, aqui e ali, para nos lembrar que essa série deveria ser uma comédia.

A magia do carrossel também permitiu um desfecho lúdico para o episódio, repleto de sonhos e pesadelos acordados. What Will We Do This Time About Adam? é “ame ou odeie”, e a gente precisa estar disposto a embarcar nas loucuras inorgânicas que os roteiristas propõem. Afinal, é isso que difere a TV da vida real. Eu optei por amar.

Girls segue seu rodízio insano de personagens a cada semana, mas ninguém vai reclamar de não ter visto sombra da Marnie hoje, certo? Ela deve estar em Nova Jersey, mais precisamente no sofá da mãe, e estará de volta no próximo episódio. Confira:

Coleção de letreiros

Faltam poucas figurinhas para completar nosso álbum!


Alice Reis

Jornalista que não bebe café, mas vai ao Central Perk com frequência. Gostaria de viver em todas as séries filmadas em Nova York.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Friends

Não assiste de jeito nenhum: Game of Thrones

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