Depois da ascensão, é hora da ira dos vilões.
Parece ser esse o tema que norteará a segunda metade da, até então, impecável temporada de Gotham. Ao menos é o que sugere o novo subtítulo: Wrath of the Villains. Depois de 11 ótimos episódios, que tiraram de vez o ranço deixado pelo decepcionante primeiro ano, o desafio agora é manter o nível e, a depender do que vimos em Mr. Freeze (que funciona praticamente como uma nova season premiere), a tendência é que ele até mesmo aumente. As cartas estão na mesa, a sorte está lançada e a qualidade segue muito bem obrigado.
A apresentação de Victor Fries – ou, se preferirem, Mr. Freeze -, novo vilão da temporada, foi muito mais interessante e mais consistente que a de Theo Galavan, por exemplo. Um dos engenheiros da criogenia mais importantes de Gotham, Victor, diferente de Galavan, foi humanizado de cara. Theo tinha sua backstory triste, com a perda do nome da família e tudo o mais, mas com Victor, a coisa ganha novos contornos ao conhecermos Nora, sua esposa doente. A adição deste detalhe logo de cara já mostra que o roteiro pretende extirpar de cara qualquer eventual semelhança que Freeze e Galavan possam ter. Ambos tem seus motivos para se tornarem vilões, mas Victor está mais ligado ao emocional do que Theo e isso faz toda a diferença na hora de analisarmos o personagem.
O episódio conseguiu inserir muito bem Fries no cenário da série. Nathan Darrow está excelente no papel e conseguiu transmitir todo o tormento interior que Victor sente por ver a mulher morrer e não conseguir avançar nos seus experimentos de criogenia para tentar salvá-la. Interessante também foi ver que, de alguma forma, o texto de Gotham sempre consegue colocar os Wayne na jogada, ligando diretamente as experiências recentes de Victor a um antigo programa fechado por Thomas Wayne. Isso certamente vai trazer problemas pro pequeno Bruce (que não deu as caras, saudades) e colocá-lo mais uma vez no centro da história.
Do outro lado do episódio, Jim precisa lidar com o fato de agora ter o sangue de Theo em suas mãos. Cruzar a linha ética e assassinar o antigo vilão da série é algo que achei que atormentaria Gordon por um bom tempo, mas aparentemente, ele está lidando bem com a situação. Conseguiu convencer o tribunal de que estava falando a verdade, foi inocentado e finalmente voltou a trabalhar. Contudo, o peso da mentira ainda assombra sua cabeça e certamente isso virá a tona em um futuro (próximo ou não), para complicar seu relacionamento com Leslie e com Barnes.
Por enquanto, o Pinguim sustentou sua versão e assumiu ele mesmo a culpa pela morte de Theo. Mas por quanto tempo Oswald continuará de bico fechado? A julgar pelo começo tortuoso de sua estadia em Arkham, talvez não muito. Talvez Cobblepot tenha planos maiores para o tempo que deverá passar na instituição, mas não dá pra confiar que o diretor o deixará exercer algum tipo de influência sobre os outros presos. E nós sabemos: Quando Pinguim se sente ameaçado, ele ataca. E se isso acontecer, vai sobrar pra Gordon.
Ainda que em menor escala, também pudemos ter um vislumbre dos destinos que se traçam para Butch, Tabitha e Nygma. O futuro Charada está cada vez mais instável emocionalmente e sua recém construída relação com Pinguim já saltou aos olhos de Jim, que de bobo não tem nada e um conflito entre os dois (e Barnes) não deve demorar a acontecer. Já Butch, sem o apoio de Oswald, parece seguir a passos largos para assumir o lugar de “Rei de Gotham”, o que eu não acho que ele consiga fazer. Talvez, com uma Tabitha sedenta por vingança ao seu lado, isso se torne mais fácil.
Paguemos pra ver. Até agora, tem dado certo.
Outras observações:
– O “frigorífico” do Mr. Freeze é assustador.
– Gosto de ver como Gotham tem, pouco a pouco, inserido novos elementos em sua mitologia, como a natureza deste novo vilão, diferente de tudo que a série já apresentou.
– Cadê Barbara? Saudades daquela maluca.
– Essa semana, o Douglas não conseguiu escrever, então vim aqui comentar com vocês. Mas semana que vem, ele tá de volta.
Fique com a promo de A Dead Man Feels no Cold, episódio de próxima terça:
