Até onde alguém iria em nome do amor?
É esse o questionamento que A Dead Man Feels No Cold, outro excelente episódio da quase impecável segunda temporada de Gotham, nos traz. A história de Victor e Nora Fries é muito mais do que a história de Mr. Freeze e sua esposa. É uma metáfora para escolhas difíceis, amor e sacrifício. Se semana passada, a série tinha mostrado que podia manter o excelente nível, agora, a certeza apenas se confirma. Todos os diálogos envolvendo o arco de Victor, Nora e Lee foram incríveis. A conversa com a namorada de Gordon em Arkham sobre não perceber o que o marido estava se tornando, a força de vontade de Victor de salvar sua esposa, que o fez invadir o local mesmo sabendo que era tudo um plano de Jim, o posterior sequestro… Tudo estava encaixado perfeitamente, mantendo o nível de tensão no episódio lá nas alturas. É muito bacana que Gotham invista em um vilão que não é maniqueísta. Theo até tinha seus motivos, mas na maior parte do tempo soava como mais um psicopata qualquer, o que é bem diferente de Victor, que consegue convencer que fez tudo o que fez em nome do desejo de salvar sua mulher.
É por isso que o sacrifício de Nora, depois de uma belíssima conversa de despedida, mexe tanto com o Mr. Freeze, a ponto de ele não enxergar mais motivos para continuar. Nora era sua bússola, seu guia, seu ponto firme. Quando ele pensava em desistir, era por ela que ele continuava. Ver o amor da sua vida virar gelo e, em seguida, se despedaçar, não deve ser fácil pra ninguém, mas aqui ganha uma proporção ainda maior. A cena onde o próprio Victor decide que não tem mais razão alguma para viver e também se congela é emocionante e me pegou de surpresa. Fiquei pensando porque Gotham tinha acabado com o que seria provavelmente o vilão deste segundo arco de maneira tão rápida.
E aí que entra a figura de Hugo Strange, enfim devidamente introduzida. Assim como Jerome parecia ser o antagonista da 2A e cedeu seu posto para Theo, Strange parece que assumirá o lugar de Mr. Freeze – que ainda deve ter um papel importante, de qualquer maneira. Quando Hugo apareceu para ajudar Victor a fugir de Arkham pedindo apenas uma parte de sua experiência em troca, eu comecei a me questionar onde isso ia dar, mas jamais imaginaria essa sequência final. O que deu pra entender é que Strange aprimorou as experiências de Victor e conseguiu mantê-lo vivo, adaptando sua temperatura celular. Agora ele é um Mr. Freeze quase que literalmente. O que eu não consegui entender bem foram aqueles corpos entubados, mas o fato de Jerome estar entre eles, mostra que talvez o protótipo de Coringa não tenha visto seu fim ainda. E isso me deixa muito empolgado.
No outro ponto do episódio, o não mais tão pequeno Bruce voltou a aparecer. A conversa com Lee no começo do episódio já mostrava que tudo o que garoto sofreu nas mãos de Theo e o fato de ter descoberto o nome dos assassinos dos seus pais mexeram muito mais com ele do que o esperado. Que o pequeno Wayne esteja disposto a matar ele próprio Malone, é de uma frieza surpreendente e que mostra que sua obsessão por vingança pode ir longe demais. Alfred e Selina, cada qual a sua maneira, vão tentar ajudá-lo nessa jornada (ele para impedir que o patrão suje as mãos, ela para ajudá-lo a fazer isso), mas no fim das contas, eu aposto que esse é um caminho que Bruce terá que empreender sozinho e que deve ajudá-lo em sua futura transição de um homem comum para o Batman.
Lee e Gordon também ganharam um pouco de drama, finalmente saindo do estigma de casal-perfeito, que já estava começando a abusar mesmo. Depois de tudo que aconteceu com Mr. Freeze e de tudo que Lee presenciou, realmente não é possível continuar com as mesmas convicções. Só não consigo ver muito futuro nessa trama porque em algum momento, acredito que a Morena teve (ou terá) que se ausentar das gravações para se dedicar aos últimos meses de gravidez. Aliás, alguém tem aposta de como isso vai ser usado na série? Será que o bebê nasce mesmo? Façam suas apostas.
E, por último, mas não menos importante, o Pinguim surtou até mais cedo do que eu esperava. Claro, é totalmente compreensível depois do inferno que ele está passando em Arkham, mas achei que demoraria mais para ele dar com a língua nos dentes e começar a gritar que foi Gordon que matou Theo. Por enquanto, ninguém deu bola, mas uma hora, o caldo vai entornar. E eu não faço ideia de como Jim vai se livrar disso.
Outras observações:
– Finalmente notícias da Barbara! Tomara que ela saia logo desse coma e volte a tocar o terror.
– Poucas vezes um título de episódio combinou tanto.
– Eu já to torcendo muito por Jerome voltar.
– Jim e Harvey foram meio burros de achar que o Victor não ia sacar que Arkham era um plano, ein.
– Um dia, o Douglas volta as reviews. Juro que não tomei o lugar dele!
Fique com a promo de This Ball of Mud and Meanness, episódio que vai ao ar na próxima segunda:
