“Olhando para trás é fácil ver quando um erro foi cometido. Se arrepender de uma escolha que parecia ser boa ideia. Mas se usarmos nosso melhor julgamento e ouvirmos nosso coração, nós veremos que escolhemos com sabedoria. E evitamos o mais profundo e doloroso arrependimento. O arrependimento que vem de deixar algo maravilhoso passar.”
Saindo do seu mais longo hiatus, Grey’s Anatomy conseguiu fazer um episódio de retorno que, a despeito de algumas tramas que não funcionaram muito bem, aparentemente colocou uma pedra em algumas tramas anteriormente abertas e começou a desenhar o caminho que essa segunda metade da temporada deve tomar. Os prognósticos são positivos e negativos, há histórias empolgantes e também algumas aparentemente chatas… Mas como não se pode ter tudo nessa vida, seguimos em frente.
No lado das tramas encerradas, a via crucis de Alex e Jimmy parece ter chegado a um fim. Trágico, mas ainda assim, um fim. Matar o pai de Karev agora talvez tenha sido uma das maiores surpresas de roteiro da temporada, já que eu esperava essa história arrastada por um bom tempo, até o momento em que o Alex derrubasse os muros que construiu ao redor de si e conseguisse ser feliz novamente com o pai. Pensando agora, contudo, seria um cenário otimista demais pra um personagem tão ferrado e tão emocionalmente instável quanto o Karev. Carregado de amargura e ainda levando todas as feridas de um passado que ele insiste em não esquecer, Alex jamais perdoaria Jimmy. Naquele momento pequeno antes da morte dele, quando o pediatra o tranquiliza e diz que a mulher e o filho estão vindo, ele não perdoou o pai; apenas deixou um pouco de lado a máscara de bad boy e se permitiu sentir a dor de perdê-lo, novamente. Isso fica claro quando ele afirma a Mer que ela, dentre todos os outros, deveria ser aquela a melhor entendê-lo. E o abraço dos dois é tão genuíno e tão sincero, que não resta dúvidas: Meredith o entendeu.
É nesses momentos que meus sentimentos a respeito da Jo se confundem. Por mais que eu ache ótimo o Alex ter alguém do seu lado nesses momentos, a atitude da garota em questionar se ele tinha ou não a pedido em casamento enquanto ele via o pai definhar pouco a pouco é egoísta e me faz achar que, cedo ou tarde, esse relacionamento vai desandar e, pra isso, nem vai ser preciso a Jo surtar ou contrair um câncer. A rotina e a convivência diária vão ser suficientes para mostrar o quanto eles não estão na mesma sintonia. É, ao menos, no que eu aposto – ou, melhor dizendo, no que eu torço.
A mesma rotina que parece ter chegado ao relacionamento de Callie e Arizona, também no sentido ruim. A impressão que o roteiro passa é que as duas entraram em uma espécia de looping vicioso. Discutem, se reconciliam, uma tenta salvar o casamento, a outra cede, e elas seguem em frente… Até quando? Pode funcionar, pode não funcionar… O fato é que não dá pra saber. Claro que não dá pra culpá-las pela tentativa de salvar o relacionamento, é o que duas pessoas que se amam e que viveram tanto tempo juntos tentariam fazer, apesar de todos os percalços pelo caminho. O problema, pra mim, é que elas estão fazendo isso da maneira errada. Não é mudando de casa e modificando o cenário que o casamento vai ser magicamente reconstruído. A mudança tem que ser interna… Tem que vir delas. Callie precisa ser menos dependente desse amor (porque ela merece mais do que isso) e Arizona precisa entender que o mundo não gira ao seu redor. Já torci muito pelas duas, mas hoje, me mantenho indiferente. Amo Torres e sou total indiferente à Robbins.. Torço, assim, apenas pra que Callie seja feliz. Plenamente feliz. E se for para ser com a Arizona… Então que seja e que o roteiro convença disso.
Para Meredith e Derek, curiosamente, o problema parece vir exatamente da quebra dessa rotina. Não dá pra culpar o Derek por ter se permitido a chance de trabalhar relacionado a Casa Branca e não consigo entender o motivo para tanta raiva da Mer. É claro, eles tinham feito um acordo, mas casamento é uma via de mão dupla e acordos podem ser refeitos, especialmente quando há uma oportunidade tão grande em jogo. Um pouco egoísmo da personagem não enxergar o lado do marido. Não ficou claro pra mim, contudo, no desenvolvimento disso. Minha cara foi a mesma da Meredith quando o Derek contou do acidente que causou ainda jovem. No que isso influenciaria diretamente no trabalho? Claro que para trabalhar pra Casa Branca seria preciso todo esse “escavamento”, mas achei a preocupação do Derek um tanto quanto exagerada.
O TOC de Bailey parece ser outra trama encerrada, contudo, seus problemas conjugais com Ben, agora na vaga de um interno, não parecem empolgantes. Honestamente, quem se preocupa se o cara tá comendo hamburguer ou comida saudável no almoço? E, principalmente, quem quer ver Miranda Bailey preocupada com isso? Que os bons ventos dos roteiristas não permitam que isso aconteça.
O que nós realmente queríamos saber era: Quem April escolheria? E a resposta me surpreendeu. Entre seguir seu casamento com Matthew e fugir com Jackson, tinha quase certeza que ela pensaria racionalmente e continuaria na igreja. Então, foi com alegria que vi ela pensar emocionalmente, se jogar nos braços de Jackson e se permitir viver uma paixão que, se ela deixasse passar, como bem disse a citação, seria um dos maiores arrependimentos de sua vida. Mesmo sendo um recurso clichê, foi bonitinho ver os dois juntos apenas no final do episódio, vivendo um casamento em segredo – que, obviamente, logo logo deixará de ser segredo.
A única coisa desnecessária em toda a situação foi a denúncia feita pelos internos. Claro que a Stephanie tem todos os direitos do mundo de estar chateada após a humilhação pública que passou. Mas assédio moral? Foi de longe a ideia mais descabida que Murphy já teve – e olha que isso é muito. Não é como se ela, Stephanie e Ross tivessem sido abusados por Arizona, Jackson e Cristina. Nada teria acontecido se eles não quisessem e se comportar dessa maneira é extremamente infantil. Vai ser interessante, contudo, ver os desdobramentos que essa nova lei que proíbe novos relacionamentos de superiores e subordinados terá.
PS. O Owen estava extremamente irritante. É claro que o Ross merecia todos os esporros do mundo por ter feito o que fez, mas como Chefe de Cirurgia, seu trabalho deveria ser cuidar para que a situação não se repetisse e não tratar o menino como um nada.
PS. II. Tão bacana ver Meredith e Yang fazendo cirurgia novamente, conversando e tentando colocar uma pedra em cima dos desentendimentos. Sendo esses os últimos episódios de Sandra Oh na série, é exatamente assim que o clima deve permanecer.
PS. III. Sem pausas até o final da temporada agora. Todos prontos?
PS. IV. Vale registrar: Muito, muito bizarro o tal “Homem-Gato”.
PS. V. Quem mais vibrou com o soco no Ross? o/