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Grey’s Anatomy – 12×11 Unbreak My Heart

Por: em 28 de fevereiro de 2016

Grey’s Anatomy – 12×11 Unbreak My Heart

Por: em

Uma das poucas certezas que tive na época em que escrevia meu texto sobre o que esperar da nova temporada de Grey’s Anatomy é que em algum momento seria preciso resolver o rumo que a relação (ou o que havia sobrado dela) entre April e Avery iria tomar. E foi justamente este o objetivo do episódio desta semana.

Foi preciso um olhar atento em meio aos constantes flashbacks para entender que os sinais sempre estiveram ali. Detalhes importantes comprovavam que o caminho a ser seguido pelo casal sempre foi este, não importando o que havia sido dito anteriormente. E este sem dúvida foi o grande acerto de Unbreak My Heart, que soube pesar na medida o limiar entre todas as fases do relacionamento de Kepner e Jackon. O que de certa forma me fez ter esperanças para um plot que há um tempo vinha decepcionando pela forma infantilizada de se autorretratar.

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Indiretamente, reviver as perdas é uma das formas que encontramos – na ânsia de aprender com os erros – para seguirmos em frente. Sendo este, justamente, o caminho seguido pela narrativa. Ora dando a entender que um deles havia seguido em frente, ora mostrando que o destino de certa forma se encaminhou de conduzir o que a rotina não conseguiu conciliar.

Mas não pense que esta foi uma tarefa fácil. Nunca é. Foi preciso rever todas as etapas da história desenvolvida até ali. À medida que as mudanças de pontos de vista permeavam a tela, trazendo novas perspectivas para cenas já mostradas em outros episódios, emergia entre os frames o difícil caminhar rumo ao fim da relação. E onde antes havia amor, hoje só restava mágoa, feridas e descontentamentos. Muitas vezes só o ato de amar acaba sendo pouco para sustentar um relacionamento. Afinal, a vivência é algo muito mais complexo que meramente demonstração de afeto. E por mais que pareça óbvio, quando se trata de envolvimento emocional, nada é tão simples ou factual. Isso é deixado bem claro quando vimos o quanto April e Jackson são diferentes, seja na maneira em como encaram a questão da religiosidade, ou mesmo nas concessões feitas até ali.

Da perda de Samuel até agora, o que se viu foram inúmeras tentativas de se salvar uma relação que na verdade sempre esteve por sobre alicerces frágeis, recém-construídos. E o fato de cada um ter decidido buscar os próprios meios de superar a morte do filho, sem dúvida contribuiu para que o distanciamento entre eles fosse cada vez maior e evidente. O diálogo – ou melhor – a falta dele, fez com que cada um carregasse marcas que provavelmente nunca serão curadas. Dando a impressão de que justo no momento em que mais precisaram um do outro, eles estiveram sós.

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E o que fazer quando na verdade não existem culpados, apenas vítimas? O caminho talvez seja o de saber perdoar um ao outro. Mas como já vimos no plot de Meredith, por exemplo, esta não é uma tarefa simples de se executar. A verdade é que tanto Jackson quanto April tiveram suas diferenças maximizadas no momento em que viviam o grande trauma de suas vidas, cada qual a sua maneira. Indo além da reparação. Já que mesmo com o passar do tempo, tudo ainda é extremamente delicado, visceral. A mágoa permeia inúmeros caminhos e o que ajuda a confundir o cenário ainda mais é o fato de que o amor ali ainda reside. Só não é suficientemente autoimune às escolhas do passado, ou à forma de se conduzir as ações do presente na tentativa de salvar o relacionamento.

Já se sabe que a história não se encerrará com as assinaturas do divórcio. Na verdade, parte da surpresa foi justamente ver que em meio a um cenário tão cheio de tristeza e desesperança, a vida – nesse caso Shondaland – resolveu entregar um novo desafio e que impactará mais uma vez o crescimento pessoal de Jackson e April: a chegada de um novo filho; Pode ser cedo para definir se isso representará uma reaproximação entre eles, ou apenas a oportunidade de viver a conclusão de uma gestação menos traumática. O certo até aqui é que ela trará consigo todos os conflitos e temores, ligados a uma constante necessidade de se proteger esta nova criança.

“I have to believe that even if something seems like it cannot be fixed it doesn’t mean it’s broken.”

Por pior que possa parecer, o afastamento entre eles foi sem dúvida o caminho mais saudável a ser seguido. Afinal, mesmo com a chegada do novo filho, permanecer dentro desta relação significaria apenas reviver momentos que fragilizaram extremamente a relação entre eles. E se uma gestação não substitui a outra. Estarem juntos durante esta nova etapa poderia representar o retorno de velhos esqueletos que há tempos permeiam os armários de Avery e Kepner. Podendo, sim, representar um infrutífero caminho a ser seguido. Já que a gravidez não isenta o fato de ambos ainda procurarem – mesmo que internamente – por culpados onde na verdade só existiram vítimas. E ver que April não se valeu deste detalhe para tentar “salvar” o casamento com Jackson me trouxe a esperança de ver a personagem ser reconstruída de uma forma mais justa, madura e humana. Restando pra a gente apenas a espera pelo desenrolar de uma história já tão bem articulada pela mente dos roteiristas de Grey’s Anatomy.

E você, acredita na volta de Japril?

PS: Meu coração não estava preparado para rever Yang <3


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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