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Grey’s Anatomy – 12×20 Trigger Happy

Por: em 25 de abril de 2016

Grey’s Anatomy – 12×20 Trigger Happy

Por: em

Desde a semana passada, enquanto assistia à promo do episódio desta semana de Grey’s Anatomy, imaginei que este seria um dos episódios mais marcantes da temporada. E de fato foi. Reforçando o que eu venho dizendo desde a estreia desta temporada – de que a série tem retomado suas próprias raízes – o roteiro destaca a importância da série em ir além de mero instrumento de entretenimento, usando seu espaço para dar voz a temas e que de alguma maneira pedem por um posicionamento, ou no mínimo, algum tipo de esclarecimento para o grande público.

A liberação ou não do uso de armas de fogo por parte da população é algo que claramente dividiria opiniões, ainda mais em tratando de um dos países com maior força bélica, como é o caso dos Estados Unidos. O fato é que uma arma, quando em poder de um civil, quase sempre representa muito mais perigo que segurança. Então, o que dizer ao nos depararmos com a tragédia envolvendo duas crianças que acidentalmente disparam um tiro durante uma brincadeira? Aqui não existem lados, todos são vítimas. Vítimas da falsa segurança criado pelo porte da arma, de um controle torpe dos pais em confiar no “esconderijo”ou na trava de segurança. Gerando reações capazes de traumatizar vidas e mudar tudo em questão de segundos. Mas engana-se quem pensou que Trigger Happy tinha o intuito de contar apenas a história de dois amigos que têm as vidas modificadas após este trágico acidente.

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Na verdade tudo aqui vem para reafirmar as consequências das ações tomadas pelo excesso de vontade, por impulso, no imediatismo certo. Decorrentes das inúmeras decisões diárias que muitas vezes os médicos são obrigados a vivenciar, em se tratando de salvar vidas. O problema é que por mais que a ação pareça ser a mais acertada naquele momento, as consequências quais nunca são levadas em contas, como componentes reais daquele cenário. Por isso, talvez tenha sido tão difícil não se emocionar enquanto inúmeras armas eram apontadas nas mais diversas direções, dando à metáfora força pra determinar como as coisas de fato seguirão de agora em diante. A decisão de Arizona, em buscar ajuda legal com relação permanência ou não de sua filha em Seattle, assim como a peregrinação de Caille, que na tentativa de conseguir aparar todas as arestas e se mudar para Nova Iorque, esqueceu que é impossível ser racional em se tratando de sentimento. O que se viu foi que as consequências disso afetou Robbies, a ponto desta se sentir como a única prejudicada e que precisaria lidar com as perdas sem nem ao menos ter tido a chance de questionar se aquela era a melhor atitude a ser tomada.

Para contrabalancear à densidade do tema, coube aos roteiristas habilidade para dosar o caso da semana, com situações mais leves, e extremamente atuais, como o caso de catfishing envolvendo a paciente de Meredith e as relações virtuais, ou o que dizer das mensagens safadeenhas de Steaph e o ex-paciente de Sheperd? Ver a dinâmica criada entre Grey e Edwards foi importante naquele momento. Ali, a metáfora trazia o outro lado, o de que nem sempre uma atitude impensada representa necessariamente algo ruim. Podendo sim significar o início de algo novo e bom. Ver a forma como Meredith é capaz de ironizar as próprias tragédias e traumas, apenas humaniza ainda mais o Sol de Grey’s Anatomy. Tirando a grande estrela do show do centro de toda carga dramática que tem rondado os corredores do hospital. Afinal, enquanto os médicos lutavam para salvar a vida de Brandon, cada um deles foi sendo impactado a sua forma e precisou buscar meios de sobreviver ao que acontecia ali.

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A atitude inicial de Edwards apontava na direção contrária às consequências do acidente para o momento atual de Maggie. Cabendo aqui uma das grandes mensagens do episódio, a de que o amar incondicional é sim um sentimento extremamente doloroso. A consciência da falta de controle faz com que o desespero passe a fazer parte do dia-a-dia, mas se parafrasearmos Ellis Grey: o carrossel nunca para! Cabendo então aos poucos aprendermos a dosar esses medos, e compreender que ao mesmo tempo, o ato de amar é uma das coisas mais belas e difíceis que podemos vivenciar, afinal, é preciso se despir totalmente, colocar-se a mercê do outro, correndo muito mais risco que garantias. Por isso mesmo talvez seja tão difícil “aproveitar” o momento, valer-se do latim Carpe Diem. Exigindo tempo e sabedoria para apreciar este sabor agridoce. E ver como Pierce tem convivido com todas essas novas emoções só tem feito com que os fãs da série torçam ainda mais pela personagem. Bom, pelo menos foi essa a sensação deste humilde escritor de reviews aqui. Assim como a forma com que, pela primeira vez – em um bom tempo – vimos Amelia com uma participação mais consistente, muito além das enfadonhas crises em seu relacionamento com Hunt. Lembrando que ela é uma das poucas personagens a passar pela reabilitação e talvez por isso, uma das mais capazes de entender a importância de se auto-perdoar. Saber quando o peso das coisas é demais para suportar sozinho.

As armas estavam apontadas ali. Cabendo a cada um dos personagens a decisão entre declarar trégua ou guerra. Enquanto Jo entendia que sua vida atual é muito diferente do seu passado, ao avaliar a importância e consequências de se ter uma arma de fogo por perto, ou de April em compreender que por maiores que tenham sido as falhas no momento das tomadas de decisão no calor do momento, nada impede de que a relação dela e de Jackson volte a ser mais próxima da relação de carinho que um tem pelo outro e agora pelo bebê. Já na contramão disso tudo, vimos Ben caminhando cada vez mais em direção ao confronto com Bailey ao assumir a vaga de anestesista no hospital, quando na verdade deveria estar cumprindo os seis meses de afastamento. Assim como, tudo caminhou para finalmente termos declarada a guerra entre Caille e Arizona.

Como o próprio texto de abertura do episódio propõe, nem sempre agir com rapidez é sinônimo de sabedoria. Ou que ser analítico resultaria em algo mais assertivo que quando nos guiamos pelo emocional. A grande questão aqui é como lidar com as consequências de todas estas escolhas. E é isso o que se pode esperar para a reta final da décima segunda temporada de Grey’s Anatomy


Não deixa de dizer o que achou deste episódio, nem o que está esperando para os últimos capítulos desta temporada. Até a próxima review!


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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