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Grey’s Anatomy – 12×22 Mamma Tried

Por: em 8 de maio de 2016

Grey’s Anatomy – 12×22 Mamma Tried

Por: em

A poucos dias do Dia das Mães, Grey’s Anatomy trouxe a disputa de Caille e Arizona pela guarda de Sofia. Apresentando o episódio mais emocionante da décima segunda temporada, que ironicamente teve como cenário principal não o hospital, mas sim um tribunal. Entrando facilmente para a lista de momentos da série como estes.

Diferente da parábola de Salomão, aqui o que existia eram duas verdadeiras mães sendo obrigadas a compreender que o caminho seguido não poderia ter sido mais doloroso e difícil. E que para chegarmos ao veredito era preciso desconstruir pouco a pouco a história de um dos casais mais amados da história da série, não por acaso, o episódio começa com uma breve retrospectiva dos grandes momentos da vida de Torres e Robbins. Sinal de que a emoção é quem dominaria os minutos que estavam por vir, e se no início da temporada tivemos um episódio propositalmente desprovido de som, a trilha sonora de Mamma Tried atua aqui como coadjuvante, cuja função é servir como a válvula responsável por tocar ainda mais o expectador. E se alguém duvidava ser possível passar pelo episódio sem chorar, a escolha de Nothing Compares to You ao som de Prince – falecido no último mês – deixa muito claro que a resposta é não.

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Assim como o episódio que trazia para o debate a liberação ou não das armas de fogo, a disputa pela guarda de Sofia serviu para abordar a visão machista e o preconceito contra pais adotivos. Não por acaso, o testemunho de Bailey questiona o discurso que desqualifica a mulher ao indicar que ela não é capaz de ser uma boa mãe e, ao mesmo tempo, uma excelente profissional. Que para tanto é preciso abdicar de uma das partes. Aproximando-nos do recente bordão do machismo tupiniquim: Bela, recata e do lar. Mais que isso, reforça que hoje os modelos sociais de família mudaram e que, portanto, é preciso que a justiça se apoie em decisões menos ultrapassadas e retrógradas. Onde uma mãe nunca pode ser punia por buscar meios através do trabalho de dar melhores condições aos seus filhos. Ação que se tomada por um homem seria tido como função “natural” prover pela subsistência dos seus.

O embate entre as duas mães ainda permitiu caracterizar a realidade de inúmeras famílias que possuem como núcleo a figura da mulher. Demonstrando a importância da representatividade em uma sociedade construída por sobre moldes do paternalismo. E se muitos passos já foram dados até aqui, ainda é preciso muitos outros até que haja de fato uma sociedade mais igualitária. E mesmo que Caille possuísse um maior número de fortes testemunhas, o episódio funciona como uma ode ao comprometimento de Arizona – como o retorno da paciente Jenny – traçando ao longo do episódio meios e situações que deixariam clara qual seria a decisão final a respeito da guarda.

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Como foi dito antes, não existem lados quando na realidade todo mundo perde. Porém, o discurso de Robbins sobre a decisão de escolher ser mãe de Sofia deixa claro o quanto ainda é preciso fazer para que a sociedade desconstrua o preconceito velado existente sobre a relação entre maternidade (neste caso) e adoção. A realidade enfrentada por inúmeras pessoas que buscam pelo processo de adoção para poder realizar o sonho de construir uma família. Pontuando a polêmica existente de que toda mulher nasceu para ser mãe ou de que o laço biológico é superior ao construído no processo adotivo. E foi através deste discurso emocionado e emocionante que Arizona – após a difícil tarefa de ter que “escolher” entre salvar a vida do bebê de Jenny e o fim da disputa por Sofia – ganha não só o coração dos expectadores como a decisão da juíza.

Mamma Tried falou sobre difíceis decisões, perdas irreparáveis, capazes de afetar para sempre a vida e a relação de Torres e Arizona. Situações que, como dito no primeiro contato com a advogada de Robbins, no fim das contas só deixariam mágoa e sofrimento. Tanto que, por maior que seja o desejo de culpar Caille por tudo o que está acontecendo, é preciso entender que assim como Robbins ela é vítima. E que neste caso parece só não ter sido mais prejudicada que Sofia, que inocentemente viu sua vida ser decidida por uma disputa entre aquelas que sempre tiveram uma coisa em comum, o amor pela filha. E, mesmo sem que houvesse a morte de nenhum personagem, o sentimento que fica é de luto. Seja pela perda de Caille, pela desconstrução do amor e carinho entre ela e Arizona, e principalmente, pela perda emocional de Sofia. Deixando ainda mais certa a despedida de Torres da história de Grey’s Anatomy.


E você o que achou deste episódio? Achou justa a forma como Caille parece que de fato deixará a série? Não deixa de dizer aqui pra gente.


Marcel Sampar

Paulista que puxa o erre pra falar, PHD em Análise do Drama pelas novelas mexicanas reprisadas no SBT e designer de homens palito. Com sérios problemas em se definir por aqui - sim, esta já é minha terceira tentativa em menos de um mês - mas que um dia chega lá!

Rio Preto/SP

Série Favorita: Sex and the City

Não assiste de jeito nenhum: Teen Wolf

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