Alívio. Foi esse o meu sentimento ao terminar de assistir It Only Gets Much Worse. Pois depois de tantos episódios focados em um único assunto, Grey’s Anatomy parece de fato ter começado sua temporada. Tardio? Provavelmente. Mas também um sinal de que, assim como a referência por trás da lei de Murphy, as mudanças devem partir de nós e no caso de uma série, dos seus roteiristas e criadores.
A decisão de colocar April no lugar de Meredith pode não ter sido bem aceita pelo corpo clínico, mas com certeza foi outro grande momento do episódio da semana. Tão surpreendente quanto a revelação da identificação entre Catherine e Kepner. It Only Gets Much Worse simboliza mudança. Mudança no rumo de algumas histórias, na forma como as coisas deverão ser conduzidas daqui pra frente, e principalmente, na resistência que muitos de nós temos às tão temidas mudanças. Colocar Kepner como contraponto do que muitos vinham considerando um cruzada pró-Richard, ajuda a compreender que na maior parte das vezes julgamos as coisas sem muita imparcialidade, quase sempre inflamados por um senso de justiça um tanto duvidoso. Afinal, as coisas não são tão simples quanto parecem. Tanto, que a ação quase infantil de Pierce e parte dos médicos, se contrapõem às mudanças e oportunidades geradas com o afastamento de Grey.
It Only Gets Much Worse propõe uma revisão dos atos e decisões tomadas até aqui. Reforçando que parte dos erros esteve na forma como foi conduzida a imersão de Minnick no Sloan Grey Memorial Hospital. E ainda que Eliza represente uma nova visão da administração, Webber sempre foi o coração do hospital, motivo pelo qual tem sido tão difícil pra ele descobrir que as decisões vinham de Catherine e não de Bailey. Mais que isso, proporciona novos olhares ao que vem acontecendo nos corredores do hospital.
O caso vivido por Edwards reposiciona Richard como o grande professor que sempre foi, demonstrando que o mais correto aqui seria usar um misto da técnica aplicada pela sistemática de ensino de Eliza, e que já se provou ser eficaz com o corpo de residentes, com o conhecimento e experiência de Webber na humanização dos procedimentos e da capacitação além da técnica.
Nessa briga de egos uma coisa é certa: todo mundo perde. Os pacientes, por não terem a atenção devida; os médicos, por deixarem de fazer o papel como mentores; e os residentes, por se encontrarem mais uma vez aquém do que o programa de formação se propõe a fazer.
De maneira um pouco caricata, Grey’s Anatomy trouxe uma questão que muitas vezes passa despercebida, a reação do homem quando é obrigado a lidar com a perda do poder. Mesmo que este poder seja simbólico e não se justifique monetariamente, a simples sensação de estar no controle das coisas garante reações muito diferentes daquela em que um dia se teria caso não houvesse diferenciação entre os pares.
Richard buscou se defender daquilo que sempre achou ser o mais justo, o problema é que dificilmente as mudanças têm início com o intuito de que tudo volte a ser como antes. Por isso, mais uma vez acredito que o episódio da semana fez bem em se manter dentro da questão da disputa interna entre o novo e o antigo método de ensino dos residentes. Um característica que na mesma proporção trouxe um lado mais humano de Minnick ao apresentar parte das suas falhas, ou o que existe por trás da imagem segura da jovem médica.
Mudanças, ainda que muito temidas, são essenciais para que as coisas possam evoluir. O que no caso de Grey’s Anatomy tende a ser muito importante considerando que passamos longos meses construindo algo que se mostrou uma grande decepção. Quem sabe assim, sob a ótica de outros personagens não conseguimos ver aos poucos o brilho de uma série que mesmo ao longo de todos estes anos apresentou mais momentos bons que ruins.
E você, o que achou do episódio? Não deixa de contar suas impressões aqui embaixo, nem do que achou da postura de April ao assumir o cargo de Meredith. Nos vemos na próxima review!