Há pouco mais de onze anos no ar e em sua décima terceira temporada, Grey’s Anatomy vem tanto a cada ano se reinventar, recriando momentos, recontando histórias, e principalmente, procurando renovar a cada ano a forma como a história será contada. A renovação garantida para mais um ano da série de Shonda Rihmes deixa claro que mesmo diante de temporadas cheias de erros e acertos, ainda estamos longe de ver os últimos capítulos da história de Meredith Grey e de todos que a cercam. E enquanto na temporada passada muito se viu sob a ótica de Grey, a atual propõe expandir o olhar para outros personagens e, consequentemente, outros dramas.
Com mais da metade dos episódios da temporada exibidos, o novo ano de Grey’s Anatomy só deixou de ser tão indigesto após o retorno do hiato – bom, pelo menos é esta a opinião deste humilde autor que vos fala. Já que em meio a tantas coisas interessantes que a série poderia discutir, optou por seguir rumos ruins, ou apoiar suas histórias sem situações forçadas ou quase sem nenhum apelo junto aos fãs que acompanham a saga do hospital mais famoso de Seattle.
Back Where You Belong bem que valeria como um recado à própria série, que no episódio demonstra o quanto eles teriam sido capazes de trazer muito mais verdade e força para a história e o passado de Jo Wilson. Se opondo a todo o erro que foi feito na maneira como decidiram conduzir as coisas, tornando Alex o ponto de convergência de Grey’s Anatomy. E mesmo que ainda seja possível contornar essa história e retomar os rumos em busca de se contar uma boa história, não se pode fingir que o erro existiu e que, mais que isso, insistiram, e muito, pra que as nós espectadores comprássemos situações bem aquém do que uma série que está a tanto tempo no ar, deveria ser capaz de entregar.
O episódio de número catorze se afasta da maioria dos frágeis dramas em que a temporada vem se sustentando, e decide mais uma vez apostar na mudança. E que em Back Where You Belong vem representada como a chegada da “fase 2” do programa instituído por Eliza Minnick, ou na consolidação da relação dela com Arizona; e até mesmo o reconhecimento de que as melhorias impostas pelo novo programa, tem resultado em um melhor aproveitamento na formação dos internos. Além disso, a retomada do trauma de Wilson pela primeira vez não soa tão teatral, ou faz com que a gente se questione o porquê de tudo o que se viu até aqui. Claro, ainda estamos longe de algo capaz de sustentar um episódio inteiro, mas ainda assim, é importante compreender a importância que se tem quando é preciso falar sobre relacionamentos abusivos e as vítimas deste tipo de relação.
A reflexão por trás da história da garota esquizofrênica, e dada como morta pelos pais, retoma o trauma de Nathan que há muito tem servido apenas como figurante na história de Grey’s Anatomy. Ajudando no processo de humanização do personagem e principalmente, um movimento estratégico e que se mostrou necessário no episódio seguinte: Civil War. Que ao optar por demonstrar os conflitos pessoais que transitam o tempo todo pelos corredores do hospital, retoma o que pra mim começou bem, mas depois se perdeu: a construção da futura relação entre Riggs e Meredith Grey.
A ausência de Grey em Back Where You Belong permite que a gente se conecte mais com outras histórias, dando um fôlego a mais pra história. Reforçando a permanência de Minnick na trama e a formação de dois grupos: os que apoiam Webber e os que apoiam Eliza. A questão, no entanto, vai além. Demonstrando, através do diálogo entre Bailey e Meredith que as mudanças sempre irão existir não se tratando, pois, de uma questão de se tomar partidos e sim, de saber qual o melhor para o desenvolvimento do hospital escola.
Tudo, na verdade, se convergia para o que veríamos ter em Civil War. Que como o próprio nome sugere, propõe demonstrar o estado frágil das relações entre os médicos e residentes. Servindo principalmente para trazer para o primeiro plano Jackson Avery, outro que há tempos vem exercendo o papel de figurante de luxo.
Diferente do episódio passado, Civil War decide tirar um pouco o foco dos pacientes e demonstrar as disputas existentes entre o próprio corpo clínico e como funciona a complexa relação envolvendo mais que apenas o ambiente profissional. Afinal, o Grey Sloan Memorial Hospital está longe de ser um exemplo se considerarmos o eterno conflito de interesse que rege a administração do lugar. Mas o que esperar do drama que é Grey’s Anatomy?
Talvez, meu problema foi crer que o roteiro nos daria um pouco mais de tempo para digerir a questão Meredith e Riggs. Juro que há duas semanas, quando comecei a escrever a review de Back Where You Belong, comemorei o fato de não termos visto mais a insistente mania de transformar a décima terceira temporada no ano em que vimos infantilização de Meredith Grey. Bom, parece que comemorei cedo demais! Restando porém, a tentativa de desenvolver melhor a relação entre Eliza e Robbins, o conflito entre os Averys e até mesmo que o foco em April Kepner, sejam bons o suficiente para continuar o martírio que tem sido acompanhar o atual ano de Grey’s Anatomy. Não preciso dizer que ainda carrego comigo certa preguiça de Alex Karev em cena, ou o que dizer sobre uma das minhas maiores decepções – Amelia Sheperd.
Mas pra quem, aos trancos e barrancos, tenta se salvar nos poucos diálogos, na insistência de encontrar a luz no fim do túnel ou algo de realmente bom pra se fazer uma review. O exercício maior para este ano talvez seja a paciência. E aos que me acompanham semanalmente por aqui, gostaria de me desculpar pessoalmente pela demora em subir o texto, mas alguns problemas pessoais apareceram e então acabei não conseguindo cumprir o prazo. Espero poder contar com vocês, e até a próxima semana!
