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Grey’s Anatomy – Sobre a reta final da 10ª temporada e o futuro

Por: em 19 de maio de 2014

Grey’s Anatomy – Sobre a reta final da 10ª temporada e o futuro

Por: em

Greys Anatomy

Conheci Grey’s Anatomy há 6 anos. A série estava ao final de sua 4ª temporada, por todo lugar na internet só se falava dela e uma rápida maratona logo me colocou em dias. Àquela época, Izzie ajudava Alex a superar os problemas causados pela chegada e saída de Ava, George lutava para passar nos testes e se tornar residente e Meredith tentava colar os pedaços do seu recém terminado relacionamento com Derek (Quem lembra da casa de velas?). De lá pra cá, muita – muita – coisa mudou.

Izzie foi embora. Callie e Arizona se casaram. George, Lexie e Mark morreram. Jackson e April se juntaram ao elenco. Bailey se tornou alívio cômico para depois voltar a ter arcos dramáticos. Richard deixou de ser Chief. E por aí vai. E entre temporadas boas e ruins, a série foi se mantendo. Uma fase ótima aqui, uma ruim ali e assim ela foi levando. Até agora, ao menos. Chegando ao fim do que provavelmente é sua temporada mais controversa, Grey’s volta a dividir opiniões.

De um lado do muro, há os que bradam que a série ainda se sustenta e tem fôlego. Que a saída de mais um membro do elenco original não afetará em nada e que os roteiros continuam com qualidade e empolgando como antes. Do outro, vem o coro dos insatisfeitos, aqueles que acreditam que a série já deveria ter sido encerrada, que as histórias estão em um looping de repetição, que a maioria dos arcos e episódios são inúteis e que os personagens estão estagnados. Não é a primeira vez que isso acontece. E, em todas as outras ocasiões, eu sempre estive do lado defensor. Até agora. Até essa – enfim finalizada – 10ª temporada.

Foi o pior ano da série? Não foi. Nem de longe, ouso dizer. Porém, foi o ano em que o desgaste ficou mais claro do que nunca. Durante a 9ª temporada, os roteiros já começaram a capengar durante os primeiros episódios, mas conseguiram se reerguer na segunda metade com a história da dívida do hospital e do novo conselho – coisa que não aconteceu aqui. Mesmo com a saída anunciada de Cristina, o casamento de Jackson e April, novos arcos para Bailey e até mesmo pacientes que ficaram por mais de 1 episódio, a sensação que fica forte em mim após esses 24 episódios é que quase nada de relevante aconteceu e os personagens ou andaram em círculos ou sequer andaram – isso pra não falar na repetição de tramas.

Quem vinham acompanhando meus reviews durante a temporada, já sabia da minha insatisfação – que só foi se tornando maior a medida em que a reta final ia chegando e nada mais conseguia me animar com a série como antes. Não sei se o problema é comigo ou com a série, mas a grande maioria dos plots apresentados nesta segunda metade me soaram ou completamente sem noção ou repetecos de histórias anteriormente já apresentados. Independente de qual for o caso, o que fica perceptível é que existe um sério problema na equipe de roteiristas e que precisa ser resolvido o quanto antes, já que a série não aparenta um fim próximo.

Bailey

Bailey, por exemplo. Não consigo aceitar que justamente ela, a médica que sempre tentou colocar todos os seus internos na linha, que sempre prezou pelo coerente e pela medicina, coloque em risco sua licença de médica e desrespeite a vontade dos pais do garoto injetado com HIV desativado. Sim, o procedimento funcionou, mas os riscos eram enormes e Bailey ter seguido em frente é absurdo. Não apenas pela falta de verossimilhança que é todo o plot da pesquisa se desenvolver e ser aplicada assim, sem anos de estudo, mas especialmente pelo ato impulsivo da personagem, que só não levou um processo nas costas graças a Stephanie e outro gesto impulsivo.

E o pior é, depois de tudo isso, ela ainda ser cogitada para assumir o lugar no conselho que pertencia a Cristina. Como disse o Owen, ela age como se merecesse parabéns pelo que fez, quando, na verdade, grande parte da situação não terminou em uma tragédia como a morte do garoto ou a perda da licença da personagem graças a um golpe de sorte. Apenas isso. Sorte. Espero que, na próxima temporada, os roteiristas estejam mais inspirados – e coerentes – na hora de desenhar as tramas para a ‘nazi’.

Outra história que quase não andou ou andou muito pouco nessa reta final foi a de Callie e Arizona. Com o casamento finalmente reconstruído – ainda que frágil, como lembrado pela própria Callie -, as duas decidiram ter um novo filho. Por um lado, fico feliz pelas eternas DR’s terem acabado e pela relação ter conseguido sobreviver a todos os abalos (coisa que eu achei que não aconteceria). Por outro, não parece nenhum pouco empolgante a ideia de uma barriga de aluguel, pelo fato de que basicamente todas as séries que usam esse plot terminam do mesmo jeito: Com a contratada desistindo de entregar o filho após o nascimento.

Jackson e April

Ainda no tópico “casamento”, Jackson e April têm que lidar com as consequências do atropelamento de etapas – a mesmíssima coisa que aconteceu com Cristina e Owen temporadas atrás, vale ressaltar. Casando-se às pressas, eles não tiveram chance de conversar sobre o futuro, os planos, os sonhos e a vida que cada um sonhava. E era óbvio que, cedo ou tarde, as divergências iriam aparecer. Pelo menos, a April entendeu que não era saindo de casa na primeira briga que eles conseguiram resolver tudo. Com um bebê a caminho e os dois quase na mesma sintonia novamente, talvez as coisas melhorem – ou piorem de vez. Torço muito pela primeira opção, porque em termos de romance, o casal é o que há de melhor no seriado hoje em dia.

No lado das coisas empolgantes para o próximo ano, está a história de Karev, o que acaba por compensar o modo como o personagem se estagnou por semanas a fio nessa reta final decidindo se deixava ou não o Sloan Grey para aceitar uma oportunidade em outro hospital. Nessa historia todo, o mais irritante nem foi a prolongação, mas a quase-regressão que colocaram ao personagem no momento em que ele rouba pacientes de Arizona, coisa que o Alex de 3/4 temporadas atrás faria, não esse. Agora que Cristina deixou para ele sua parte no hospital, fica a curiosidade de como sua trajetória vai se desenrolar.

Meredith e Derek também saíram do ramo das histórias entediantes para conflitos interessantes. Sempre questionei o fato do casamento dos dois não sofrer nenhum grande abalo e me perguntava qual seria a razão para isso quando acontecesse. Faz todo sentido que seja o desejo de ser grande de Derek. Desejo que quase estragou sua relação com Callie e que, agora, coloca seu casamento em cheque. Claro que ele tem em mãos uma oportunidade única, é inegável. Contudo, tomar uma decisão tão grande como a de mudar cidade sem ao menos consultar sua esposa antes é algo inadmissível em um casamento. É uma relação de duas partes e Mer está mais certa do que certa em querer ser ouvida e querer que seus sonhos e desejos também contem. Como eles vão resolver esse impasse, eu não faço ideia. Mas é a primeira vez, em 10 anos, que uma história dos dois me interessa genuinamente.

Yang

Contudo,  quando, no futuro, falarmos da 10ª temporada de Grey’s Anatomy, ela será lembrada como a temporada de despedida de Cristina Yang. E nesse quesito, a reta final da temporada foi exemplar. Tirando o absurdo que é Burke dar um hospital a ex-noiva (NINGUÉM dá um hospital para uma pessoa da noite pro dia, ainda mais alguém que você não vê há mais de 5 anos), todo o restante da história foi coerente com tudo que Cristina sempre foi. Seu acerto de contas com Burke foi necessário – aquelas palavras estavam entaladas há anos -, a “perda” do Harper Avery foi essencial para seu crescimento  (e seu modo de lidar com a situação foi o mais Yang possível) e seu relacionamento com Meredith e Owen nunca esteve tão sincero como nestes últimos episódios.

É difícil eleger a melhor cena destes episódios de despedida. Minhas duas preferidas talvez sejam a conversa que ela e Owen tem no episódio 23, quando ele confessa que sabe que ela precisa ir, mas pede pra que eles fiquem juntos até que chegue o momento e a dança com Meredith. A primeira por fechar com perfeição o ciclo de um dos casais mais complicados que a série já viu. Ali ficou claro que, depois de tantos altos e baixos, Owen finalmente entendeu que por mais amor que exista ali, seria sempre uma relação fadada ao fracasso, graças as divergências de planos e sonhos. E a segunda, por resumir a melhor relação da série apenas com uma dúzia de palavras, olhares e gestos. É impossível qualquer fã da série (e da personagem) não ter se emocionado ali, com Yang pedindo para que Mer cuidasse de Alex, deixando claro que ela não pode deixar Derek eclipsar seus sonhos e simplesmente… dançando. E celebrando, uma amizade que vai deixar muitas, muitas saudades.

Existe Grey’s Anatomy sem Cristina Yang? Talvez sim, talvez não. A bem da verdade, será preciso esperar a 11ª temporada para saber como o roteiro vai lidar com a ausência da personagem. Mas esse não é, nem de longe, o único problema com a qual a série vai ter que lutar. Existe uma série de coisas que precisam ser reestruturadas para que o programa volte a ter, mesmo que parcialmente, o brilho de outrora. É possível? Sem dúvida. Shonda Rhimes sabe ser maravilhosa quando quer. Só resta, agora, torcer para que ela queira e Grey’s volte aos seus dias de glória.

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PS.1 Nos livramos de Murphy e Ross e isso é algo a se comemorar! Mesmo as soluções também sendo pouco convincentes, isso é detalhe. Espero que trabalhem melhor a Jo e a Stephanie agora.

PS. 2. Ainda não está oficializado, mas parece óbvio que teremos Amelia como personagem fixa na próxima temporada. Só espero que arrumem uma trama legal para a personagem.

PS. 3. A nova chefe de cardio ser uma filha perdida de Ellis e Richard não foi exatamente o mais legal ou o mais original dos twists. E já começa a 11ª temporada com o pé esquerdo, por trazer novamente o drama da Meredith ter que lidar com uma nova irmã no hospital, assim como foi com Lexie na season 4.

PS. 4. A ausência de reviews durante os últimos episódios se deu exatamente ao meu desânimo que bem expus acima, combinado a outros fatores. Como já ficou claro, meu ânimo com a série não é nem de longe o mesmo e é por isso que eu encerro aqui minha jornada cobrindo a série aqui no blog, que começou lá na 7ª temporada. A todos que leram, comentaram, não comentaram, enfim, a qualquer um que tirou um tempinho pra discutir as loucuras da Shonda comigo nesses, muito, muito obrigado. A gente se esbarra por aí em outras séries. 🙂


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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