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Heroes: Reborn

Por: em 27 de setembro de 2015

Heroes: Reborn

Por: em

“It doesn’t matter how ordinary you think you are. We all have the potential to be heroes.”

Este está sendo um ano muito esquisito. Se alguém ainda tinha dúvidas, creio que elas se dissiparam quando se sentou em frente à TV ou ao computador para assistir Heroes novamente.  Ou quase isso. A série original estreou em 2006 e logo se consagrou, tornando-se um sucesso entre o público e a crítica. No entanto, após uma primeira temporada impecável, a série dos heróis foi se perdendo a cada novo episódio. Tramas desconexas, personagens descaracterizadas, situações absurdas (até mesmo para uma história que envolve super poderes) e vários momentos vergonha alheia levaram ao cancelamento após a quarta temporada. Ainda assim, apesar das inúmeras cenas risíveis, o último episódio abria caminho para algo extremamente interessante.

Devo dizer que já fui uma das mais empolgadas fãs de Heroes. Conheci a história no início da minha adolescência e essa foi a primeira série, que fugia dos dramas teen, que assisti. Foi a primeira série que me refez revirar a internet em busca de informações, ficar realmente desesperada pelo episódio seguinte e começar a criar um milhão de teorias. Perdi a conta de quantas vezes assisti à primeira temporada e obrigava amigos e familiares a seguirem meu vício. Basicamente, não seria a apaixonada por séries que sou, não fosse por Heroes. No entanto, a qualidade foi despencando e o amor se transformou em desilusão.

Sendo assim, soltei uma gargalhada cheia de sarcasmo quando descobri que planejavam “retomar” a série. Quais as chances disso dar certo? Me perguntei completamente descrente. Para mim, Heroes: Reborn já nascia fadada ao fracasso. Honestamente, alguém pode me culpar por não ter nenhuma fé no projeto? De qualquer forma, acabei me rendendo e assisti ao trailer da nova atração e confesso que fiquei empolgada. Não queria, mas foi inevitável. A versão maravilhosa de Nothing Else Matters do Scala & Kolacny Brothers amoleceu meu coração e cada vez que um antigo conhecido aparecia em tela me pegava soltando gritinhos histéricos e pulando empolgada. Não tenho orgulho disso.

A mini-série online lançada pela NBC, intitulada Heroes: Dark Matters, só fez essa empolgação crescer. Em seis episódios de menos de 10 minutos tivemos uma contextualização do que estava por vir. Toda a história da nova série surge como uma consequência dos atos de Claire. Ao revelar a todos a verdade sobre a existência de pessoas com poderes (chamadas agora de Evos), a líder de torcida criou indiretamente uma situação caótica. Se você tem qualquer familiaridade com o universo X-men, vai reconhecer o cenário. O preconceito e medo das habilidades dessas pessoas evoluídas é palpável. Há aqueles que os apoiam, que os odeiam e o governo começa uma tentativa de registrá-los. Em meio a tudo isso, conhecemos Phoebe Frady (Aislinn Paul), uma estudante universitária com capacidade de controlar luz e sombra, e seu irmão Quentin (Henry Zebrowski).

A partir desse dois e dos vídeos caseiros que produzem – trazendo uma estética interessante para a série – vamos conhecendo o preconceito que os Evos vem sofrem e o que aconteceu no fatídico 13 de junho. O dia que deveria marcar a união entre humanos e Evos, com uma conferência em Odessa (Texas),  se transformou em um suposto ataque terrorista, deixando inúmeras vítimas e definindo definitivamente  a opinião pública. Esse ataque foi assumido pelo nosso querido (só que não) Mohinder Suresh e, segundo o divulgado pela mídia, contava com a participação de outras pessoas com poderes, incluindo Phoebe. Tal fato, leva Quentin a investigar e descobrir que a Renautas (umas versão 2.0 da Primatech) está diretamente evolvida em tudo isso.

Com a trama contextualizada, a NBC mostrou que não está para brincadeira (ou que está apenas muito desesperada) e promoveu uma estreia com episódio duplo. Foram quase duas horas em que tivemos tempo para sermos reapresentados a esse universo e conhecermos seus novos componentes. O resultado está longe de ser perfeito, mas também não chega a ser um desastre completo. As tramas confusas talvez sejam o que mais incomoda. Sei que a história está apenas começando, mas alguns pontos irritam. Passar mais de uma hora se perguntando “mas isso é um poder?” ou “esse cara tem poderes?” é incômodo. Além disso, é preciso alguns minutos para entender em que linha temporal as situações estão acontecendo – e ainda nem temos viagens no tempo envolvidas – e a dificuldade de compreender o que está acontecendo em algumas tramas é grande. Sem mencionar como alguns personagens parecem rasos, sem profundida e com motivações simplórias e questionáveis.

Um dos casos mais claros está na dupla de vilões Luke (Zachary Levi, de Chuck) e Joanne Collins (Judith Shekoni). Os dois perderam um filho durante o atentando em Odesa e, após isso, resolveram exterminar todas as pessoas com poderes. Quando não estão cometendo assassinatos, ficam tendo discussões de relacionamento extremamente irritantes, que mostram que a mulher está muito mais sedenta por sangue que o marido. Agora, fica a dúvida: qual a qualificação desses dois para isso? Não sei quais eram suas profissões, mas espero que isso seja explicado, porque gente normal, com empregos normais, não costuma conseguir se tornar assassino profissional, entendendo de armas, lutas e capaz de matar pessoas infinitamente mais poderosas, em poucos meses. De qualquer forma, eles me fizeram, sentir uma imensa saudades de Sylar (o da primeira temporada, não a comédia que veio depois).

No time dos “mocinhos”, por sua vez, temos Tommy Clarke (Robbie Kay, de Once Upon a Time), um adolescente capaz de fazer pessoas e objetos que toca serem transportados para outros lugares, mas que vive se mudando constantemente, em função dos poderes. Carlos Gutierrez (Ryan Guzman), um soldado considerado herói de guerra, cheio de problemas familiares e que parece esconder algum segredo. E Miko Otomo (Kiki Sukezanewas), uma jovem japonesa em busca do pai, que é transportada para um jogo de RPG sempre que desembainha uma Katana (?). Essa é de longe a trama mais confusa.

Lembrando-nos dos tempos antigos, temos Noah Bennet (Jack Coleman). O homem que sempre tem um plano, arquitetou um esquema perfeito, pelo menos segundo nosso adorado Haitiano, mas é incapaz de se lembrar dele. Se junta, então, com Quentin para investigar a Renautas,  tentar entender os acontecimentos de 13 de junho e o que realmente aconteceu com Claire, dada como morta no atentado.

No meio de tudo isso, temos o retorno de Molly Walker (Francesca Eastwood). Aquela garotinha fofa adotada por Matt e Mohinder , que tinha o poder de localizar outras pessoas com poderes, cresceu e aparentemente é a chave da Renautas para a realização de um de seus planos mais ambiciosos.

Os episódios trazem ainda inúmeras referências à série original capazes de aquecer até mesmo os mais duros corações. Estão ali os famosos óculos do Noah, o colar com o símbolo da dupla hélice, um milhão de líderes de torcida – uma delas com o uniforme idêntico ao da Claire – e até mesmo exemplares da 9th Wonders (#SaudadesIsaac). O sentimentos de nostalgia é inevitável.

Ainda assim, esses dois episódios apresentam muitos problemas. O elenco e personagens nem de longe possuem o mesmo carisma do grupo original, as personalidades são mal moldadas e as storylines individuais pouco interessantes. Enquanto a primeira temporada de Heroes trazia personagens humanos, complexos, com um milhão de problemas e questões pessoais, Heroes Reborn traz apenas esboços disso.  Quando se trata do elenco de apoio, então, temos menos que rascunhos. O ritmo também é lento, principalmente quando se considera que são quase duas horas seguidas, e a tentativa de recriar elementos que outrora fizeram sucesso é falha e mal sucedida. É o caso de Miko e o RPG, nos primeiros momentos você relaciona instintivamente a história ao que acontecia com Hiro e as HQs, no entanto, tive que segurar a risada no momento em que a garota entra no jogo pela primeira vez e só consegui achar isso mal feito e confuso. Isso, sem mencionar, a sensação de vergonha alheia. Talvez, esse fosse um elemento que funcionasse isoladamente, mas soa incrivelmente discrepante dentro desse contexto maior.

No entanto, apesar de tudo mencionado, o episódio consegue despertar alguma curiosidade e te leva a desejar ver o que está por vir. Ainda temos 11 episódios pela frente e alguns problemas podem ser solucionados. Heroes: Reborn definitivamente não teve a melhor das estreias, mas também não foi a pior. Para os amantes da série antiga, talvez valha a pena dar uma nova chance, ainda que apenas pela nostalgia e oportunidade de ver personagens amados novamente. Quatro temporadas me ensinaram a não ter grandes expectativas quando o assunto é Heroes, então, já me jogo nessa nova série sem esperar nada. Talvez me surpreenda, se não acontecer, tudo bem, afinal  foi justamente Heroes que me ensinou a dar risadas quando uma série começa a apresentar uma coleção de situações esdruxulas.

E vocês? O que acharam?


Thais Medeiros

Uma fangirl desastrada, melodramática e indecisa, tentando (sem muito sucesso) sobreviver ao mundo dos adultos. Louca dos signos e das fanfics e convicta de que a Lufa-Lufa é a melhor casa de Hogwarts. Se pudesse viveria de açaí e pão de queijo.

Paracatu/ MG

Série Favorita: My Mad Fat Diary

Não assiste de jeito nenhum: Revenge

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