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Homeland – 5×02 The Tradition of Hospitality

Por: em 13 de outubro de 2015

Homeland – 5×02 The Tradition of Hospitality

Por: em

Durante o ano eu vi muitas séries boas. Series antigas que eu ainda não acompanhava, grandes temporadas de séries que já estavam na minha grade e estreias que foram gratas surpresas. Em algum momento eu me perguntei “Será que Homeland ainda é a minha série preferida?”, e parece que The Tradition of Hospitality foi escrito especialmente pra me lembrar que sim, Homeland continua sendo a melhor série que eu já vi. Foi um episódio tenso no início, denso no desenvolvimento, eletrizante na segunda metade e com um final que pode ser definido em uma frase: o que tá com teseno?

laura 5x02

Vamos começar pelo mais leve. E quando o mais leve é o debate sobre a liberdade de imprensa e o direito à privacidade, vocês podem imaginar o quão pesado foi esse episódio.  Laura de fato vazou as informações da CIA como havia prometido, o que deixou muita gente em uma situação delicada, inclusive ela mesma. O governo justificou a espionagem como uma ferramenta de monitorar cidadãos alemães que teriam sido recrutados pelo Estado Islâmico, mas nós já vimos essa história antes! Guantánamo e a Guerra do Iraque são exemplos muito vivos na nossa memória de como é possível manipular o medo de uma ameaça terrorista para conseguir riqueza e violar os direitos dos cidadãos.

Mas não se pode negar que Laura tem coragem. Ela é quase uma versão jornalista da própria Carrie e foi adiante com o que planejava mesmo sabendo que seu apartamento e sua vida seriam revirados. Nem a prisão, as ameaças e o interrogatório não oficial a fizeram voltar atrás. O problema é que o vazamento das informações forçou a queda de algum nome do alto escalão da CIA. Saul, apesar de jurar ter se esforçado muito par o contrário, obviamente indicou Alisson – e ela retribuiu o favor pedindo para Adal entregar a cabeça de Saul. Além deles dois, Carrie também acabou comprometida por causa das fotos em que ela aparece conversando com a jornalista.

Quinn sempre foi o assassino favorito da CIA (não vamos esquecer que ele entrou na série com a missão de apagar o Brody), mas este ano ele parece completamente desprovido de sentimentos e extremamente focado no seu trabalho – que por acaso é matar pessoas. Não se pode dizer que ele não tentou, afinal! Mas todo o sistema é falho, as pessoas não querem mudar o quadro geral, a elas só interessa eliminar alvos específicos, mesmo que para cada morto, cinco novos inimigos assumam o seu lugar. O que eu vejo em Quinn este ano é alguém que desistiu de gastar suas energias lutando contra o inevitável e que tenta acreditar que o que ele faz, apesar de tudo, é para o bem.

fatima

E quem poderia dizer que atrás de um semblante tão amigável e de palavras tão doces estava uma mulher que recrutava meninas para um destino tão cruel. A gente vê notícias sobre o crescimento do EI ao redor do mundo, mas o que chega até aqui são apenas os vídeos de execuções cruéis, destruição de patrimônio histórico e os poucos relatos daqueles que saíram, sobreviveram e contaram suas histórias. Mas o que leva aquelas jovens, pouco mais velhas que crianças, a se alistarem para servir homens que vão estupra-las, agredi-las e matá-las? Homeland tocou em um ponto delicado mostrando esse aliciamento, e a forma como eles procuram alvos vulneráveis, os conquistam pela fé e depois os entregam a quem orquestra tudo aquilo.

A visita ao campo de refugiados deu tão errado quanto parecia que daria, mas o que ninguém esperava era que o alvo seria a própria Carrie. Poucas séries conseguem fazer cenas tão tensas quanto aquelas (e isso assumindo que existam outras séries capazes de fazer isso, porque eu não conheço nenhuma). Racionalmente a gente sabe que tem uma temporada inteira pela frente e que Carrie não morreria ali, e ainda assim todas aquelas bombas e toda aquela movimentação pareceu um perigo real.

E então nós pudemos ver o quanto a protagonista mudou depois de tudo. Ela ainda é a Carrie super competente que sabe sair como ninguém de situações extremas e tem coragem para ficar no olho do furacão e descobrir o que aconteceu, mas agora ela tem uma filha esperando por ela e é impossível imagina-la nesse momento tentando se matar com calmantes e vinho como já vimos antes. O desespero dela pedindo ajuda a deus no banheiro foi o desespero de uma mãe que precisa voltar pra casa. Muito se especulou sobre como seria Homeland depois de Carrie ter uma filha, e é fascinante que eles consigam mostra-la como mãe sem sacrificar a grande espiã que ela é – pelo contrário, parece que isso a tornou ainda melhor no que faz.

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Não sabemos o que aconteceu entre Carrie e Quinn nos últimos anos, por isso é tão difícil prever o que ele vai fazer com aquela ordem para executa-la. Obviamente o nome dela no envelope não foi algo que Peter gostou de ler, mas será que isso faz alguma diferença pra ele? E principalmente: Será possível que Saul esteja mesmo por trás desses ataques a Carrie? Um acordo com o Hezbollah e a possível ligação com o vazamento de informações não a deixa em uma posição confortável com a CIA, mas ainda é difícil imaginar o seu mentor ordenando aquela execução, ainda mais sabendo o quanto ela e Quinn foram ligados. Aí tem coisa.

Algumas observações:

– Carrie não tem química nenhuma com aquele namorado.

– Quinn não é NEM UM POUCO discreto seguindo pessoas.

– Düring deixou claro que vai proteger Carrie por ela ter salvado a sua vida, mas será que esse posicionamento vai continuar quando ele descobrir que ela era o alvo?

– A nova abertura me chamou muito a atenção. Me parece bem menos focada em estratégias políticas de espionagem e mais na relação das pessoas com a política, nas consequências na vida de quem escolhe aquele caminho. Normalmente isso é um sinal de que a série está se encaminhando para um desfecho.

– Só eu acho muito bacana que eles consigam praticamente dar um reboot de tempos em tempos e mesmo assim manterem uma série tão coesa?

Normalmente Homeland demora um pouco para esquentar a trama até esse ponto, mas depois de ser tão criticada por construir demais antes de explodir, eles resolveram entregar a ação logo no segundo episódio. Será que vão conseguir manter o restante da temporada no mesmo nível de The Tradition of Hospitality? O que você achou, e quais são suas teorias depois daquele final destruidor? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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