Parece que não, mas Super Powers foi um episódio cheio de reviravoltas. Infelizmente, justamente o fato de parecer que não acabou o tornando o mais fraco da temporada até agora, afinal, a gente espera que a tensão cresça, e não que diminua. Depois de nos fazer roer as unhas em The Tradition of Hospitality, Homeland apresentou essa semana algo bem mais introspectivo, mostrando que o pior que existe em Carrie e Saul é justamente o melhor deles.
Se o concurso para Globeleza admitisse homens, Mr. Düring ganharia de lavada, pois ele sambou mais na cara do Saul em uma cena que a Valeria Valenssa durante todo o seu reinado. Homeland recentemente sofreu uma trollagem cavalo de troia, em que artistas contratados para grafitar um cenário escreveram que a série é racista em um muro. Eles têm seus motivos e o golpe foi genial, mas não se pode negar que desde o início a Showtime bancou uma postura de não cair no nacionalismo cego, e o diálogo de Saul e o líder filantropo desse episódio foi uma prova disso. Colocar um personagem que não é um rebelde, um terrorista ou um adolescente anarquista fazendo críticas tão explícitas à política externa dos EUA em uma das séries queridinhas de Obama é um baita ato de coragem. Faz muito mais sentido acusar Madam Secretary de racismo que Homeland, na verdade.
Mas esse foi o único golpe sofrido por Saul no episódio, já que depois da cena inicial ele retomou o controle e se mostrou um articulista bem diferente do que conhecemos na primeira temporada. Saul parecia tão desesperado para falar com Carrie que isso só pode querer dizer duas coisas: que ele mandou matá-la ou que ele sabe que mandaram Quinn para matá-la. A única coisa que ainda me faz duvidar de que ele está por trás dessa perseguição é Game On. Naquele episódio, Homeland me derrubou da cadeira tão forte que acho que nuca mais vou conseguir desacreditar completamente da lealdade de Saul e Carrie, mesmo com tudo apontando para o outro lado.
É claro que Carrie não é o único problema da CIA no mundo, e enquanto não conseguem eliminar a ex-agente, eles precisam apagar o incêndio do vazamento das informações. Mas sem Virgil, Max, Carrie e Quinn, eles não conseguem nem manter uma jornalista sem treinamento sob o campo de visão, imagine terroristas! Por sorte, a fonte de Laura foi passada para trás pelo parceiro e o pen drive chegou com uma piadinha de mau gosto em vez dos dados da CIA. Mas entregar para os russos? Sério? Eu esperava mais de alguém supostamente idealista.
Mas deixemos os russos para o futuro, afinal os alemães estavam muito mais furiosos com a CIA que eles (ainda). Confesso que achei muito estranho Saul manter Allison por perto mesmo depois que ela tentou agir pelas suas costas, mas o fato de eles terem um caso explica muita coisa. A gente sabe o quanto ele é protetor com as pessoas a quem tem afeição. Sorte a dela, azar do moço que gastou uma fortuna decorando sua casinha em Berlin e agora vai voltar para os braços do Barack.
Carrie passou por muitas emoções neste episódio, e é sempre um presente ver como Claire Danes consegue flutuar entre elas sem perder o realismo jamais. Uma das cenas mais marcantes foi a sua despedida de Frannie no aeroporto. Ela carregava um peso bem maior que que o sentimento de culpa de uma mãe comum, porque ele vem com duas cargas extras: uma, que ela contou para Jonas, é o medo de não conseguir voltar para a filha, o outro, que ela omitiu (talvez até dela mesma), é o de que cada vez que ela se despede de Frannie, ela está se despedindo de Brody também. E essa é a tarefa mais difícil que ela já enfrentou.
Mas é isso. Ela teve seu momento maternal e soube voltar a focar no trabalho porque sabia que não tinha tempo a perder. Mais uma vez ela se cercou de fotos, documentos, de ligações e de datas em um mural de linha de tempo que já é seu modus operandi, sua marca registrada. Depois da morte de Brody a série parece dar reboots a cada temporada, e recuperar esses elementos, o jeito que ela trabalha, as histórias que ela contou no passado, as pessoas que cruzaram seu caminho, tudo é importante para mostrar que o DNA de Homeland ainda está ali, que a morte é uma coisa que faz parte da narrativa, mas que não apaga o que já aconteceu.
Que deus me perdoe pela comparação, mas parar com a medicação, cheirar cafeína em pó e misturar com vodca para resolver o caso foi uma estratégia que me lembrou a Bella Swan se jogando do penhasco para ver o namorado vampiro. Referências da cultura teen à parte, o que importa é que funcionou, e apesar de ela ter ficado fora de si, elaborado teorias sobre anjos e tido uma visão com o Aventuras de Pi, conseguiu sacar em poucos segundos o plano de Quinn sequestrando o filho de Jonas para chegar até ela. Talvez com lítio nas ideias ela não visse isso chegando a tempo.
E pode ser cisma de shipper, mas além da falta de química, Jonas e Carrie não funcionam como um casal. Jonas não pertence ao mundo da loira e por mais que goste da pessoa que ela é, não consegue lidar com a pessoa que ela foi, com o que ela fez no passado e muito menos com as consequências disso no presente. Dificilmente ele vai superar o fato de que estar com ela é colocar seu filho na mira dos inimigos. Quinn, por outro lado, consegue ter química até dando um mata-leão na Carrie. Sorry.
Algumas observações:
– Aquelas tomadas abertas no aeroporto gelaram meu sangue. Só não fiquei com mais medo pela Frannie porque o Quinn não atiraria nela. Tipo, nunca.
– Falando nisso, o tempo inteiro as câmeras pareciam estar espiando Carrie. Sempre de longe, sempre atrás de alguma coisa.
– Se Quinn quisesse de fato mata-la, teria dado um tiro na testa como fez com seu último alvo. Desmaiar a Carrie e aplicar um tranquilizante é, obviamente, uma maneira de ganhar tempo.
– Na abertura tem um frame em que ela aparece desacordada sendo fotografada por um celular. Minha aposta? Ele vai forjar a morte dela e eles vão juntos atrás de quem ordenou essa safadeza oculta.
Curtiram o episódio? O que acham que Quinn vai fazer com a sua ex(?) paixão? Deixe seu comentário!