Lucifer continua seguindo seu ritmo e nos apresenta mais um ótimo episódio. Aprendendo com seus erros passados, a série aprendeu a utilizar todos os personagens na medida certa. Caminhando já para a metade de sua temporada, fica a dúvida se a série conseguirá manter a qualidade tão bem elaborada nesse segundo ano.

Antes de tudo, sinto a necessidade de dizer que nunca li a história na qual a série é baseada. Na verdade, somente vi algumas partes graças a um leitor desse site. E, logo de início, já foi possível perceber que a série é somente baseada e isso dificilmente irá mudar. Isso já deve ter ficado claro para alguns, mas vez ou outra ainda aparece pessoas reclamando, mas essa é a realidade. Apesar da mitologia, a aposta maior da série ainda é no gênero policial. E, mesmo assim, é interessante ver que esse artifício é, na verdade, usado para construir cada personagem. Às vezes não percebemos, mas cada caso da semana reflete na vida dos que estão em volta. Não por ser algo sério, mas pela semelhança com a realidade. É possível ver que cada caso traz uma lição tanto para quem participa, quanto para quem assiste.

Linda, que por muitas vezes não parecia ter nada novo a apresentar, acabou nos surpreendendo com outro lado. Conhecemos a detetive, a amiga e a mãe, mas nunca havíamos conhecido a filha. Seu amor pelo pai foi o que a motivou a seguir carreira como policial e consequentemente como detetive, mas foi por sua força de vontade e amor pelo que faz que ela conseguiu se manter. Mesmo com um caso tão pessoal, é possível ver a força em seguir as regras e o comprometimento com a profissão. Ela sempre foi alguém exemplar, isso não iria mudar agora. Ela teve a chance de fazer o assassino sentir a mesma dor que ele a fez passar, mas ela conseguiu pensar além. Agora, ele terá o que merece vivendo no seu próprio inferno.

A relação dela com Lucifer, até o momento, ainda é uma das melhores coisas apresentadas. A cada episódio fica nítido o quão forte está a amizade deles. Ele não é somente um colega, ele é seu parceiro. Mesmo com seu jeito arrogante e egocêntrico, ele ainda tentou mudar sua personalidade por ela. Já a relação dela com Dan vai, provavelmente, continuar a ser trabalhada. É possível ver que ainda há um sentimento entre eles, mesmo que tentem esconder. Ele estava com ela desde o começo, por que seria diferente agora? Enquanto a relação dela com Lucifer pende para a amizade, o lado dela com Dan continua pendendo para o romance. Um perfeito equilíbrio entre os três. Ainda, é interessante ver o roteiro colocando Dan e Lucifer juntos. Se pararmos para notar, os dois acabam sendo bem parecidos. Ainda é cedo para ter certeza, mas esse poderia ser o começo de uma bela parceria.

Maze, por sua vez, acaba se mostrando cada vez mais humana. Ela sempre julgou Lucifer por isso, mas a mesma acabou criando conexões com as pessoas da terra. Chloe é sua colega, mas Linda é sua amiga. Sempre que acontece algo em nossas vidas, queremos contar para alguém especial. Para Maze, Linda é esse alguém. Mas, será que a relação delas conseguirá sobreviver a tudo que aconteceu? Pelo que vimos, parece que sim. Mesmo com sua personalidade, é bom ver outro lado da personagem. Mas, agora que Linda realmente sabe da verdade, como será tudo daqui para frente? Se ela continuar como terapeuta de Lucifer, que tipos de conselhos poderia dar? Apesar de ser uma boa jogada, a descoberta da verdade pode acabar descaracterizando a personagem.

Já a relação de Maze e Lucifer ainda precisa ser melhor trabalhada. Os dois são ótimos juntos, mas será que voltarão a ser como era antes? Amenadiel não deu as caras nesse episódio, mas já é possível sentir falta do trio formado na primeira temporada. Mesmo evitando, é nítido que a mitologia da série poderia ser mais trabalhada. Não precisaria chegar ao nível da história original, mas seria interessante ver mais coisas. Se foi decidido apresentar esses elementos ao público, acaba se tornando obrigação do roteiro evoluir a história. Afinal, não só de drama vive uma série.

Claro, os casos da semana ainda continuam interessantes. Foi ótimo ver toda a construção da história e toda a tensão aplicada em cada cena. Foi possível sentir o mesmo sentimento de Chloe. Nessa semana, conseguimos entrar na história. É bom ver que Ella também está aparecendo cada vez mais. Diferente de antes, onde os personagens secundários serviam apenas para papel de parede, agora eles realmente têm utilidade. Sem ela, talvez Chloe não tivesse conseguido resolver o caso tão rapidamente. Mesmo sendo nova, ela já faz parte da equipe. Charlotte, por sua vez, não apareceu. Na verdade, acabou sendo bom ter um descanso da personagem. Trazê-la novamente nesse momento poderia ser sem sentido, e acabaria deixando a personagem perdida na trama. Parece que o roteiro finalmente aprendeu a posicionar os personagens em cena.

No geral, Lucifer está apresentando uma excelente temporada. O fôlego inicial da série aparenta durar muito, o que já é um alívio. O que fica agora é a dúvida de como a história geral será trabalhada no resto da temporada. Lucifer contou a verdade para uma pessoa, mas e as outras? Alguns podem achar cedo, mas talvez seja hora desse plot caminhar um pouco mais rápido.

Observações:

–Lucifer e Dan formam a melhor dupla, confesso.

–Agora só falta a Trixie também ser policial. O resto do elenco já está em peso lá.

–Gostei dos flashbacks. Fizeram um bom uso deles e espero que usem novamente.

–Será que Maze vai insistir na profissão? Já rio sozinho só de imaginar.

–Produção esquece mitologia em churrasco.

–Esperando mais cenas em saunas…

–Apesar de ter sido um bom episódio, seria interessante se o assassino fugisse. Faz falta um vilão mais sério.

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