Seguindo os desdobramentos da morte de Pop, o terceiro episódio de Luke Cage continua a contar sua história de maneira firme e aproximando de vez personagens como Luke e Misty, que tem o mesmo objetivo, mas (ainda) jogam em tabuleiros diferentes.
Os dois representam a velha dicotomia entre o agir sozinho e o agir dentro da lei, mas ambos tem o mesmo objetivo: Derrubar Stokes e, de certa forma, vingar a morte de Pop e de todos os que sofreram na mão do Boca de Algodão. A diferença é que enquanto Misty tenta a velha abordagem de fazer Chico ir até a justiça e testemunhar contra o chefe do crime do bairro, Luke oferece ao garoto algo diferente: Entendimento e possibilidades de se ver, rápido e definitivamente, livres daqueles que querem matá-lo. E, venhamos e convenhamos, para alguém na situação de Chico, é muito mais convidativa a proposta de alguém que ele viu levar um tiro e sobreviver do que da chamada “justiça comum.”
Nesse ponto, Luke já percebeu que ir pelos meios comuns não vai ser o suficiente para derrubar Stokes. O fato do vilão se oferecer para pagar os custos do funeral de Pop mostraram a Cage que Cornell é muito mais debochado e perigoso do que parece e vencê-lo vai exigir um esforço que, de fato, se assemelha ao de um jogo estratégico como o xadrez, onde você primeiro abate os peões, cavalos e rainha, para enfim chegar ao rei. Partindo por essa perspectiva, Luke deve primeiro acabar com os aliados de Stokes (incluindo Mariah), para enfim chegar ao homem.
O principal problema disso é que Cornell Stokes não é burro. Ele já percebeu que estão atrás dele, já sabe que Luke não é alguém que pode deixar para lá e também já começa a se mover para salvar seu império construído em cima do crime. Além disso, ele ainda tem que lidar com as ideias discordantes de Mariah, que quer tanto quanto ele salvar sua pele, mas possui métodos e ideias bem diferentes que não devem demorar a entrar em conflito e com uma guerra contra um rival, Domingo. Não dá pra imaginar se esses conflitos terão alguma relação, mas se eu fosse dar um palpite, diria que sim e que uma coisa vai acabar influenciando diretamente na outra.
Especialmente agora, que Luke atacou com tudo. A sequência do ataque ao escritório de Mariah foi incrível (e lembrou muito a do corredor em Demolidor) e causou em Stokes um surto de raiva que já deixa claro o quão perigoso o homem é. Seus próximos passos provavelmente serão todos calculados e direcionados a derrubar Luke, antes que este o derrube e eu nem quero imaginar a sua reação quando descobrir que Cage sobreviveu a explosão da cena final, causada por ele.
O ataque também serviu para mostrar que, como em quase toda série do gênero, a polícia também é corrupta e está envolvida com os negócios criminosos. De tão envolvido que estava com o episódio, me assustei quando Scarf puxou a gravata e enforcou Chico no momento em que este, impulsionado pelo gesto de Luke, decidiu testemunhar a favor de Pop. Um fim triste para um personagem que, no final de tudo, só queria ajudar e fazer justiça àquele que lhe estendeu a mão no momento em que ninguém mais o ousou fazer.
Quem também já provou que não é nenhum pouco burra é Misty. A policial já percebeu que Luke está diretamente envolvido em tudo que está acontecendo recentemente e que existem segredos que ele não a contou. Ela tem plena convicção de que ele é o vigilante e sabe que seus métodos não são exatamente os mais legais. É, novamente, a dialética que falei no começo da resenha e que deve perdurar por um bom tempo, gerando um conflito interessante entre os dois. Do jeito que Knight é, não duvido que, no próximo episódio, ela já esteja encarando Luke e afirmando que sabe quem ele é.
Com um final literalmente explosivo, quando Stokes explode o prédio de lanchonete em que Luke estava, Luke Cage continua empolgando cada vez mais e mostrando que, mais uma vez, a Marvel e a Netflix acertaram.
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