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Luke Cage – 1×12 Soliloquy of Chaos

Por: em 2 de outubro de 2016

Luke Cage – 1×12 Soliloquy of Chaos

Por: em

Em seu penúltimo episódio, Luke Cage eleva a qualidade de sua narrativa a um nível incomparável. Tudo que tínhamos visto até aqui na parceria entre Marvel e Netflix é colocado em um patamar bem inferior quando comparamos com a profundidade destes personagens e tramas. O personagem título, que é centro de todas as ações que rondam a trama, praticamente se esgueira durante todos os 60 minutos, deixando espaço para que todos tenham a chance de aprofundar ainda mais seus personas e preparar o terreno para o derradeiro confronto final.

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Comentei na última review sobre a personalidade de Mariah e ela foi ainda mais explorada em “Soliloquy of Chaos”. A mulher é movida pelas conveniências de suas parcerias. Ora está do lado de Kid Cascavel, que é o elo mais forte nessa corrente de conspiração do Harlem, ora se aproxima de Shades, que dificilmente se preocupa com alguém além de si mesmo. O interessante é notar que, depois de 12 episódios, ela finalmente abraça os ensinamentos de Mama Mabel e joga com quase todos os personagens. Se a série fosse um tabuleiro de xadrez, ela seria a jogadora que mexe as peças com maestria.

Até mesmo seu assessor entrou nesse jogo de interesses e colocou a vida de Candance em risco – mesmo sem saber que estava fazendo isso. Só que, ao aceitar a parceria com Kid e depois traí-lo de maneira tão contundente, Mariah deve se preparar para enfrentar, finalmente, alguma consequência de seus atos – e ficamos na torcida para que Misty realmente consiga prendê-la, já que o celular que continha a gravação do depoimento de Candance parece ter sido destruído (mais uma vez) ou pego por Shades.

Shades, Shades. Se tem alguém que entende a malícia da manipulação, é esse personagem. Ele sabia que ao ter sua fiança paga, não teria um caminho fácil pela frente, ainda mais ao saber exatamente tudo que tinha se passado na noite trágica da boate. Tolo mesmo foi Zip de acreditar que seria possível passar a perna em alguém com tanta experiência no crime. Me agrada muito essa aproximação de Shades e Mariah, junto com esse destaque maior para as ações do personagem. Se a máxima “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” vale, eles vão abusar disso para conquistar Luke com uma parceria, ainda mais quando possuem os documentos que ele precisa para limpar o seu antigo nome. O que quase acontece, não fosse a interrupção de Kid e toda a sua cena de “sou o cara mais foda do mundo”.

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Pedimos por um embate e ele está prestes a acontecer. Depois de se ver traído por todos os lados, Kid Cascavel vai apelar para medidas drásticas, envolvendo todo o seu armamento de “Anjo da Morte”. Achei um pouco forçada a maneira que ele consegue fugir do ataque das outras gangues, já que ele estava completamente cercado por uns 20 caras e consegue matar a galera toda com uma pistolinha fajuta. Claro que não deixariam aquele ser o fim do personagem, mas que se criasse, ao menos, um ambiente mais crível para a fuga de Kid. De uma maneira ou de outra, adentramos ao cenário final, onde inimigos são colocados frente a frente, em solo sagrado (a barbearia de Pop) e precisarão resolver ali todas as suas pendências, já que o Harlem não consegue mais coexistir com essa briga de egos de proporções catastróficas.

O interessante desse episódio é ver como a opinião pública muda com o passar do tempo. Luke que era tido como um assassino impiedoso, passa a ser um símbolo da liberdade negra, um cara que representa toda a opressão de uma raça contra o sistema criminal americano. Esse debate que a série levanta, dentro de um gênero tão popular, é muito importante, como uma maneira de conscientizar e nos fazer refletir sobre questões que nos cercam todos os dias e não paramos para olhar com um pouco mais de cuidado. Em um dado momento da transmissão na rádio, ouvimos o cantor de rap pronunciar uma frase que é uma bela alegoria do que a série traz de melhor:

“Há algo de poderoso em ver um negro a prova de balas e sem medo de nada”

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Com todos os personagens principais em cena diante do conflito final, nos resta torcer para que o último episódio de Luke Cage seja o desfecho adequado para uma trama tão bem trabalhada e representativa como toda a série foi. Nos vemos daqui a pouco, bom final para todos nós.


Leandro Lemella

Caiçara, viciado em cultura pop e uns papo bobo. No mundo das séries, vai do fútil ao complicado, passando por comédias com risada de fundo e dramas heroicos mal compreendidos.

Santos/SP

Série Favorita: Arrow

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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